domingo, 19 de maio de 2019

CAPITULAÇÃO DA ESQUERDA BURGUESA: CRISTINA KIRCHNER ABRE MÃO DE ENCABEÇAR A DISPUTA PRESIDENCIAL DA “CASA ROSADA”, CEDENDO SUA VAGA PARA UM NEOLIBERAL ORTODOXO


Liderando as pesquisas, a ex-presidente Cristina Kirchner, franca favorita para a disputa presidencial da Casa Rosada em outubro próximo, anunciou ontem (18/05) que abriu mão de encabeçar a fórmula eleitoral de sua agremiação (FPV-Frente Para a Vitória), cedendo sua vaga para Alberto Fernández, um neoliberal ortodoxo que tinha rompido com o Kirchnerismo há cerca dez anos atrás para se agrupar com a direita Peronista. A senadora Cristina Kirchner surpreendeu sua própria base militante (que não teve o menor poder de decisão) ao indicar para chefiar a campanha eleitoral contra Macri um “traidor”, segundo suas próprias palavras há menos de um ano. A tática política adotada pelo Kirchnerismo foi obviamente copiada da Frente Popular brasileira, quando o PT governou com um enorme arco de partidos corruptos de direita por mais de dez anos, até ser golpeado pelos mesmos oligarcas burgueses que antes o apoiavam. Porém Cristina com sua “manobra” covarde, pretendeu ir mais fundo até do que Lula&Dilma, cedendo logo de cara para a direita neoliberal a cabeça de sua ampla aliança para a disputar o governo central argentino. Alberto Fernández, que comandou o gabinete da presidência de Nestor e Cristina Kirchner até 2008, quando rompendo com a esquerda burguesa acabou por chefiar a campanha eleitoral do conservador Sergio Massa, derrotado por Macri em 2015. Fernández é hoje um nome de confiança do rentismo argentino e do próprio mercado financeiro internacional, sua indicação feita pela ex-adversária Cristina, foi saudada por toda reacionária mídia corporativa, da qual Alberto foi até sócio do tradicional jornal “Clarín”. Mas não só o rentismo tradicional festejou a “tática” do Kirchnerismo, também a esquerda reformista ficou eufórica com a vergonhosa política de colaboração de classes de Cristina. No Brasil a blogosfera petista elogiou a covarde “manobra” do Kirchnerismo como um sinal de “grande inteligência política”, como por exemplo o Blog Tijolaço: “A reação ainda não está devidamente analisada, mas a ex-presidente produziu um terremoto na cena política do país. Renuncia a uma candidatura francamente favorita, mas onde seria alvejada todo o tempo e se oferece como vice de Alberto Fernández, um jurista sem acusações”. A similaridade entre as “táticas” do Kirchnerismo e do Lulismo é enorme, no Brasil o PT também articula uma “Frente Ampla” para a disputa eleitoral de 2020 e 2022, com grande parte dos mesmos partidos “traidores” que promoveram o golpe institucional de 2016. A crise econômica capitalista na Argentina é enorme, o governo ultraneoliberal de Mauricio Macri arrastou o país para uma recessão profunda e ainda se fez refém do FMI e do Banco Mundial. O Movimento de massas argentino protagoniza inúmeras mobilizações e greves, mas todavia carece de uma direção revolucionária consequente. A esquerda revisionista, que organiza a FIT, não consegue ultrapassar o horizonte das eleições burguesas, focando seus esforços militantes exclusivamente na obtenção de poucos parlamentares, que em nada altera a correlação de forças entre as classes sociais. Se com a covarde manobra eleitoral de colaboração de classes, o Kirchnerismo se coloca como a melhor opção da burguesia para a crise capitalista, com a provável vitória de Alberto Fernández em outubro, a classe operária argentina deve se preparar para romper o “pacto social” que se desenha no horizonte, construindo sua própria alternativa de poder revolucionário!