A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May anunciou
nesta sexta-feira (24) que vai renunciar ao cargo em 7 de junho após quase três
anos à frente do governo e em meio à forte pressão interna do Partido
Conservador pelo fracasso de sua gestão no processo do "Brexit":
"Está claro agora para mim que é do melhor interesse do país que um novo
primeiro-ministro lidere o esforço da saída do Reino Unido da União Europeia.
Assim, anuncio hoje que vou renunciar ao cargo de líder do Partido Conservador
na sexta-feira, 7 de junho". Em um governo incapaz de resolver o
quebra-cabeça do “Brexit”, a renúncia da premiê Theresa May era o desfecho
esperado para a novela que estende desde pelo menos janeiro, quando sua
tentativa de acordo de divórcio com a União Europeia (UE) foi rejeitada pela
primeira vez. Nesse sentido, ela declarou: “Eu sei que o Partido Conservador
pode se renovar nos próximos anos, que podemos realizar o Brexit e servir o
povo britânico com políticas inspiradas em nossos valores”. May continuará
exercendo o cargo de primeira-ministra interina até que seja escolhido um
sucessor, processo que, provavelmente, levará várias semanas. Um novo líder do
Partido Conservador pode se tonar o próximo primeiro-ministro do Reino Unido,
sem necessidade de organizar eleições gerais, o que deve aprofundar a crise.
Por essa razão, o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, pediu novas eleições no
Reino Unido nesta sexta-feira: “Ela agora aceitou o que o país sabe há meses:
ela não pode governar, assim como seu partido dividido e desintegrado também
não pode. Quem quer que se torne o novo líder conservador deve deixar as
pessoas decidirem o futuro do nosso país, por meio de eleições gerais
imediatas”. Como afirmamos anteriormente, esse desfecho terá consequências
diretas no processo de reorganização do fascismo europeu, agora impulsionado a
ingressar em uma escala estatal. É óbvio que muito além das questões
institucionais e da renúncia de May está em jogo poderosos interesses de
mercado do imperialismo ianque, que apontavam para manter a subordinação
comercial da Europa a indústria dos EUA. É neste ponto que se concentra o papel
econômico da UK, um forte entreposto comercial dos EUA no mercado comum
europeu. Os Marxistas Revolucionários não nutrem ilusão alguma na unidade do
capital financeiro europeu celebrada no Tratado de Maastricht, porém não
podemos assistir passivos a ofensiva fascista protoimperialista ganhar fôlego
com o triunfo do "BREXIT". Sabemos historicamente que o nazismo
necessita controlar um forte estado nacional para "desafiar" seus
concorrentes imperialistas "democráticos", a Inglaterra pode servir
de escada para esta escalada mundial, ao contrário da Alemanha atual que não
possui contingente militar autônomo da OTAN. Uma prova contundente que a
vitória do “Brexit” abriu a senda para reorganização do imperialismo fascista
europeu foi a reação dos partidos de extrema-direita no continente. Após o
Reino Unido decidir sair da União Europeia, líderes da extrema-direita
nacionalista de França, Holanda, Itália e outros países também afirmaram que
iriam pedir referendos para deixar o bloco. Por sua vez, o Partido Trabalhista
em 2016 envidou todos seus esforços políticos e materiais pela vitória do
"SIM", com seu "renovado" líder de "esquerda",
Jeremy Corbyn, prometendo lutar por "medidas anti-recessivas" e
" mudanças políticas" na política conservadora da cúpula estatal
europeia. Atualmente, tenta capitalizar a crise do governo May mas a
extrema-direita vem ganhando terreno. Como podemos observar, continua ascendente
a tendência política de deslocamento à direita na Europa, com o avanço do
fascismo que questiona pela direita a representatividade da democracia
burguesa. Este caminho está sendo pavimentado por um rebaixamento no nível de
consciência das massas, um giro à direita no terreno da política e um
retrocesso no campo da cultura que vem crescendo desde a queda
contrarrevolucionária do Muro de Berlim e a vitória da restauração capitalista
na URSS. Nesse sentido, é preciso alertar, preparar e organizar o proletariado
e, particularmente, sua vanguarda mais combativa para um período de
fascistização dos regimes e de mais aventuras militares neocolonialistas. Este
processo reacionário está baseado em um profundo retrocesso na consciência do
proletariado (apesar do revisionismo do trotskismo caracterizar que
“revoluções” estão pipocando em todo o planeta) e somente pode ser barrado com
a resistência operária e popular aos planos do imperialismo, apontando a
Ditadura do Proletariado como alternativa revolucionária à crise do capital e
seu regime político senil, o que para os comunistas se materializa por erguer
em alternativa ao fascismo ascendente a palavra de ordem pela "União das
Repúblicas Socialistas da Europa". A materialização deste longo e paciente
combate passa pela construção de um partido internacionalista e revolucionário
que lute por derrotar a União Europeia imperialista, sob a qual a vida das
massas converte-se em uma bárbara escravidão, para edificar em seu lugar uma
União das Repúblicas Socialistas da Europa, forjando a única saída
verdadeiramente progressista para o velho continente.