José Antonio Urrutikoetxea, mais conhecido como Josu
Ternera, foi preso nesta quinta-feira pela polícia francesa por volta das 7h
(horário local, 2h em Brasília) no estacionamento de um hospital da localidade
de Sallanches, nos Alpes franceses. A detenção ocorreu quando ele se dirigia ao
centro sanitário para ser tratado de um câncer diagnosticado há alguns anos. O
ex-chefe político do ETA, de 68 anos, estava foragido havia 17 anos. O goveno
Macron e sua justiça expediu mandado de prisão contra ele para que cumpra no
país uma pena de oito anos por ligação com grupo separatista, proferida em 1º
de junho do ano passado por um tribunal de París. Ele será diretamente levado a
uma penitenciária francesa. Entre outras ações, Josu Ternera está sendo
processado na Espanha cinicamente por crimes contra a humanidade desde outubro
de 2015, em um processo no qual são réus também os ex-dirigentes do ETA
Garikoitz Aspiazu (Txeroki), Mikel Karrera (Ata), Aitzol Iriondo e Aitor
Elizaran. O ministro do Interior do Governo interino da Espanha, Fernando
Grande-Marlaska, elogiou "o caráter simbólico" da detenção, que
qualificou como uma "vitória do Estado de direito". Grande-Marlaska
reconheceu que a "entrega material" de Ternera à Justiça espanhola
pode ser adiada até que ele cumpra sua pena na França. O histórico dirigente do
ETA militou por meio século na organização separatista basca e desempenhou praticamente
todas as funções orgânicas e estratégicas no grupo. Foi um dos símbolos do ETA.
Estava em paradeiro desconhecido desde 2002, quando o Tribunal Supremo da
Espanha o intimou a depor sobre sua participação no atentado do alojamento
militar de Zaragoza. Ternera, que na época era deputado regional pelo partido
Euskal Herritarrok, fugiu e retomou a vida na clandestinidade, o que não o
impediu de participar das conversações com o Governo socialista de José Luis
Rodríguez Zapatero em 2006, quando havia uma guerra fratricida pelo poder
interno do ETA, afinal vencida pelo setor mais duro, encabeçado por Javier
López Peña (Thierry) e Garikoitz Azpiazu Urbina (Txeroki). Ternera foi
afastado, embora a ascendência que tinha na organização tenha voltado a lhe dar
o protagonismo no dia em que o grupo anunciou o fim definitivo da luta armada,
em 2011. Ternera foi o encarregado de dar voz à declaração de dissolução e
desmantelamento do ETA em maio de 2018. Por sua vez na Argélia, ex-colônia
francesa, no dia 9 de maio, Louisa Hanoune, dirigente lambertistas do Partido
dos Trabalhadores (PT) da Argélia, uma das correntes revisionista do
trotskismo, foi colocada em prisão preventiva pelo tribunal militar de Blida. O
PT argelino defende em seu programa político reformista de radicalização da
democracia burguesa a realização de uma Assembleia Constituinte em meio à crise
política que sacode o pais. Como denuncia o comunicado de imprensa do PT,
trata-se claramente de um ato de perseguição política. Houve muito repúdio na
Argélia contra a prisão da líder e de uma figura pública da esquerda,
denunciando que o Exército quer forçar a aprovação de sua agenda nas eleições
de 4 de julho, apesar de sua rejeição pelo povo argelino. Por seu turno, a Liga
Argelina dos Direitos Humanos (LADDH) considerou que esta prisão abriu o
caminho para “todos os cenários e todos os desvios”. Como se observa o
imperialismo europeu vem perseguindo e prendendo os militantes do ETA mesmo
após o movimento basco ter declarado sua entrega gradual de armas. Esta linha
reacionária segue analogamente o que está acontecendo na Argélia, quando
organizações politícas de esquerda estão questionando o governo burguês capacho
do imperialismo francês. A perseguição a esses militantes é a expressão
política mais acabada da crise e o consequente recrudescimento do regime sob as
hostes do imperialismo europeu e nos países semicoloniais. Os governos
imperialistas europeus recorrem até mesmo a fatos ocorridos há mais de 20 anos
para perseguir e incriminar ativistas sociais ou militantes de organizações de
esquerda como método de intimidação não só aos remanescentes do ETA, mas a todo
movimento das massas exploradas e nacionalidades oprimidas. Frente a este curso
reacionário que se abriu no mundo, com profundos ataques ao proletariado e as
suas liberdades democráticas é necessário que o ativismo de esquerda, classista
e democrático organize atos pela liberdade imediata Josu Ternera, Louisa
Hanoune e de todos os presos políticos das masmorras do imperialismo e de seus
governos capachos!