Em mais “round” da crise no governo provocada pelo astrólogo
nazista Olavo de Carvalho, a resposta mais dura veio do general da reserva
Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, que classificou o “filósofo de puteiro” de “Trótsky
de direita”, sem “princípios básicos de educação e respeito” e como alguém que
age para “acentuar as divergências nacionais” e que precisa “deixar o governo”.
O “detalhe” é que os ataques de Olavo aos militares têm sido respaldadas pelos
filhos e pelo próprio Bolsonaro. “Mais uma vez o senhor Olavo de Carvalho, a
partir de seu vazio existencial, derrama seus ataques aos militares e às Forças
Armadas demonstrando total falta de princípios básicos de educação, de respeito
e de um mínimo de humildade e modéstia", escreveu Villas Bôas. A mais nova
disputa entre a ala militar e os chamados “olavistas” do governo foi
escancarada mais uma vez na onda de ataques ao ministro da Secretaria de
Governo, general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz. Incomodado, o
próprio ministro foi na noite de domingo conversar com Bolsonaro. Disse que
estava sendo vítima de um ataque orquestrado que envolviam os filhos do
presidente. Em uma série de tuítes no final de semana chamou o ministro de
fofoqueiro e outros adjetivos. A sessão de ataques se manteve nesta segunda e
terça-feira. A crise foi aumentada quando o canalha Danilo Gentili publicou nas redes
sociais uma entrevista do ministro dada à rádio Jovem Pan no início de abril.
Em sua fala, Santos Cruz diz que "as distorções e os grupos radicais,
sejam eles de uma ponta ou de outra, da ponta leste ou da ponta oeste, isso aí
tem que ser tomado muito cuidado, tem que ser disciplinado. A própria
legislação tem de ser melhorada" propondo indiretamente algum controle
estatal da mídia e das redes sociais. O ministro virou alvo, além de Olavo, dos filhos do
presidente e um ataque coletivo nas redes. O próprio Bolsonaro usou o Twitter
para dizer que não haveria controle das redes. “Em meu governo, a chama da
democracia será mantida sem qualquer regulamentação da mídia, aí incluída as
sociais. Quem achar o contrário recomendo um estágio na Coreia do Norte ou Cuba”,
escreveu. Ao ter desautorizado publicamente seu ministro, Bolsonaro terminou
por ampliar a margem para os ataques a Santos Cruz por Olavo e os filhos de
Bolsonaro. De uma mera figura “exótica” no contexto nacional após o golpe
institucional, Olavo assumiu a função política de vocalizar toda a fração mais
retrógrada e entreguista do governo Bolsonaro, o que inclui a própria família
do ex-capitão fascista. Nesta conjuntura de “guerra aberta” entre as próprias
frações reacionárias do novo regime bonapartista, o setor militar vem sendo
alvo de grosseiro enxovalhamento por parte do astrólogo Olavo de Carvalho. O setor
militar do governo, representado pelos generais Heleno e Mourão, ainda nem bem
digeriu as indicações ministeriais de Olavo, agora tem que conviver no mesmo
“núcleo de poder” com xingamentos e impropérios diários dirigidos ao
vice-presidência da república e agora ao chefe da Casa Civil. A ira dos seguidores
de Olavo contra os generais aumenta na medida em que a burguesia nacional
ameaça a permanência de Bolsonaro no Planalto caso não consiga aprovar as
reformas neoliberais e toda a pauta de privatizações exigidas pelo mercado
financeiro. Neste possível cenário de um precoce “default” do fascista
Bolsonaro, o imperialismo e seus súditos no Brasil apostariam na “alternativa
Mourão”, o plano B dos rentistas. Como já afirmamos a questão dos atritos entre
as frações não é conjuntural e vai permanecer no horizonte do governo, até porque
Bolsonaro já “fidelizou” sua adesão à Olavo de Carvalho, ideologicamente mais
próximo do capitão psicopata e fascista. Os trabalhadores devem aproveitar a “crise
nas alturas” para impor uma saída operária e socialista para o país, o que
passa por fortalecer a ação direta como deram o exemplo os estudantes ontem no
Rio e na Bahia. A greve nacional da Educação marcada para 15 de maio deve ser o
catalizador desse processo e se transformar de fato em uma greve geral de todo
o funcionalismo público que paralise o país em unidade com a classe operária,
sem-terra e o movimento popular. Entretanto para vencer é preciso superar a
política de colaboração de classes da CUT, PT, UNE e PCdoB... Nessa senda, seguindo as
lições históricas do dirigente do Exército Vermelho, Leon Trotsky, devemos combater todas as alas fascistas do governo Bolsonaro sem dar
nenhuma trégua a Frente Popular, denunciando as sabotagem das lutas e
construindo uma direção revolucionária alternativa no curso do combate de classes!