Em meio a escalada da guerra comercial entre os EUA e a
China, Trump acaba de anunciar o aumento que eleva de 10 a 25% as tarifas sobre
os 200 bilhões de dólares de produtos chineses importados pelos Estados Unidos.
Por sua vez, a China respondeu anunciando que aumentará as taxações vigentes de
10% para 20 ou 25% sobre produtos importados dos Estados Unidos no valor de 60
bilhões de dólares, que cobrem uma ampla gama, de alimentos a jóias. No campo
das tarifas comerciais, a China tem um poder de fogo significativamente menor
porque suas importações dos Estados Unidos são muito menores do que suas
exportações. Entretanto, a China pode causar caos global se retaliar com venda
de títulos dos EUA. Atualmente, a China possui US$ 1,13 trilhão em títulos do
Tesouro dos EUA. Isso é uma fração do total de US$ 22 trilhões em dívidas
pendentes nos EUA, mas 17,7% dos diversos títulos mantidos por governos
estrangeiros, segundo dados do Tesouro e da Associação dos Setores de Seguros e
Mercados Financeiros. Pequim tem recuado de seu papel no mercado de títulos dos
EUA, tendo cortado participação de quase 4% nos últimos 12 meses, mas ainda
ocupa o primeiro lugar entre os credores estrangeiros dos Estados Unidos. Por
sua vez, via a ofensiva direta contra o Irã, aliado da China e um dos seus
principais fornecedores de petróleo, o imperialismo ianque vem demonstrando
quem realmente manda na economia capitalista mundial. Não vem sendo possível um
acordo dos EUA com a China devido da política protecionista dos EUA, que vem
aprofundando uma guerra comercial global. Vale ressaltar que há o incremento da
ofensiva bélica mundial do imperialismo ianque, o que vem reduzindo o peso do
imperialismo europeu, particularmente da França, com a China aparecendo como um
ator econômico cada vez determinante nesse cenário, um ex-Estado operário
convertido na mais poderosa potência semicolonial. A burguesia imperialista
ianque está consciente da gravidade da conjuntura mundial, em uma correlação de
forças tendencialmente favorável à China, porém foi forçada a se utilizar de
Trump como uma “ponte” necessária no sentido de espraiar o clima da “beira do
abismo” com este palhaço reacionário. O discurso nacionalista de Trump
sensibiliza os devastados pela crise econômica capitalista no maior mercado do
mundo, porém não aglutina a elite financeira que pensa em contornar o colapso
ianque justamente com a expansão da internacionalização do capital volátil nas
colônias. Tentar escapar da crise econômica com o incremento do mercado interno
nos EUA, é uma ilusão já há muito tempo foi descartada pela burguesia
imperialista ianque quando iniciou o chamado processo de "globalização"
em meados dos anos 90. Por seu turno, a China, no curso do processo de
restauração capitalista, vem se transformando na verdade no maior entreposto
comercial e industrial do mundo, uma grande consumidora de commodities e é
nisto que consiste a sua “exuberância” econômica. Caracteriza-se por ser uma
economia semicolonial com fortes induções estatais, remanescentes da herança
stalinista. Em suma, por maior que seja o crescimento do PIB chinês, a
hegemonia militar em todo o planeta ainda se concentra plenamente nas mãos da
Casa Branca, sendo apenas um “sonho” da China converter-se em uma superpotência
capitalista. Nesse sentido “a via chinesa” de restauração capitalista como
vemos reafirmada por Xi Jinping é um processo lento, ordenado e centralizado de
medidas que, levadas a frente sob o férreo controle político do PPCh, avançam o
ritmo da restauração capitalista para se fortalecer futuramente como
contraponto militar e econômico ao imperialismo ianque. No curso da guerra
comercial, Trump reafirmou que o imperialismo ianque dispõe sem sombra de
dúvida do maior e mais avançado aparato bélico do planeta, por isso são capazes
de devastar as forças militares de um país sem sequer precisar “sujar” as botas
de seus Marines em solo inimigo, como aconteceu recentemente na Líbia. O
aprofundamento da política de forte corte orçamentário em gastos sociais, a
elevação da taxa de desemprego e aumento do déficit fiscal com a concessão de
subsídios tributários a grandes empresas será a tônica da próxima etapa mundial
como produto da velha receita neoliberal, claro com a mão de ferro de um regime
de exceção planetário, ou seja, através de uma ditadura do capital, ao
contrário de um suposto “paraíso democrático”. O impasse atual reafirma que a
única vereda para superar a agonia do capital e a barbárie social que dela
decorre é a via da revolução socialista e a demolição violenta da atual
sociedade de classes e edificar sobre seus escombros um novo modo de produção,
o Socialismo.