MUDANÇA NO MANDO DO COAF: PORQUE A ESQUERDA REFORMISTA
COMEMOROU UMA SUPOSTA “DERROTA” DE MORO DIANTE DO RENTISTA GUEDES?
“O PT e os demais partidos de oposição impuseram uma dura
derrota ao governo de Jair Bolsonaro (PSL), nesta quinta-feira (9), na comissão
mista que analisa a Medida Provisória (MP) 870, que reorganiza os ministérios e
outros órgãos do Poder Executivo. A vitória da oposição pode abrir caminho para
transformar a atual configuração administrativa federal existente no País”. Foi
exatamente desta maneira que a Frente Popular (PT, PSOL e PCdoB) comemorou a
suposta derrota do ministro da Justiça Sérgio Moro, que perdeu o controle do
COAF (órgão de fiscalização de operações financeiras) para o Ministério da
Economia, chefiado pelo rentista Paulo Guedes, por conta de uma deliberação da
Comissão Mista do Congresso Nacional (em um placar de 14 votos a 11), que está
votando se acolhe ou não a reorganização administrativa realizada pelo governo
do neofascista Bolsonaro. Após assumir a Presidência da República, o
neofascista Jair Bolsonaro transferiu o COAF do extinto Ministério da Fazenda
(atual Ministério da Economia) para o Ministério da Justiça, por uma exigência
do “justiceiro” Moro para assumir a pasta e se postar como avalista político do
governo golpista. Porém os rentistas do mercado financeiro viram nesta mudança
a possibilidade de serem chantageados pela “República de Curitiba” e toda a
corja da Lava Jato. Rapidamente o poderoso “mercado” acionou seus parlamentares
do chamado “Centrão” e na votação da admissibilidade da MP 870 reverteram a
decisão tomada por Bolsonaro. Todos nós sabemos que o objetivo de Moro e seu bando
de criminosos nunca foi a “moralização” do Estado Burguês, desde o início da
famigerada “Operação Lava Jato” estava orientado por Washington para promover o
golpe e facilitar o caminho da privatização da Petrobras. Com o COAF nas mãos
de Moro, a “Força Tarefa” do Ministério Público ganharia um peso
desproporcional sobre a outra fração golpista, ou seja, a dos rentistas
comandados por Guedes e que até então “trabalhavam” em plena harmonia com a
“República de Curitiba”. Trata-se de um conflito clássico de duas alas da
burguesia disputando o controle hegemônico do “botim” estatal, no marco do novo
regime político bonapartista. Até aí nenhuma grande surpresa, o que realmente
“surpreende” foi a comemoração esfuziante da esquerda reformista com a vitória
parcial dos rentistas na Comissão Mista, ainda falta a aprovação final do
plenário do Congresso. O que estamos vendo é na prática a aliança da Frente
Popular com o “Centrão” liderado por Rodrigo Maia, acordo podre já estabelecido
inclusive no movimento operário entre a CUT e a Força Sindical, com o objetivo
de sabotar a preparação da greve geral para derrotar a (contra)reforma da
Previdência. É certo que Moro ficou muito descontente com a possibilidade da
perda no mando do COAF, mas estabelecer uma unidade política com a escória
burguesa da turma neoliberal de Guedes e Maia, só revela o caráter
absolutamente contrarrevolucionário das atuais direções reformistas do
movimento de massas. É urgente romper com a política de colaboração de classes
da Frente Popular, para que o movimento operário e popular consiga impor nossas
verdadeiras derrotas de classe à brutal ofensiva neofascista que ameaça todas
conquistas históricas do povo brasileiro!