terça-feira, 2 de julho de 2024

SERIA A PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA DE UM GOVERNO CONJUNTO DA SOCIAL DEMOCRACIA COM A DIREITA NA FRANÇA? ALGUÉM AINDA SE LEMBRA DA DUPLA MITTERRAND&CHIRAC? 

O cartel da mídia corporativa internacional vem dando bastante destaque as eleições parlamentares na França, noticiando como uma possibilidade inédita na história, a formação de um co-governo entre a centro-esquerda (Social Democracia) e a reacionária direita institucional. A esquerda reformista, que se transformou em subsidiária do Consórcio da Mídia Corporativa, “alarmada” também conclama a uma ampla unidade política  das supostas “forças civilizatórias”, para impedir o “acontecimento inédito” da extrema direita ocupar a chefia do gabinete de um presidente da “esquerda civilizatória”. Entretanto a realidade histórica e atual da luta de classes é bem diferente da “desenhada” pelos reformistas e seus patrões do capital financeiro. A “nova” extrema direita de Le Pen não é muito distinta da velha direita neoliberal francesa, ou mesmo da tradicional Social Democracia que governa a França por várias gerências, não esqueçamos que o “civilizatório” Macron foi parido politicamente ocupando o Ministério da Economia no governo do Partido Socialista. Nem mesmo o fato da Social Democracia co-habitar o governo nacional com a direita é inédito, ou por acaso já se esqueceram da gestão Mitterrand& Chirac em meados dos anos 80? O direitista Jacques Chirac foi Primeiro Ministro do “consagrado” presidente “socialista” François Mitterrand, aplicando juntos as medidas mais draconianas contra o proletariado imigrante, chegando ao absurdo da construção de um muro de concreto para a segregação nos bairros periféricos de Paris. Afinal a brutal perseguição policial aos árabes e africanos não começou exatamente nos governos Sociais Democratas?

Foi o presidente “socialista” François Mitterrand quem inaugurou a coabitação em seu formato político mais harmônico. A esquerda Social Democrata perdeu as eleições legislativas de julho de 1986. O gabinete de Mitterrand foi então chefiado, por dois anos, pelo reacionário Jacques Chirac. O direitista Chirac privatizou empresas estatais que os “socialistas” haviam tentado entregar ao capital financeiro desde 1981. Mitterrand justificou sua inércia diante da fúria privatista afirmando que “Não tinha poderes constitucionais para se opor a Chirac”. A segunda coabitação política entre a Social Democracia e a direita ocorreu entre 1993 a 1995, novamente colocando Mitterrand frente a um “neogaullista”, Edouard Balladur.

Agora Macron, em plena crise política do regime burguês da V República, está a um passo de repetir o mesmo roteiro político de Mitterrand, em uma versão mais “turbinada”, com a extrema direita institucional. Porém o real conteúdo programático é o mesmo, seguir a pauta econômica neoliberal exigida pela Governança Global do Capital Financeiro e plenamente abraçada pelos seus gerentes de turno, pouco importa que sejam da “esquerda civilizatória” ou da extrema direita institucional.

Tanto é assim que apesar do pânico teatral manifestado pelos reformistas e revisionistas diante de um possível gabinete chefiado pela máfia Le Pen na França, a extrema direita europeia já gerencia vários países, como a Itália por exemplo, seguindo disciplinarmente as regras impostas pela OTAN e a receita rentista da Governança Global do Capital Financeiro.