segunda-feira, 29 de julho de 2024

VITÓRIA DE MADURO EXPRESSA O APOIO DAS MASSAS AO REGIME NACIONALISTA BURGUÊS: ENTRETANTO O MITO REFORMISTA DA “REVOLUÇÃO BOLIVARIANA” PASSA BEM LONGE DA DURA REALIDADE CAPITALISTA DO PROLETARIADO 

Nicolás Maduro, venceu neste domingo as eleições presidenciais realizadas na Venezuela. Caminha assim para o seu terceiro mandato consecutivo como sucessor do caudilho nacionalista, Coronel Hugo Chávez Frías. O triunfo eleitoral de Maduro (com 80% dos votos apurados), que credencia a vigência do regime bolivariano para governar a Venezuela até 2031, contou até agora com o apoio de pouco mais de 5 milhões de eleitores ou 51,20% dos votos. Os resultados foram anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), informou seu presidente Elvis Amoroso. Esta nova vitória de Maduro soma-se às obtidas nas eleições presidenciais de 2013, quando venceu o adversário e ex-governador de Miranda, Henrique Capriles, com 7 milhões 587.579 votos, 50,61%; e as de 2018 em que derrotou Henri Falcón ao obter 6 milhões 248.864 votos, 67,84% do eleitorado inscrito.

O desgastado governo de Nicolás Maduro chegou a esta disputa eleitoral com o peso de quase mil sanções econômicas impostas pelo imperialismo ianque e que afetam diretamente a qualidade de vida dos venezuelanos e dos serviços públicos estatais. Entretanto no último ano o regime nacionalista burguês tem recebido investimentos internacionais pesados no setor petrolífero, produto do “relaxamento” das restrições econômicas dos EUA na aérea energética em função da guerra na Ucrânia. Neste cenário o PIB venezuelano, baseado fundamentalmente na extração do óleo cru, voltou a crescer, além da redução do desabastecimento e de uma leve diminuição da taxa de desemprego. 

A grande aposta capitalista do governo Maduro  centrou-se no fortalecimento de uma nova classe social burguesa, na subalternização definitiva do já precário “poder popular”, além de defender os interesses comerciais de novos empresários neoliberais. No plano político interno, fortaleceu e ampliou os processos de diálogo com a direita política considerada “civilizada”.  O que motivou Maduro a antecipar as eleições. Também tentou abrir uma linha de negociação direta com os Estados Unidos, tendo o auxílio do governo Lula para essa missão. 

Neste período o regime bolivariano não poupou ataque ao movimento dos trabalhadores. O Decreto 2.792 de 2018 elimina os contratos coletivos e o direito à greve, as instruções que ignoram os direitos adquiridos de uma parte importante dos funcionários públicos, dos trabalhadores da educação, da saúde e de outros setores do proletariado, faz parte de uma orientação programática nitidamente de favorecimento do capital.

A reacionária oposição venezuelana não reconheceu o resultado em conferência de imprensa, a líder direitista María Corina Machado anunciou que: “A Venezuela tem um novo presidente e este é Edmundo González Urrutia”, que segundo seus dados e pesquisas teria alcançado 70% dos votos. As declarações de María Corina Machado e Edmundo González até o momento apelaram somente a uma “vigília cívica”, mas os ataques da Casa Branca sobre os dados da CNE devem abrir uma crise política de grandes proporções e cujo desenvolvimento e desfecho são ainda incertos.

A Social Democracia em nosso continente, na voz do presidente do Chile, Gabriel Boric, declarou que as eleições foram fraudadas e não aceitará a vitória de Maduro. Muito provavelmente o governo Lula seguirá na mesma linha, exigindo do regime bolivariano uma “recontagem de votos”.

Logo após o anúncio oficial do CNE Venezuelano, Maduro fez um forte discurso para seus apoiadores em frente ao Palácio Presidencial de Miraflores. O líder bolivariano foi bastante sincero em suas palavras: Primeiro agradece a Deus e a Jesus Cristo o triunfo eleitoral, reproduzindo a cartilha populista de todos os políticos burgueses da região; segundo afirma que a vitória do seu regime nacionalista é a certeza da continuidade de um “capitalismo humano”, em contrapartida ao “capitalismo neoliberal”; terceiro diz ser fiel a democracia e ao respeito da propriedade privada. Para além dos jargões vazios contra o imperialismo ianque, Maduro passou um claro recado a burguesia local e a própria Casa Branca, não ultrapassará nem um limite legal do mercado financeiro e tampouco das corporações transnacionais que operam no país. 

A postura política de Maduro e a composição social do regime nacionalista bolivariano, jogam completamente por terra a “lenda” da esquerda reformista de que na Venezuela vive-se um “processo revolucionário”. Nunca houver uma revolução socialista no país, nem mesmo no “melhor período” do governo Hugo Chavez, o conjuntura das instituições estatais nunca trocaram o comando da classe social hegemônica, somente mudaram os agentes políticos que moldaram o regime a sua “imagem e semelhança”, leia-se os oficiais militares nacionalistas.