domingo, 17 de maio de 2020

MUMBAI NA ÍNDIA: ONDE O CONFINAMENTO FORÇADO LEVA A MORTE E O NEONAZISMO CARIMBA A “MARCA DA PESTE” NA POPULAÇÃO POBRE


Hospitais transbordando, médicos e enfermeiras exautos, favelas desesperadas. Estes fatos dramáticos são o retrato de Mumbai, maior cidade da Índia e uma das maiores do mundo, quando o coronavírus eleva a super metrópole a um caos sanitário e econômico. O drama da pandemia do coronavírus que a Índia retardou a revelar ao mundo está se tornando realidade em Mumbai, com seus mais de vinte milhões de habitantes. O governo central de extrema direita, decretando uma quarentena sem as mínimas condições de planejamento e proteção social, acabou agravando a epidemia para uma situação de explosão de contaminação, levando milhares de trabalhadores a vagar nas ruas sem comida, e empurrar milhões de pessoas a se comprimirem em cômodos nas favelas das mega cidades indianas. Os que são contaminados pela Covid, sem ter hospitais e postos médicos sequer para um atendimento básico, são marcados com tinta pela polícia e órgãos sanitários com o “símbolo da peste”, Apestados é a expressão do “neonazismo” disfarçado de “controle sanitário”, contra populações pobres que são reprimidas pelo Estado Burguês para se confinarem em favelas e  palafitas da periferia urbana.


Mumbai é a cidade mais densamente povoada da Índia e o centro financeiro do país, uma península irregular emoldurada pelo Mar da Arábia e por outras vias navegáveis, uma metrópole de imponentes prédios de apartamentos de alto luxo e centenas de favelas sem fim, uma cidade de grandes fortunas e pobreza desesperada, todos juntos e divididos pelas fronteiras de classe. É em Mumbai que o homem mais rico da Ásia, Mukesh Ambani, construiu uma casa unifamiliar de 27 andares, avaliada em centenas de milhares de Dólares. Enquanto o coronavírus atravessa lentamente a Índia, Mumbai sofreu o pior surto. Agora, essa cidade “internacional” é responsável por 30% das infecções por coronavírus na Índia e por quase 35% das mortes, que oficialmente ainda estão em um patamar muito baixo, devido é claro a subnotificação de casos.


 Os hospitais estão transbordando de doentes, sem UTI’s e medicamentos, enquanto os policiais estão aplicando um toque de recolher nos bairros populares e favelas. Particularmente nos vastos bairros pobres da cidade, o distanciamento social é impossível, uma ficção reacionária. As pessoas vivem em quartos, com a média de oito por unidade, localizados em quilômetros e quilômetros de assentamentos informais feitos de blocos de concreto e cobertos com chapas de ferro enferrujado. Na medida que as temperaturas sobem para 40 graus, muitos não aguentam mais ficar presos e são obrigados a sair nas ruas, em busca de alimento. O governo oferece em contrapartida a repressão policial e a “marca da peste”, para os que desesperados buscam alguma fonte de sobrevivência.


Em Dharavi, a maior favela de Mumbai, as infecções estão explodindo. Tentando rastrear contaminados, os organismos sanitários de saúde se espremem por pequenas vielas, um pouco mais estreitas que um par de ombros ,”é preciso virar de lado para passar”. Os fiscais colocam um carimbo de tinta nas mãos de pessoas expostas ao vírus, “Apestados” e ordenam que permaneçam dentro de casa por duas semanas, sob ameaça de prisão.


Policiais rondam as estradas principais, enquanto milhares de pessoas testaram positivo para o coronavírus, gerando centenas de mortes que possam ser notificadas. Esta nação de 1,3 bilhão de habitantes não dispõe de testes, e fundamentalmente de uma estrutura de saúde pública e universal para o seu povo. O resultado é uma catástrofe social e sanitária. Em Mumbai, a maioria do povo não tem dinheiro para ir ao supermercado, o que significa a procura por barracas de alimentos que por terem preços menores estão lotadas. A maioria do povo ainda não têm máscaras de proteção por falta de condições econômicas e tampouco o governo as disponibiliza gratuitamente. As tensões sociais estão aumentando entre os bairros ricos e os pobres. Na medida que o contágio aumenta no interior das favelas de Mumbai, muitos moradores mais ricos estão determinados a ficar longe dos moradores de favelas, fechando suas ruas e bairros com cercas. As entidades patronais nas partes mais “sofisticadas” da cidade impediram que empregadas, vigias e trabalhadores casuais (muitos dos quais moram nas favelas) viessem ao trabalho. É neonazismo brotando sem o menor disfarce! Muitos trabalhadores migrantes desempregados estão tentando sair da cidade, mas não há transporte de massas para o interior e regiões do campo, poucos ainda estão embarcando em viagens de centenas de quilômetros, na esperança de chegar a aldeias longínquas, onde podem contar com a família para conseguirem sobreviver. Esta realidade capitalista dantesca para milhões de trabalhadores hindus, contrasta radicalmente com o cenário social da China, país asiático vizinho e que tem praticamente a mesma população, sendo o primeiro a ser atingido pela epidemia do coronavírus. O proletariado e o povo pobre indiano está diante do maior desafio de sua história de lutas, maior até do que o da independência do imperialismo britânico: Romper com a burguesia assassina que marca o símbolo da peste no seu povo, no sentido da construção revolucionária uma nova ordem econômica socialista!