domingo, 17 de maio de 2020

DÓRIA E COVAS USAM CORONAVÍRUS PARA FAZER “LIMPEZA SOCIAL” NA CRACOLÂNDIA: A PANDEMIA A SERVIÇO DA ELIMINAÇÃO FÍSICA DOS MISERÁVEIS USUÁRIOS DE CRACK
               

Enquanto a burguesia e a elite palaciana usam e abusam de cocaína de alta qualidade em suas mansões e festas vips, com direito a bandeja de prata e “carreiras” de celebridades globais e “autoridades” usando o pó da “alegria”, obviamente sem nunca serem incomodados pela polícia, parceira e distribuidora da “farinha” pura, os consumidores do crack (mistura de pasta-base de cocaína com bicarbonato de sódio), pobres em geral, estão sendo alvo de uma verdadeira operação de guerra nas ruas das metrópoles brasileiras. A Prefeitura e o Governo de São Paulo tentam nesses dias de Pandemia “limpar” a região conhecida como Cracolândia da presença miserável dos usuários de crack, quando se sabe que se trata de população que já é ultra-vulnerável: 9,5% têm tuberculose, 6,3% têm HIV e quase 10%, sífilis. Na semana passada cerca de 160 seres humanos paupérrimos, muitos idosos, vários não-dependentes químicos, foram tangidos como animais para dentro de três ônibus e despachados para a baixada do Glicério, na várzea do rio Tamanduateí. A ideia é que com a dispersão em várias áreas do centro paulista, essa gente pobre, desempregada e marginalizada, que já chegou no fundo do poço da barbárie capitalista, seja literalmente eliminada fisicamente pela Pandemia, para não falar dos grupos de extermínio formados por agentes da repressão a soldo dos empresários. Obviamente, não existe tratamento médico público para os viciados em crack, como de fato não há assistência médica nem para a população trabalhadora em geral, já que os hospitais públicos e o SUS são verdadeiras máquinas de produzir cadáveres. Da mesma forma que o consumo do tipo de droga é seletivo, tem seu corte de classe social, a assistência aos dependentes também o é: clínicas de luxo para os vips e a classe média que pode pagar, repressão e morte para os pobres.

Acabar com o constrangedor desfile dos usuários de drogas envoltos em cobertores imundos, sempre em busca das pedras de crack, tem sido uma obsessão de vários prefeitos e governadores do PSDB em São Paulo. O governador João Doria Jr, ainda na condição de prefeito da cidade, protagonizou em 2017 cena desastrada que por pouco não se transformou em tragédia. Deu-se que, para posar de destemido adversário do crack, Doria ordenou a derrubada de casas na região. Quase matou por soterramento três pessoas que moravam em uma delas e que ficaram feridas. Trata-se do sonho tucano de restaurar um pouco que seja do brilho quatrocentão do antigo bairro dos Campos Elíseos, onde viveu boa parte da elite paulistana até meados no século passado, e que é o território onde hoje se situa a Cracolândia. Nesse caso, o bairro tentará esquecer seus dias de miséria e dará lugar a novíssimas torres de prédios, que farão a festa das empreiteiras, incorporadoras e bancos. Doria e Covas poderão usar a imagem daquelas ruas (antes, com o comércio de drogas a céu aberto, e depois, “limpinhas”) em suas propagandas eleitorais, que os apresentará como “vencedores”. A venda e o consumo de crack, entretanto, continuarão com antes. Só terão mudado de endereço.

Para os Marxistas Revolucionários, o fato de parcelas cada vez mais amplas da população consumirem drogas é um sintoma do estágio de barbárie social a que chegou o capitalismo. De um lado a alienação completa de uma classe dominante bestializada, que arrasta consigo para o atoleiro um amplo setor da classe média que já não tem qualquer referência ideológica e cultural progressiva depois de 30 anos do fim da URSS. Do outro, as camadas populares, sem emprego e marginalizadas, são presas fáceis do consumo de drogas baratas como o crack e o oxi (mistura de pasta-base de cocaína, querosene e cal virgem), que causa rápida dependência e morte em poucos meses, ainda mais em tempo de pandemia de Coronavírus.

Enquanto a esquerda pequeno-burguesa trata de dar ares “progressivos” ao consumo de droga, particularmente da maconha no interior do movimento estudantil, nós da LBI não somos a favor de que a juventude e o povo pobre recorra ao uso de entorpecentes da consciência, além de falsas “euforias”, o que só aprofunda a sua alienação e desagregação social, sendo alvo fácil da ofensiva política, cultural e ideológica da burguesia, para não falar de sua repressão direta através do aparato estatal. Somos absolutamente contra a criminalização do uso de drogas e a repressão de seus usuários pelo Estado burguês, justamente o que vem ocorrendo no centro de São Paulo neste momento.

A própria sociedade capitalista vive um profundo processo de decomposição moral e espiritual, havendo uma demanda crescente do uso de cocaína para seus “cidadãos” sobreviverem em uma euforia artificial que amortize a barbárie imposta pela divisão das classes sociais que gera uma realidade cada vez mais agressiva, superficial e deprimente. Prova disso é que os EUA, o coração do monstro imperialista, é o país onde há o maior consumo do “pó” no planeta terra, porque sua classe dominante cada vez mais fútil e alienada vive dopada, enquanto as amplas parcelas do povo pobre, através do crack, sobrevive sem perspectiva futura na “meca do consumo”, esperando o fim da própria existência física. O “remédio” para esse mal que assola a humanidade reside na luta pela destruição do modo de produção capitalista e pela abolição da propriedade privada pela via da construção do socialismo, que será capaz de dar os passos concretos necessários para libertar o povo de suas amarras econômicas, políticas, culturais e espirituais.