domingo, 24 de maio de 2020

“FORA BOLSONARO” PELA VIA DO IMPEACHMENT POPULAR: UMA MANOBRA INSTITUCIONAL DA FRENTE POPULAR COM APOIO DO PCO, PARA APROXIMAR-SE DO VICE MOURÃO


PT, PSOL, PC do B, UP, PSTU, PCB e por fim até o PCO, somado a mais de 400 entidades protocolam pedido de impeachment na Câmara dos Deputados contra o presidente Jair Bolsonaro. Alguns incautos poderiam pensar que esta iniciativa da Frente Popular significa um avanço no sentido do “Fora Bolsonaro”, ledo engano tratar-se de uma saída institucional fadada ao mais absoluto fiasco político. O chamado “impeachment popular” da esquerda reformista foi apresentado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tendo como único objetivo tentar promover uma aproximação com o General Mourão, considerado a “ala civilizatória” do regime bonapartista, pelo PT e seus apêndices menores. Está absolutamente claro que a Frente Popular não pretende impulsionar nenhuma mobilização de massas pela derrubada de Bolsonaro, o “Fora Bolsonaro” pela via do impeachment neste Congresso do Centrão não corresponde a derrubada do governo neofascista, pelo contrário significa o “Fica Bolsonaro” até 2022 e no bojo da proposta um aceno político a Mourão e Rodrigo Maia, possíveis beneficiários de um descarte do presidente por parte da burguesia nacional. Bolsonaro vem contornando as crises de seu governo, exatamente pela inércia da esquerda reformista, que na pandemia conseguiu superar qualquer marco histórico de imobilismo e conciliação de classes. O governo neofascista vem se sustentando no tripé do apoio do imperialismo ianque, hordas de extrema direita e rentismo nacional, porém seu poder de ação está profundamente limitado por um processo de tutela exercido pelo comando das Forças Armadas sobre o “núcleo duro olavista”. Para mostrar alguma iniciativa “independente”, Bolsonaro vem traçando um caminho de aproximação com o Centrão, além de “colar” na pressão de setores empresariais pelo fim da quarentena, embora o “isolamento social” seja uma medida alicerçada nos setores das próprias classes dominantes que seguem em geral a orientação da ONU/OMS e imperialismo europeu, e asiático, já nos EUA há uma divisão sobre este tema. Neste sentido as classes dominantes tupiniquins descartam neste momento de indefinição internacional a substituição de Bolsonaro, adotando a política da Globo, Tucanato e oposição burguesa de sangrá-lo por mais tempo possível. Existe um certo “empate técnico” na correlação de forças na conjuntura, Bolsonaro acumula crises, mas ao mesmo tempo ainda mostra capacidade de superação dos entraves políticos, o impacto do recente vídeo da reunião ministerial revela este “empate”, uma excelente peça de propaganda golpista e ao mesmo tempo uma enxurrada de críticas na mídia corporativa. O processo de acusação movido por Moro contra Bozo parece caminhar para a estaca zero do ponto de vista jurídico, embora irá render muita “fumaça e tambor” na aldeia global. O proletariado atomizado pelo medo da pandemia e pela covardia ficcional do “Fique em Casa”, quando uma enorme parcela está trabalhando e outra desempregada tem que ir à rua buscar sua sobrevivência, atravessa a pior etapa desde a II Guerra Mundial. O embuste do “impeachment popular” nestas condições de maior paralisia de toda a história das lutas, não passa de uma piada tragicômica de consequências criminosas para a retomada da consciência da classe operária e para sua intervenção revolucionária contra o atual regime bonapartista de exceção.