PT, PSOL, PC do B, UP, PSTU, PCB e por fim até o PCO, somado
a mais de 400 entidades protocolam pedido de impeachment na Câmara dos
Deputados contra o presidente Jair Bolsonaro. Alguns incautos poderiam pensar
que esta iniciativa da Frente Popular significa um avanço no sentido do “Fora
Bolsonaro”, ledo engano tratar-se de uma saída institucional fadada ao mais
absoluto fiasco político. O chamado “impeachment popular” da esquerda
reformista foi apresentado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tendo como único
objetivo tentar promover uma aproximação com o General Mourão, considerado a
“ala civilizatória” do regime bonapartista, pelo PT e seus apêndices menores. Está absolutamente claro que a Frente
Popular não pretende impulsionar nenhuma mobilização de massas pela derrubada
de Bolsonaro, o “Fora Bolsonaro” pela via do impeachment neste Congresso do
Centrão não corresponde a derrubada do governo neofascista, pelo contrário
significa o “Fica Bolsonaro” até 2022 e no bojo da proposta um aceno político a
Mourão e Rodrigo Maia, possíveis beneficiários de um descarte do presidente por
parte da burguesia nacional. Bolsonaro vem contornando as crises de seu
governo, exatamente pela inércia da esquerda reformista, que na pandemia
conseguiu superar qualquer marco histórico de imobilismo e conciliação de
classes. O governo neofascista vem se sustentando no tripé do apoio do
imperialismo ianque, hordas de extrema direita e rentismo nacional, porém seu
poder de ação está profundamente limitado por um processo de tutela exercido
pelo comando das Forças Armadas sobre o “núcleo duro olavista”. Para mostrar
alguma iniciativa “independente”, Bolsonaro vem traçando um caminho de
aproximação com o Centrão, além de “colar” na pressão de setores empresariais
pelo fim da quarentena, embora o “isolamento social” seja uma medida alicerçada
nos setores das próprias classes dominantes que seguem em geral a orientação da
ONU/OMS e imperialismo europeu, e asiático, já nos EUA há uma divisão sobre
este tema. Neste sentido as classes dominantes tupiniquins descartam neste
momento de indefinição internacional a substituição de Bolsonaro, adotando a
política da Globo, Tucanato e oposição burguesa de sangrá-lo por mais tempo
possível. Existe um certo “empate técnico” na correlação de forças na conjuntura,
Bolsonaro acumula crises, mas ao mesmo tempo ainda mostra capacidade de
superação dos entraves políticos, o impacto do recente vídeo da reunião
ministerial revela este “empate”, uma excelente peça de propaganda golpista e
ao mesmo tempo uma enxurrada de críticas na mídia corporativa. O processo de
acusação movido por Moro contra Bozo parece caminhar para a estaca zero do
ponto de vista jurídico, embora irá render muita “fumaça e tambor” na aldeia
global. O proletariado atomizado pelo medo da pandemia e pela covardia
ficcional do “Fique em Casa”, quando uma enorme parcela está trabalhando e
outra desempregada tem que ir à rua buscar sua sobrevivência, atravessa a pior
etapa desde a II Guerra Mundial. O embuste do “impeachment popular” nestas condições
de maior paralisia de toda a história das lutas, não passa de uma piada
tragicômica de consequências criminosas para a retomada da consciência da
classe operária e para sua intervenção revolucionária contra o atual regime
bonapartista de exceção.