No mesmo contexto político da divulgação do vídeo e do processo no STF contra Bolsonaro, parlamentares da oposição solicitaram a Celso de Melo a apreensão do telefone do presidente, para aferição de suas ligações com ministros e assessores. O decano do STF enviou protocolarmente o pedido dos parlamentares para o Procurador Geral, Augusto Aras, para que ele decida a questão, já que é da PGR a função investigativa de qualquer inquérito aberto na Corte. Este fato bastou para que o general senil Heleno do GSI, lançasse ameaças ao Supremo: “isto traria consequências imprevisíveis”, como mais uma bravata para mostrar força e “emparedar" futuras decisões do STF. Mas o blefe político de Heleno, um antigo bravateiro visto com certa desconfiança pelo Alto Comando das FFAA, já foi suficiente para gerar o pânico nas “instituições”, que se mantiveram caladas frente à ameaça do general, somente a OAB lançou um comunicado denunciando a postura intimidatória do Ministro do GSI, embora ainda o chamasse a “contribuir com 2020”. A posição de covardia do STF se revelou ainda mais profunda quando se tratou da intervenção do Ministro da Educação Abraham Weintraub na reunião ministerial: "Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF". A resposta de Celso aos “elogios” de Weintraub foi sintomática, mandou oficiar cada um dos demais Ministros da Corte para que se manifestem sobre uma possível resposta ao ministro da Educação.
Podemos sintetizar a reunião de Bolsonaro com seus Ministros, como um “fenômeno” dual: um desabafo pela impotência na adoção de medidas duras pretendidas pelo seu núcleo duro “olavista”, e o “soar das trombetas” para reverter o quadro da suposta inação de sua anturragem palaciana. Nesta última questão podemos observar claramente o temor para que o "barco do seu governo não afunde”, caso isso se confirmasse poderiam ser presos depois das eleições de 2022. Ou seja, Bolsonaro teme um golpe contra ele próprio e seus apoiadores, por isso sua preocupação central na malfadada reunião era do “armamento geral da população”, como forma de “defesa” contra possíveis ações de represália vinda de seus adversários. Na verdade Bolsonaro não se preocupa com o armamento do povo de forma generalizada, uma medida incompatível em qualquer Estado Burguês, mas sim o armamento de suas turbas e milícias, que são sua verdadeira base política de sustentação. Outro dado muito interessante no dia de hoje foi a reação do “mercado” diante das revelações do vídeo, o índice Ibovespa subiu ao aferir a fala de Bolsonaro onde afirma que não intervirá no Ministério da Economia, a única pasta que seria “autônoma” e sob o controle absoluto do rentista Paulo Guedes. Acalmando o “Deus” mercado hoje, ontem pactuando com os governadores achincalhados na reunião, e finalmente fechando acordo com o Centrão, Bolsonaro afasta a possibilidade imediata de um impeachment nesta conjuntura marcada pelo imobilismo total da esquerda reformista. Basta ver o ato político ultra esvaziado de entrega da petição do chamado “impeachment popular” (Frente de colaboração de classes: PT, PSOL, PCdoB, PSTU, UP, PCB e até o PCO), na porta do Congresso Nacional. Sem mobilização das massas e com a camisa de força do medo imposta ao proletariado, só resta a Frente Popular, encabeçada pelo PT, apelar para as “instituições ”com toda a impotência histórica que caracteriza estes “poderes da república”.