quinta-feira, 7 de maio de 2020

O BILIONÁRIO MERCADO DOS REMÉDIOS: UM GRANDE NEGÓCIO PARA A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA... UMA EXTORSÃO MORTAL CONTRA OS TRABALHADORES E O POVO POBRE


Todos que estão lendo agora esse artigo entraram em uma farmácia lotada em meio à pandemia do Coronavírus. Caixas e caixas de remédios “preventivos” ou “curativos” para gripes, febre, dores no corpo e afins... Máscaras com preços decuplicados! As longas filas dão uma noção do negócio bilionário que a indústria farmacêutica movimenta no mundo, cifras astronômicas que deram um salto gigantesco em meio ao alastramento da peste viral. Sob o regime capitalista, a “Big Pharma” é na verdade uma fábrica de doenças em busca de lucros sob a promessa (literalmente vendida) da cura, a saúde de toda a humanidade está nas mãos de capitalistas miseráveis (seja na pesquisa, produção ou no comércio), ela enxerga a pandemia com uma oportunidade única para seus negócios. Depois de uma onda de fusões e aquisições sem precedentes, os 10 maiores grupos farmacêuticos dividem entre si mais de 70% do mercado mundial dos remédios. A influência das companhias farmacêuticas é tamanha que elas não conhecem “contra-poder” algum, nem mesmo do ponto de vista dos seus governos burgueses. As empresas farmacêuticas enxergam no Covid-19 uma oportunidade de negócios sem precedentes. A crise global é um imenso sucesso para a indústria em termos de vendas e lucros, quanto pior a pandemia, maior a expectativa de lucro. O capital se aproveita de toda e qualquer situação para se reproduzir, se valorizar. Vida, morte, saúde ou doença são vistas como detalhes de um grande negócio, como fonte lucro para a classe dominante. Dizem os CEO´s das grandes empresas que o importante é aproveitar as oportunidades comerciais mesmo que isso signifique a morte de milhares de pessoas, particularmente dos trabalhadores e do povo pobre. É o caso da atual pandemia de Coronavírus. Enquanto milhões de pessoas não têm acesso a saúde pública e convivem com a falta de leitos (principalmente UTI) para atender os doentes, as empresas do ramo da saúde, grandes conglomerados capitalistas são indiferentes ao desespero e às milhares de mortes em todo o mundo, lucram com a crise pandêmica. A propriedade privada desses laboratórios é obstáculo central para debelar a pandemia. Somente estatizando toda a indústria farmacêutica e tornando públicas todas as patentes de medicamentos será plenamente possível garantir o acesso aos melhores medicamentos de todas as doenças para cada necessitado. Na sociedade capitalista divida em classes sociais o direito à vida se confronta com o lucro e a propriedade privada dos meios de produção. Para os grandes capitalistas, o lucro é o centro das suas preocupações. Para os Marxistas Revolucionários o direito à vida dos trabalhadores é o centro de nossa luta. Esse direito pleno somente poderá ser alcançado pela via da Revolução Socialista, quebrando todas essas patentes e liquidando a propriedade privada!


Os recursos empregados pela indústria farmacêutica a deixaram em uma posição bastante favorável na atual pandemia. Enquanto as bolsas de valores despencaram, mais de 20 laboratórios que atualmente trabalham no desenvolvimento de uma vacina e de outros produtos relativos ao novo vírus SARS-CoV-2 foram poupados desse efeito. As ações da empresa de biotecnologia Moderna, que começou há duas semanas a recrutar participantes para um ensaio clínico de sua nova possível vacina contra o coronavírus, dispararam nesse período. As ações da Eli Lilly, por exemplo, tiveram considerável subida depois que a empresa anunciou que estava se juntando aos esforços para desenvolver uma terapia para o novo coronavírus. A Gilead Sciences, que está desenvolvendo um potencial tratamento, também está indo muito bem. As ações da Gilead já estavam em alta desde a notícia de que seu medicamento antiviral remdesivir, criado para o tratamento dos casos de Ebola, estava sendo usado em pacientes com Covid-19. Isso deu um salto depois que o Wall Street Journal noticiou que o medicamento teve um efeito positivo sobre um pequeno número de passageiros infectados em um navio de cruzeiro, as ações subiram ainda mais. Diversas empresas, incluindo Johnson & Johnson, DiaSorin Molecular, e QIAGEN divulgaram que estão recebendo recursos do Departamento de Saúde e Serviços Humanos por seus esforços em relação à pandemia. O governo Trump instruiu as principais autoridades de saúde a tratar todas as discussões relativas ao coronavírus como confidenciais, e excluiu os funcionários sem credenciais de segurança das discussões sobre o assunto.


Nesse contexto, é preciso denunciar que os grandes laboratórios dispõem de meios de coação para influenciar médicos e pesquisadores. Submetida às regras das finanças, criaram uma assustadora rede de monitoramente de prescrição pelos médios e vendas nas farmácias. Na Itália a polícia descobriu um sistema informatizado que permitia aos laboratórios acompanhar, por meio das farmácias, as receitas dos médicos do setor privado. Durante sua investigação, a polícia descobriu um sistema informatizado elaborado, denominado Giove (Júpiter) que permitia aos representantes comerciais acompanhar, por meio das encomendas nas farmácias, as receitas dos médicos. 13 mil horas de gravações telefônicas mostravam de modo bastante claro uma relação estreita entre as receitas e o montante dos presentes recebidos pelos médicos: “consultas” no Grande Prêmio de Monte Carlo ou no Caribe, pagamentos em espécie de quantias de até 1.500 euros, etc. A Itália, caso isolado? Casos similares apareceram nos Estados Unidos e na Alemanha…

Os laboratórios farmacêuticos estão no topo da valorização no mercado de ações. Muitas dessas valorizações são mais por conta de especulação do que propriamente pelo desenvolvimento de algumas pesquisas e medicamentos. As ações do Laboratório Inovio Pharmaceuticals, por exemplo, dobraram depois do anúncio de que vai iniciar testes clínicos para desenvolvimento de uma vacina. Outras indústrias do setor farmacêutico com valorização no mercado de ações são: a Moderna, Novavax, Regeneron Pharmaceuticals, Top Glove (maior fabricante mundial de luvas médicas). Todas, em comum, o aumento dos lucros com a pandemia. Os planos de saúde/seguro são outros que lucram muito. A UnitedHealth (controladora da Amil no Brasil, detém a maior fatia do mercado) teve lucro líquido de US$ 3,38 bilhões, só no primeiro trimestre desse ano. A pesquisa e a produção de medicamentos voltadas ao mercado, portanto, ao lucro, têm mais consequências problemáticas e atingem em cheio a parcela mais pobre. Os chamados medicamentos sintéticos não são mais atrativos, pois a taxa de lucro diminuiu (ao se tornar da rede pública a patente), a ponto de muitos laboratórios deixarem de produzir. Um exemplo é a penicilina, fundamental para o tratamento de inflamações e já até começa a faltar na Saúde pública. Em contrapartida, grandes laboratórios ao direcionarem suas pesquisas procuram medicamentos mais promissores financeiramente. As chamadas “Terapias gênicas”, baseada na transformação celular, é um caso típico. É um tipo de tratamento individualizado em que o sangue coletado do paciente é modificado pelo laboratório e depois injetado naquele paciente. Segundo o “insuspeito” presidente do Sindusfarma (sindicato patronal), foi lançado nos Estados Unidos e na Suíça um medicamento que custa U$ 2,5 milhões de dólares, voltado para tratar câncer e a esclerose lateral amiotrófica (ELA). Dessa forma, isso quer dizer que a cura somente estará disponível para milionários, aos mais pobres restará a morte de milhares.

Nos EUA, por exemplo, os lobistas dos fabricantes de produtos farmacêuticos conseguiram inserir para o setor grande parte dos recursos de US$ 8,3 bilhões destinados para combate ao coronavírus, maximizando seus lucros decorrentes através da transferência de somas diretas de recursos do Estado para os caixas dos grandes laboratórios. O texto final do pacote de incentivos não apenas omitiu as disposições que teriam limitado os direitos de propriedade intelectual dos fabricantes de medicamentos, mas efetivamente proibiu o governo norte-americano de tomar qualquer medida caso entenda que os preços dos tratamentos e das vacinas desenvolvidos com recursos públicos estejam altos demais.

A verdade é que lucrar em cima do investimento público também é o padrão da indústria farmacêutica. Desde os anos 1930, os Institutos Nacionais de Saúde, National Institutes of Health, ou NIH, dos EUA injetaram mais de US$ 900 bilhões em pesquisas que os laboratórios usaram para patentear medicamentos de marca, segundo os cálculos de Posner. Cada um dos medicamentos aprovados entre 2010 e 2016 pela Administração Federal de Alimentos e Medicamentos, a Food and Drug Administration, ou FDA, envolveu pesquisa científica financiada com recursos públicos por meio dos NIH, segundo o grupo de defesa de direitos Patients for Affordable Drugs [Pacientes pelos Medicamentos Acessíveis]. Os contribuintes investiram mais de US$ 100 bilhões nessas pesquisas. Dentre os medicamentos desenvolvidos com alguma medida de financiamento público, e que se tornaram grande fonte de lucros para as empresas privadas, estão o AZT, contra o HIV, e o tratamento contra o câncer Kymriah, que a Novartis atualmente vende por US$ 475 mil. As empresas privadas obtêm lucros exorbitantes de medicamentos produzidos com financiamento público. O medicamento antiviral sofosbuvir, usado para tratar a Hepatite C, derivou de pesquisa básica financiada pelos NIH. Esse medicamento é atualmente propriedade do laboratório Gilead Sciences, que cobra mil dólares por comprimido, mais do que muitas pessoas com Hepatite C conseguem pagar; o laboratório teve um lucro de US$44 bilhões com esse medicamento durante seus primeiros três anos no mercado.

Os lucros financiaram bônus gordos para os executivos dos laboratórios e agressivas campanhas de marketing desses medicamentos. Eles também foram usados para impulsionar ainda mais a lucratividade do setor farmacêutico. Os laboratórios respondem por 63% do total dos lucros da assistência de saúde nos EUA, em parte devido ao sucesso de seu lobby. Em 2019, a indústria farmacêutica gastou US$ 295 milhões em lobby, mais do que qualquer outro setor dos EUA. É quase o dobro do segundo colocado, o setor de eletrônicos, produção e equipamentos, e bem mais que o dobro do que as empresas de óleo e gás gastaram com lobby. O setor também investiu pesadamente em contribuições de campanha para candidatos ao legislativo, tanto do partido Democrata quanto do Republicano. Ao longo do processo das primárias democratas, Joe Biden tem sido o principal destinatário de contribuições do setor farmacêutico e do setor de assistência de saúde.

Somente com o fim da saúde privada, dos planos de saúde pagos e com a completa estatização de todo o setor (clínicas, laboratórios, hospitais e indústria farmacêutica) sob o controle dos organismos de poder dos trabalhadores, associada a uma nova concepção de medicina preventiva e humanizada pode atender as demandas da população explorada, contribuindo por uma vida com bem-estar físico e mental, condições impossíveis de serem alcançados pelo capitalismo doente e senil que arrasta a humanidade para a barbárie!