quinta-feira, 14 de maio de 2020

SEIS MESES DO GOLPE DE ESTADO NA BOLÍVIA: REGIME DE EXCEÇÃO CONSOLIDA-SE COM A PANDEMIA E FRENTE A COVARDIA POLÍTICA DO MAS


Nesta semana completou-se 6 meses do golpe de estado na Bolívia imposto em 10 de maio de 2019. Foram 35 pessoas mortas, 800 feridas, mais de 1,5 mil detidas e centenas de exiladas. Áñez usa a pandemia para permanecer no governo indefinidamente e pretende dispensar até mesmo as eleições fraudulentas indicadas para correr ainda neste semestre e originalmente agendadas para 3 de maio. Neste mês, o mandato terminou pela segunda vez, e, com a pandemia como justificativa, foi imposta a renovação automática por tempo indefinido, para consolidar seu projeto político neoliberal e um estado militar e policial terrorista. Desencadeou-se a caçada, policial e judicial, contra dirigentes sindicais e políticos, com a supressão dos direitos e garantias constitucionais. Há vários que se encontram em asilo político na embaixada mexicana em La Paz, enquanto Evo covardemnte se abrigou na Argentina sem chamar a resistência, ao contrário, seu partido o MAS fez um acordo com os golpistas para sustentar o regime político vigente, orientando o povo a “ficar em casa”. O terrorismo de Estado foi radicalizado pela pandemia, que é usada como estratégia para restringir a liberdade de expressão e aprisionar os oponentes. 


Arturo Murillo, ministro de Governo (similar à Casa Civil no Brasil), atua como juiz e promotor, se orgulha de realizar patrulhas cibernéticas e ameaça prender por até 10 anos aqueles que divulguem “desinformação” sobre a covid-19. O desmantelamento de empresas estratégicas é um exemplo. Na companhia aérea boliviana BoA, os executivos foram substituídos por parentes de Fernando Camacho, um dos líderes do golpe, que vinham da companhia aérea privada Amazonas. O destino dos créditos entregues pelo FMI em troca do aprofundamento do ajuste neoliberal e as doações milionárias de vários países e organizações para enfrentar a covid-19 são desconhecidos. Em 22 de março, a quarentena foi decretada e até hoje os hospitais carecem de respiradores, medicamentos, suprimentos, equipamentos de biossegurança, além de médicos. Contágios e mortes entre pessoal de saúde estão em aumento, enquanto faltam equipamentos de biossegurança. Em 11 de maio, começou a “quarentena dinâmica”, tornando o isolamento mais flexível em algumas regiões. Em 5 de maio, a secretária de Saúde de Santa Cruz de la Sierra, que concentra 60% das infecções no país, denunciou o colapso iminente do sistema de saúde, e o prefeito da cidade descartou o fim da quarentena na capital da região.. A Bolívia é o país que realiza menos testes na região, o que explica os baixos números oficiais de covid-19, e também serve para justificar as medidas mínimas de contenção. O Ministro da Saúde, que é ex-médico da Embaixada dos Estados Unidos, segue a linha política para a saúde de Donald Trump, que fez do seu país o epicentro global da pandemia, deixando as pessoas expostas ao vírus, condenando à morte os idosos e aqueles com patologias crônicas. O governo da Bolívia endureceu as medidas com a proibição da circulação de veículos e a restrição da circulação de pessoas, ampliando as medidas repressivas. A golpista vem mobilizando o Exército e a polícia para controlar o cumprimento das medidas e também perseguir os infratores da quarentena com penas de até 10 anos de prisão. 

Houveram protestos nesta semana em em Cochabamba, exigindo medidas para enfrentar a pandemia e realizar eleições “truchas” no período indicado na lei recentemente aprovada como defende o MAS. As manifestações foram reprimidas pela força pública boliviana, com o uso de tropas, armas e controle de tumultos. Ontem Evo denunciou esse quadro em seu Twweter: “Desde el sábado por la noche, las FF.AA. demuestran, por instrucciones del gobierno de facto, su ‘poder’, en plena cuarentena, con vuelos rasantes de aviones, tanques, efectivos y sirenas en las calles, un recordatorio de cómo se inició el golpe de Estado seis meses atrás”. Ao mesmo tempo pontuou que “El gobierno de facto amenaza con procesar a nuestro candidato, @LuchoXBolivia, por supuesta convocatoria a romper la cuarentena, extremo falso que se suma al hostigamiento que sufre y a las acciones ilegales que buscan proscribir al MAS”.

Lembremos que novembro de 2019 os parlamentares do MAS celebraram um acordo traidor com a direita golpista, um pacto vergonhoso chancelado pelo ministério das colônias do imperialismo ianque, a OEA. Na Câmara e Senado (onde são maioria) apresentaram o projeto de uma “Lei Excepcional e Transicional para a realização de Eleições Nacionais e Subnacionais” que determina a realização de eleições “truchas” controladas pelo governo títere da Casa Branca e a OEA. Com essa vergonhosa traição, o MAS aceitou passivamente o governo parido do Golpe de Estado tramado por Camacho e Mesa, que impôs marionente Áñez na presidência, empossada por generais genocidas. A heroica vanguarda de luta da Bolívia precisa combater nas ruas o golpe de Estado patrocinado por Trump/Bolsonaro, rompendo o acordo traidor costurado pelos dirigentes do MAS. Desgraçadamente o POR boliviano apoiou inicialmente as mobilizações da extrema-direita usando como pretexto o combate ao "reformismo", emblocando-se objetivamente com os golpistas. A tarefa imediata para as massas combativas do Altiplano é construir sua própria defesa militar, diante das atrocidades que estão ocorrendo, forjando organismos de poder operário e popular! Evo e o MAS, apologistas da conciliação de classes, devem ser superados pela própria experiência dramática da classe operária boliviana na luta contra a reação burguesa. Nesse sentido coloca-se na ordem do dia a derrubada revolucionária do governo títere do imperialismo ianque, chamando o boicote as eleições “truchas” alentadas pelo MAS, um processo fraudulento que visa apenas legitimar a facínora Áñez, dando tempo durante a Pandemia de Coronavírus para que os fascistas e as FFAA imponham uma derrota histórica ao bravo proletariado boliviano.