O governo Trump, apoiado por orientação do Pentágono,
levantou a possibilidade de realizar o primeiro teste nuclear desde 1992, quase
trinta anos após a demonstração de força com o fim da antiga URSS. Foi um aviso
para a Rússia e a China, relata o insuspeito jornal Washington Post, pontuando
que o novo teste representa uma ruptura com a estratégia militar que os Estados
Unidos vinha seguido nas últimas décadas. A discussão ocorreu em uma reunião
na Casa Branca no último 15 de maio e o jornal ianque cita um alto funcionário
do governo Trump e dois ex-funcionários como fontes, todos sob condição de
anonimato. A mudança na estratégica militar está sob o pretexto de que a Rússia
e a China estão conduzindo a crise da pandemia do coronavírus em seu favor, principalmente
no campo da tecnologia bélica e também econômica. Até o momento, Washington não
forneceu nenhuma evidência ou prova de que a manipulação genética do
coronavírus teria partido de laboratórios de segurança militar da China, muito
pelo contrário todos os “rastros” da pandemia indicam para o Pentágono e seus
locais de “ciência química e bacteriológica”. Segundo o alto funcionário do
governo citado pelo Washington Post, demonstrar que os Estados Unidos são
capazes de realizar um teste "rapidamente" é uma tática de presão
para “negociação favorável”, pois Washington busca um acordo tripartite com a
Rússia e a China sobre armas nucleares para manter sua hegemonia no arsenal
mundial. Beatrice Fihn, membro da Campanha Internacional para a Abolição de
Armas Nucleares (ICAN), o grupo que ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2017,
alertou que um teste nuclear dos EUA poderia "mergulhar-nos em uma nova
Guerra Fria", mas é exatamente neste sentido que o mundo caminha, em uma
conjuntura de extrema crise sanitária e econômica. O imperialismo ianque está
tomando decisões para alterar a política
estratégica e militar seguida até agora em relação a Rússia e China, assumindo
ameaças que vão desde uma nova guerra mundial, até o confisco das reservas
cambiais dos países “adversários”, depositadas no Tesouro norte-americano. A
reunião que debateu a retomada dos testes nucleares foi realizada depois que
Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos do “Tratado de Céus Abertos”, que
entrou em vigor em 2002, acusando a Rússia de violá-lo. O tratado permitia que os países signatários realizem vôos de
observação sobre os territórios de outros estados para verificar movimentos
militares, sem que esta ação fosse considerada de “invasão”. Já é o terceiro
acordo internacional que Trump decidiu retirar os EUA, após o pacto com o
programa nuclear do Irã, que foi revogado em 2018, e o Tratado INF sobre
mísseis terrestres de médio alcance, que foi abandonado no ano passado. A nova
etapa histórica aberta com a quarentena mundial, como consequência da crise de
superprodução capitalista, tendo a pandemia como uma justificativa sanitária,
revelará a decadência do imperialismo ianque e suas tentativas guerreiristas de
manter a “qualquer preço” sua antiga hegemonia planetária.