terça-feira, 26 de maio de 2020

APÓS 30 ANOS UM NOVO TESTE NUCLEAR DOS EUA: TENSÃO COM CHINA E RÚSSIA PODERÁ DESEMBOCAR EM UMA GUERRA NÃO SOMENTE “HÍBRIDA”


O governo Trump, apoiado por orientação do Pentágono, levantou a possibilidade de realizar o primeiro teste nuclear desde 1992, quase trinta anos após a demonstração de força com o fim da antiga URSS. Foi um aviso para a Rússia e a China, relata o insuspeito jornal Washington Post, pontuando que o novo teste representa uma ruptura com a estratégia militar que os Estados Unidos vinha seguido nas últimas décadas. A discussão ocorreu em uma reunião na Casa Branca no último 15 de maio e o jornal ianque cita um alto funcionário do governo Trump e dois ex-funcionários como fontes, todos sob condição de anonimato. A mudança na estratégica militar está sob o pretexto de que a Rússia e a China estão conduzindo a crise da pandemia do coronavírus em seu favor, principalmente no campo da tecnologia bélica e também econômica. Até o momento, Washington não forneceu nenhuma evidência ou prova de que a manipulação genética do coronavírus teria partido de laboratórios de segurança militar da China, muito pelo contrário todos os “rastros” da pandemia indicam para o Pentágono e seus locais de “ciência química e bacteriológica”. Segundo o alto funcionário do governo citado pelo Washington Post, demonstrar que os Estados Unidos são capazes de realizar um teste "rapidamente" é uma tática de presão para “negociação favorável”, pois Washington busca um acordo tripartite com a Rússia e a China sobre armas nucleares para manter sua hegemonia no arsenal mundial. Beatrice Fihn, membro da Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (ICAN), o grupo que ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2017, alertou que um teste nuclear dos EUA poderia "mergulhar-nos em uma nova Guerra Fria", mas é exatamente neste sentido que o mundo caminha, em uma conjuntura de extrema crise sanitária e econômica. O imperialismo ianque está tomando decisões para alterar  a política estratégica e militar seguida até agora em relação a Rússia e China, assumindo ameaças que vão desde uma nova guerra mundial, até o confisco das reservas cambiais dos países “adversários”, depositadas no Tesouro norte-americano. A reunião que debateu a retomada dos testes nucleares foi realizada depois que Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos do “Tratado de Céus Abertos”, que entrou em vigor em 2002, acusando a Rússia de violá-lo.  O tratado permitia  que os países signatários realizem vôos de observação sobre os territórios de outros estados para verificar movimentos militares, sem que esta ação fosse considerada de “invasão”. Já é o terceiro acordo internacional que Trump decidiu retirar os EUA, após o pacto com o programa nuclear do Irã, que foi revogado em 2018, e o Tratado INF sobre mísseis terrestres de médio alcance, que foi abandonado no ano passado. A nova etapa histórica aberta com a quarentena mundial, como consequência da crise de superprodução capitalista, tendo a pandemia como uma justificativa sanitária, revelará a decadência do imperialismo ianque e suas tentativas guerreiristas de manter a “qualquer preço” sua antiga hegemonia planetária.