Um assunto aparentemente “secundário” vem se mantendo no
topo da mídia nos últimos dias (como no Fantástico/Globo e no Domingo
Espetacular/Record de ontem), mesmo em plena pandemia de Coronavírus e merece a
atenção dos Marxistas Revolucionários apesar de todos os temas políticos
centrais que polarizam a conjuntura nacional: a morte da modelo Priscila
Barrios dentro do apartamento do delegado bolsonarista Paulo Bilynskyj no
último dia 20. Informações preliminares obtidas pela investigação são de que o
delegado e a modelo eram namorados e teriam discutido. Segundo ele, Priscila
teria atirado nele e se matado em seguida. A versão de que a modelo atirou no
delegado foi feita pelo próprio policial no hospital, mas está sendo contestada
pela família que aponta para o crime de feminicídio. O policial não fez exame
de pólvora na mão em um claro acobertamento de seus parceiros de profissão. O
delegado “alvejado” afirmou, em vídeo que circula nas redes sociais de
policiais, que a namorada viu uma mensagem de uma ex-namorada em seu celular e
depois que ele saiu do banho, ela deu 6 tiros nele (todos em regiões menos fatais
do corpo). “Ontem [terça-feira, dia 20], Priscila, minha namorada, viu uma
mensagem de antes de ela ir para minha casa. Hoje [quarta-feira], antes de eu
sair do banho, ela deu seis tiros em mim. Depois deu um tiro nela mesma”. O
delegado é conhecido por postar vídeos com armas e fotos com o amigo... Eduardo
Bolsonaro, além de ser alvo de vários processos na corregedoria da polícia civil
de São Paulo por cometer inúmeros delitos. O pano de fundo desse crime está
diretamente ligado à realidade que atravessa nosso país tendo como principal
base social um amplo setor da classe média imbecilizada, entorpecida e reacionária,
um fenômeno que vem ganhando grande impulso mundial. Ampla parcela da
pequena-burguesia patrocina abertamente as tendências neofascistas como parte
de seu ódio de classe contra a “esquerda” e o “comunismo”, ao mesmo tempo em que
deseja holofotes para seu “glamour deslumbrado” diante da miséria do povo pobre
duramente atacado pela crise econômica e a pandemia, que desgraçadamente acaba também sendo
arrastado para a direita diante da desmoralização provocada pela política de
conciliação de classes do PT que pertimiu o ascensão de neofascista Bolsonaro ao Planato. A morte da modelo tem como pano de fundo esse
panorama universal que vem ganhando força avassaladora no Brasil pandêmico e reacionário.
Nas redes sociais do delegado bolsonarista, notam-se mensagens de
teor nazi-machista tipo “O que a mulher faz, além de iludir”. Várias mensagens retratavam
como ele, um claro doente psicótico, enxergava um relacionamento: “Celular de
homem só tem louvor e foto de arma. Nem adianta querer olhar”, “Se o homem
disser, ‘só falo com você’, pode acreditar, homem não mente!”, “Verdades sobre
relacionamento. Homem quando demora pra responder é pq tá imaginando um futuro
com vocês. #BoaNoite”, “Homem é tudo igual, fiel, carinhoso e só consegue olhar
pra uma mulher só. #boanoite”. O advogado da família contesta o suposto
tratamento contra a depressão da modelo e a forma como ela teria tirado a
própria vida. A família da modelo não acredita na versão apresentada pelo
delegado Paulo Bilyinsky. Segundo a defesa dele, Priscila viu uma mensagem de uma ex-namorada
do delegado e disparou seis tiros contra ele, antes de disparar contra ela.
Investigadores do caso suspeitam, na verdade, de um feminicídio. Priscila
morava até abril em Curitiba, onde trabalhava com um primo. Consultado pela
Rede Globo, o primo afirmou que “a família não acredita” no relato do delegado.
“Primeiro, pelo pouco tempo de manuseio com arma”, disse o familiar, que não
foi identificado. “Ela não gostava que maltratasse animal, preservava muito a
vida.”.
O Boletim de Ocorrência do caso que resultou na morte da
modelo Priscila, com marca de tiro na altura do peito,
revelou a presença de seis armas de fogo no apartamento do delegado Paulo
Bilynskyj, 33, que foi baleado em São Bernardo do Campo (SP). Ele deixou o
imóvel sozinho e pediu socorro. No chão do corredor, em meio a poças de sangue,
havia uma pistola Glock 9mm. Uma carabina Taurus CTT 40 encontrava-se sobre o
sofá da sala. Outras armas de fogo foram vistas sobre a cama de um quarto do
apartamento, além de grande quantidade de munições de diversos calibres. Um
fuzil, por exemplo, tinha 862 cartuchos. As armas apreendidas pela polícia e
citadas no B.O. são: duas pistolas, dois fuzis, uma metralhadora e uma
espingarda (esta última teve registro vencido em abril de 2019, cuja
proprietária é mencionada como Helenice Vaz de Azevedo Corbucci). Dentre estas
seis armas, somente uma pistola Taurus está ligada à Polícia Civil. O vizinho
Arthur Mancio Prata ouviu uma sequência de disparos e acionou a Polícia Militar
antes de ser procurado por Paulo, que, ferido por tiros no dedo, na perna e no
abdômen, deixou o apartamento sozinho e pediu socorro. Porém, o vizinho disse à
Polícia Civil que não escutou mais disparos depois que o delegado baleado bateu
em sua porta; além disso, afirmou que não ouviu vozes femininas em momento
algum da suposta discussão. Paulo disse que Priscila teria atirado contra ele
seis vezes, mas Arthur Mancio Prata relatou ter ouvido cinco disparos iniciais
e, posteriormente, outros tiros intercalados por pausas.
O proletariado deve denunciar esta questão como parte das
barbaridades próprias do capitalismo senil a ser liquidado pela ação consciente
da classe trabalhadora, com independência diante da burguesia e seus agentes,
sejam de que sexo e cor forem. Os Revolucionários defendem consignas
democráticas pela igualdade de direitos entre os sexos, mas não omitem a
verdade para as trabalhadoras dizendo que terão seus sofrimentos derivados da
opressão e da exploração de classe solucionados dentro dos marcos do
capitalismo e menos ainda disseminam ilusões de que o aprimoramento do aparato
repressivo capitalista trará melhor sorte para elas. Os Marxistas repudiam
publicamente o agressor covarde fascistoide sem cair no apoio ao feminismo
burguês de “mercado” que encobre as relações capitalistas mercenárias e vazias
que geram crimes desta natureza bárbara, nesse brutal “bang-bang” que contagia
cada vez mais as relações no interior da reacionária classe média de nosso
país.