O ex-“Super Ministro” da Justiça e Segurança Pública, Sergio
Moro, chegou para depor na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, por
volta das 13h50 deste sábado (02/05). O inquérito aberto pela PF foi autorizado
pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e vai apurar se as acusações de Moro
lançadas contra o presidente Bolsonaro são verdadeiras, se o inquérito chegar a
conclusão que não foram, o chefe da Lava Jato poderá responder na Justiça
Federal por denunciação caluniosa e crimes contra a honra do neofascista que
agora o chama de “Judas”. No palco do STF, Celso de Mello, é o relator do caso,
determinando os Procuradores da República para acompanhar o inquérito, a lista
é encabeçada por João Paulo Lordelo, um “antimorista” confesso. Do lado de fora
da PF curitibana, Moro experimentou todo o desprestígio que acumulou nas hordas
bolsonaristas, que antes o endeusavam, poucos manifestantes saíram para apoiar
o chefe da Lava Jato, enquanto uma pequena massa fascista, em larga maioria,
gritava o nome do “Mito” mostrando fidelidade canina. Moro e sua República de
Curitiba foi o protagonista central do golpe institucional contra o governo
Dilma em 2015/16, Bolsonaro é apenas um subproduto do regime de exceção criado
no país pela Lava Jato. Porém entre 2015 e hoje outros elementos políticos
entraram em cena, cujo principal deles foi a vitória da extrema direita ianque
nos EUA, empossando o reacionário Trump na Casa Branca. Moro perdeu seu papel
de principal interlocutor do imperialismo ianque no Brasil, dividindo esta
posição estratégica com o neofascista tupiniquim, que se diz espelhar seu
governo em Trump. Agora com a eleição presidencial indefinida nos EUA, devido
ao desastre sanitário promovido pela CIA em seu próprio país, também fica
indefinido o posto de “peão” do imperialismo no Brasil, deixando Moro em uma
situação muito vulnerável caso Trump consiga sua recondução a Casa Branca. Este
processo recém se inicia, e Moro deverá ir descartando suas “provas” contra
Bolsonaro na medida em que avança a crise do governo neofascista. O destino
político de Moro ficará ao compasso da dinâmica da epidemia no Brasil e na
própria definição da eleição norte-americana, prevista para novembro. Até lá
tanto a “fritura” de Moro, como de sua criação Bolsonaro, seguirão intensas e
ironicamente por razões opostas. Quem assiste este processo de “camarote” é o
PT, muito interessado no defestramento de Moro (um possível candidato em 2022),
mas também tirando proveito da debilidade de Bolsonaro, que vem perdendo uma
parcela de sustenção significativa nos extratos altos da “classe média” e agora
se vê forçado a uma aproximação com o “Centrão”.