quinta-feira, 28 de maio de 2020

“ACABOU PORRA”: BOLSONARO CLAMA PELA RUPTURA ENQUANTO LULA E A ESQUERDA REFORMISTA CHAMAM OS “SUPER HERÓIS” CELSO DE MELLO , ALEXANDRE DE MORAES E RODRIGO MAIA PARA DEFENDEREM ESTA DEMOCRACIA GOLPISTA


O presidente Jair Bolsonaro dobrou o nível de suas bravatas, ameaçando uma desobediência de seu governo as últimas deliberações que vem partindo do STF contra sua anturragem política. Na parte desta manhã (28/05) no cercadinho do Palácio do Alvorada, Bolsonaro afirmou em tom ameaçador que “ordens absurdas não se cumprem”, referindo-se à operação da PF na véspera que cumpriu medidas de busca e apreensão em endereços de membros das turbas fascistas que atacaram Ministros da Corte Suprema. Bastou mais este “blefe” do neofascista, quase que uma prática diária no cercadinho do Planalto, para que o mundo ficcional dos “democratas” voltasse a alardear um novo “golpe iminente”, desta vez voltado contra os dois Ministros do STF, Celso de Mello e Alexandre de Moraes, ou no máximo contra a Corte em sua totalidade. A história da luta de classes nacional é prenhe em tentativas de golpes no Brasil, uns bem sucedidos outros fracassaram completamente. O mais recente golpe vivido no país foi contra um governo de Frente Popular em seu quarto mandato consecutivo, desgastado ao limite após implementar uma agressiva agenda neoliberal. Este último que teve características de um golpe institucional, evocando dispositivos da própria constituição como o impeachment, ainda está em pleno curso com a vigência deste governo golpista. Neste largo histórico de golpes tupiniquins, também não faltaram tentativas de “golpes dentro de golpes”, como se delineia a possibilidade colocada na conjuntura nacional. Poderíamos citar o “AI-5” em 68, um golpe institucional bem sucedido no recrudescimento do próprio regime militar.

Outro exemplo um pouco mais recente em nossa história, foi a tentativa de comandantes militares em golpear o ditador Ernesto Geisel no processo de sua sucessão presidencial no Colégio Eleitoral em 1978. Este “tragicômico” episódio golpista que acabou em um redundante fiasco político e militar, teve como protagonista central o general Silvio Frota, que contava na época com o “jovem oficial” Augusto Heleno como seu “ajudante de ordens”. Portanto o atual general aposentado, Ministro chefe do GSI, o mais aguerrido bolsonarista que é apologista de um “golpe dentro do golpe” tem uma “marca traumática” em seu reacionário currículo político. Mas voltando para o presente, se não podemos descartar historicamente a vertente de um “golpe dentro do golpe”, temos que analisar se existem elementos de força para o bolsonarismo ter êxito em seu “sonhado auto-golpe”. Em primeiro lugar trata-se de um governo fraco e de acúmulo de crises políticas, sustentado ainda pelo mercado pelo fato de ter conseguido aprovar a (contra)reforma da previdência, sob a inação do PT e da CUT. Bolsonaro reúne os maiores fracassos de um governo ainda no curso de seu primeiro ano de gestão. Não conseguiu sequer indicar seu filho 03, o falastrão como embaixador nos EUA, não conseguiu implementar sua política sanitária no país e tampouco impor um ministro da saúde a sua semelhança, não conseguiu nomear o superintendente da PF após a saída de seu principal fiador político junto a burguesia e o imperialismo Sérgio Moro. Um “gerente” sem partido e base parlamentar, sem apoio de governadores e rompido com o principal grupo de comunicação da América Latina. Um governo que mesmo sob a paralisia total da oposição burguesa do PT, está sendo encurralado pelos desmoralizados Ministros do STF, e tutelado pelo Alto Comando militar, não pode ser considerado forte o suficiente para desferir um golpe de Estado com êxito, simplesmente para proteger seu clã e amigos das turbas fascistas. 

Não queremos negar o perigo do crescimento das hordas da extrema direita, cada vez mais ativas e ousadas diante da covardia escandalosa da esquerda reformista. No vazio absoluto das mobilizações das massas amedrontadas com a histeria da pandemia, os berrantes bolsonaristas parecem maiores e mais fortes. Bolsonaro sabe que não será seguido pelo Alto Comando militar em nenhuma aventura miliciana, mesmo provavelmente apoiada por setores das polícias, mas também tem conhecimento pleno que ainda não existe nenhuma alternativa no campo da burguesia pronta para substituí-lo, e que por isso mesmo se permite arrostar reacionarismo todos os dias contra “tudo e todos”. A pandemia do coronavírus não deixa de ser um elemento chave para o relativo espaçamento político do bolsonarismo, “surfa na onda” contra o isolamento social imposto pela OMS e no demagógico discurso que a miséria e desemprego são culpa da quarentena e não da crise estrutural capitalista da superprodução de mercadorias. Confortavelmente fazendo discursos contra a situação da economia, da educação e da saúde, sendo presidente da república (lembra um pouco Itamar Franco) revela que não pode governar plenamente como gostaria, por isso sonha e açula tanto por um autogolpe. Mas o risco real de suas bravatas golpistas consiste na influência que exercem no crescimento da franja neofascista no país, que realmente podem ser muito úteis quando a burguesia nacional sentir a necessidade política de desferir um verdadeiro golpe de Estado contra os movimentos sociais e suas organizações políticas. Para barrar esta marcha ofensiva da extrema direita, um suposto “golpe dobrando a esquina”, o PT e seus apêndices não querem se apoiar na ação direta da classe operária, na direção oposta clamam socorro aos “ilustres democratas”, Ministros do STF, Presidentes da Câmara e Senado e generais “moderados” como Mourão. Assim Lula definiu hoje a política da Frente Popular de colaboração de classes: “Um aviso aos democratas do Brasil, os golpistas já colocaram o pé na nossa varanda”. Desgraçadamente para a resistência do proletariado, os “heróis democratas” segundo o PT são: Celso de Mello, Alexandre de Moraes, Rodrigo Maia e quem sabe até Hamilton Mourão...