A fala do playboy Ricardo Salles, ministro do meio-ambiente,
na reunião ministerial do dia 22 de abril, afirmando que estava aproveitando o momento da
pandemia do Coronavírus para mudar regras legais a fim de desmatar e ampliar a
grilagem é só um reflexo da ofensiva dos latifundiários e das grandes empresas
no campo. Segundo ele, seria hora de fazer uma “baciada” de mudanças nas regras
ligadas à proteção ambiental e na área de agricultura. “Tem uma lista enorme,
em todos os ministérios que têm papel regulatório aqui, para simplificar. Não
precisamos de Congresso”. Salles sugere usar a pandemia para fazer mudanças na
área ambiental “Ir passando a boiada... A oportunidade que nós temos, que a
imprensa está nos dando um pouco de alívio nos outros temas, é passar as
reformas infralegais de desregulamentação... Tem um monte de coisa que é só,
parecer, caneta, parecer, caneta. A gente tem um espaço enorme pra fazer”. Por
sua vez, há também o Projeto de Lei 2.633/2020, resultado da Medida Provisória (MP)
910, apelidado de “PL da Grilagem”. A lei incentivará a apropriação de terras e
o desmatamento generalizado que colocará em risco a sobrevivência da Amazônia, além
de prejudicar os direitos das comunidades indígenas e tradicionais. Não por
acaso, o desmatamento da Amazônia em abril foi o maior dos últimos dez anos,
com 529 km² da floresta derrubada. Com esta cifra, a região teve, no mês
passado, um aumento de 171% em relação a abril de 2019. Em resumo,
grandes áreas votadas para o garimpo e a agricultura controlada pelas grandes
empresas. O aumento ocorre em meio à recomendação de distanciamento social devido
à pandemia do novo coronavírus que vem paralisando a luta de classes sob a orientação da Frente Popular comandada pelo PT e a CUT. Nós revolucionários defendemos que a verdadeira defesa do meio-ambiente só pode ser realizada através da aliança do campesinato pobre com o proletariado do campo e da cidade através da luta pela revolução agrária que exproprie os latifundiários através da construção de comitês de autodefesa armados, preservando a vida dos lutadores ameaçados pelo terror dos grandes proprietários, acobertados pelo governo Bolsonaro. Os Marxistas Leninistas dizemos claramente que
só a revolução socialista, com a expropriação da burguesia em nível mundial e a
liquidação do modo de produção capitalista podem pôr um fim às forças
destrutivas, às guerras e aos monopólios predadores que ameaçam a existência da
humanidade. Somente o proletariado mundial, urbano e rural, e seus aliados
históricos como o campesinato pobre, será capaz de travar uma luta consequente
para expropriar o latifúndio, as grandes empresas e os monopólios por meio da
luta pela revolução proletária e o socialismo!
Nesse sentido, fazemos também a polêmica com os próprios
“ecossocialistas” que buscam novas vanguardas justamente para negar a luta de
classes como motor da história e o método da violência revolucionária e a
ditadura do proletariado como únicos meios capazes de salvar a humanidade da
barbárie capitalista. O saque e a destruição do homem e da natureza são
consequências do modo de produção, apropriação e distribuição capitalistas, que
não tem como ser planejada e racionalizada, mas sim liquidada pelos
trabalhadores. Não por coincidência no Brasil os “ambientalistas” atuam em
conjunto com as ONGs manipuladas pelo imperialismo ianque e europeu para se
passarem como “baluarte das florestas”.
Para os Revolucionários, o combate efetivo em defesa das
reservas naturais, jamais poderá ser realizado em aliança política com
empresários, ONGs e setores ligados as diversas ala do imperialismo e seu
projeto de “capital verde”. Contra esta farsa, denunciamos a impossibilidade de
haver qualquer preservação da própria espécie humana assim como do
meio-ambiente, das florestas e das fontes aquáticas sob o tacão dos grandes
monopólios transnacionais, já que o capitalismo leva a humanidade à barbárie e
às guerras de espoliação impondo fome, miséria e desemprego. Ao mesmo tempo,
desmascaramos os charlatões que através do chamado “ecossocialismo” não fazem
mais que reforçar a tese revisionista de que o proletariado está superado como
direção política da revolução socialista apresentando as “novas vanguardas”
(verdes, luta de gênero) como eixo principal da “utopia” de uma “economia
sustentável”. Eles “esquecem” que o conceito de forças produtivas elaborado por
Marx, engloba fundamentalmente a força de trabalho, ou em outras palavras, o
proletariado, a força produtiva principal. Em uma sociedade que condena a
maioria da população, inclusive nos países imperialistas, à miséria absoluta as
forças produtivas efetivamente deixaram de crescer e só podem voltar a fazê-lo
através da Revolução Proletária para garantir a existência da humanidade em
harmonia com a Natureza em um futuro comunista.