segunda-feira, 25 de maio de 2020

MORO “APERTADO” NO FANTÁSTICO: FAMIGLIA MARINHO QUER O EX-JUIZ NA LIDERANÇA DA OPOSIÇÃO BURGUESA


O programa “Fantástico” da Globo colocou no ar neste domingo (24/05) uma entrevista exclusiva com o ex-ministro Sérgio Moro, mudando um pouco o “tom” com que vinha tratando o ex-ministro até agora. Na primeira parte da entrevista a jornalista Poliana Abritta seguiu um roteiro “previsível” dando espaço para Moro justificar a defesa de sua “tese” em relação a tentativa do presidente Jair Bolsonaro interferir no comando da PF para proteger seus familiares no Rio de Janeiro. Neste bloco Moro repete a narrativa, sem muito “brilhantismo”, de que não caberia a ele “sentenciar” se Bolsonaro cometeu crime ou não. Em um segundo momento, Moro aumentou seus ataques a Bolsonaro quando o acusou indiretamente de estar fazendo “corpo mole” no suposto combate a corrupção, utilizando a imagem do ex-juiz símbolo da Lava Jato, como um disfarce para acobertar acordos com políticos corruptos do Centrão.“Me desculpe aqui os seguidores do presidente, se essa é uma verdade inconveniente, mas essa agenda da área de corrupção não teve um impulso por parte do presidente da República para que nós implementássemos”, afirmou Moro. Entretanto a entrevista começa a mudar o rumo, quando Poliana começa a “apertar” Moro, a jornalista insistiu sobre o silêncio dele durante a reunião ministerial de 22 de abril, que teve a gravação divulgada. No encontro de cerca de duas horas, o então ministro falou apenas alguns minutos. “Eu não sou o presidente da reunião. Eu não tava confortável. Eu me sentia incomodado em vários momentos. Eu estava no governo e tinha limitações do que podia externar publicamente”, respondeu, depois de alguma insistência de Poliana. Porém o salto de qualidade da entrevista ocorreu no final quando Abritta destacou que Moro ficou 16 meses no governo, insinuando sua cumplicidade com as atrocidades de Bolsonaro. Diante de um Moro incomodado, como se a Globo estivesse quebrando o protocolo de um roteiro “morno”, o ex-juiz disse que aceitou ser ministro por entender que “tinha uma missão e que não se arrepende”. A leitura política tanto da entrevista com Moro em seu conjunto, como do planejado “aperto” dado pela Globo, caminha na direção de cobrar uma posição de oposição mais firme, como de uma ruptura definitiva e sem vacilações com o bolsonarismo. Na pergunta final sobre seu futuro político, Moro pela primeira vez não negou uma possível candidatura, embora tenha deixado todas as variantes ainda abertas... A famiglia Marinho busca uma liderança para a oposição burguesa, de sua mais absoluta confiança, para ocupar o vazio político deixado pela falência prematura da Frente Popular em plena pandemia do coronavírus.