O ato em apoio a Bolsonaro neste domingo (03.05) ocorrido em Brasília e em várias capitais do país foi claramente uma manifestação
fascista. Inclusive os seus organizadores no DF se autointitulam os “300 do
Brasil” que treinam para ser “a primeira milícia armada de apoio a Bolsonaro e
contra ‘corrupção e a esquerda’”. No Rio Grande do Sul, apoiadores do presidente canalha
voltaram a se reunir em frente ao Comando Militar Sul em Porto Alegre. Os
manifestantes levantaram pautas como Intervenção Militar e por um novo AI-5. Contrários à manifestação, por volta das 15h, um
grupo de manifestantes antifascistas surpreendeu os bolsonaristas e marcou
presença na Rua dos Andradas. Após a dispersão, na Praça da Alfandega houve confronto. A Brigada Militar prendeu 3 manifestantes antifascistas, alegando
lesão corporal contra o grupo que pedia a intervenção militar. Os manifestantes
foram detidos e encaminhados 9ª Batalhão da Brigada Militar e estão sendo
acompanhados por advogados. Desde a LBI prestamos nossa solidariedade aos camaradas
gaúchos e defendemos a organização de comitês de autodefesa dos trabalhadores
que tenha como eixo político combater pela via direta a ofensiva reacionária em
curso. Nesse sentido, temos que superar politicamente a defesa de dóceis
palavras de ordem como “Renúncia”, “Constituinte” ou mesmo “Eleições gerais”,
ou seja, a “luta” por encontrar uma saída pacífica e ordeira para a crise do
regime político nos marcos da institucionalidade burguesa. Tanto que em geral não
há na esquerda brasileira, que
encontra-se completamente acovardada e inativa, inclusive entre os grupos que se
reivindicam trotskistas, uma linha sequer em defesa do Armamento Popular,
Comitês de Autodefesa, Milícias Operárias!!! Essa tarefa, segundo esses
senhores, não estaria colocada para agora, nesse momento devemos ser
“realistas” defendendo fórmulas concretas para resgatar a democracia burguesa
totalmente desacreditada aos olhos dos trabalhadores! Convocar a formação
desses instrumentos de auto-defesa armada, como propõe a LBI, seria para esses
senhores uma “provocação” em tempos de Pandemia.
Em resposta, reproduzimos o que nos ensinou historicamente Trotsky: “Conclamar a organização da milícia é uma ‘provocação’, dizem alguns adversários certamente pouco sérios e pouco honestos. Isto não é um argumento, mas um insulto. Se a necessidade de defender as organizações operárias surge de toda a situação, como é possível não se conclamar a criação de milícias? É possível nos dizer que a criação de milícias ‘provoca’ os ataques dos fascistas e a repressão do governo? Neste caso, trata-se de um argumento absolutamente reacionário. O liberalismo sempre disse aos operários que eles ‘provocam’ a reação, com sua luta de classes.” (Aonde vai a França, LT). Assim como na imperdível comédia do filme italiano de Mario Monicelli da década de 60, esses “bem-intencionados” revisionistas são motivo de piada ao se fantasiarem de “lutadores consequentes” quando não passam de dóceis reformistas, que via de regra negam-se a ocupar as fábricas nas greves, aceitam quase passivamente as demissões e sempre reivindicam a arbitragem da Justiça burguesa e seus tribunais para solucionar os conflitos sociais, como vimos várias vezes na Embraer e na GM.
Muitos desses grupos como a Resistência, a CST e o PSTU pleiteiam melhores condições de trabalho para os policiais reprimirem os trabalhadores e não lutam pelo fim do aparato repressivo pelas mãos dos explorados organizados em milícias operárias e comitês de autodefesa! Por esta razão diante do agravamento da crise do regime burguês os Marxistas publicitamos a necessidade da organização de um greve geral por tempo indeterminado, rejeitando os “escapes” democráticos (diretas ou constituinte), ao mesmo tempo que forjamos embrionariamente a consciência dos explorador na senda da construção de seu próprio poder estatal, o governo operário e camponês ,como um sinônimo político da Ditadura do Proletariado. A LBI defende que faz-se necessário debater com o movimento de massas a tarefa de organizar de conjunto nossas milícias de autodefesa, independente dos matizes políticos que nos separam. No campo, nas periferias e nos centros urbanos a organização dos círculos de autodefesa deve estar colada à ação direta nos sindicatos e associações, sempre na perspectiva da luta concreta por melhores condições de vida e salário. Não devemos encarar a formação das milícias de autodefesa como uma tarefa “militarista”, separada de nossas reivindicações pontuais e históricas. Nossas lutas estão enfrentando uma etapa bastante delicada nesta correlação de forças, onde enfrentamos em plena Pandemia o duro ajuste neoliberal e o crescimento de grupos fascistas, que devem se avolumar na medida do agravamento da própria crise econômica. Estabelecer uma enérgica resposta política dos oprimidos a cada ataque direitista contra nossos companheiros e lutas, perpassa pela organização de nossas milícias de autodefesa, sabemos muito bem que com o fascismo que ameaça nossas liberdades democráticas “Não se dialoga, se combate de armas na mão, se preciso for!”.
Por esta razão reforçamos nosso chamado ao MST, MTST, CUT,
UNE, Conlutas, Intersindical e demais entidades de massas para que debatam em
suas bases e organizem o mais rápido possível as milícias de autodefesa de cada
organização de esquerda, porque a sanha facínora da direita já mostrou que está
em curso como nesse final de semana. Trotsky já nos dizia no Programa de
Transição que “Por ocasião de cada greve e de cada manifestação de rua, é
necessário propagar a ideia da necessidade da criação de DESTACAMENTOS
OPERÁRIOS DE AUTO DEFESA. É necessário inscrever esta palavra-de-ordem no
programa da ala revolucionária dos sindicatos. É necessário formar praticamente
os destacamentos de auto-defesa em todo o lugar onde for possível a começar
pela organizações de jovens e conduzi-los ao manejo das armas. A nova onda do
movimento de massas deve servir não somente para aumentar o número de
destacamentos, mas ainda para unificá-los por bairros, cidades, regiões. É
necessário dar uma expressão organizada ao ódio legítimo dos operários pelos
pelegos e bandos de gangsters e de fascistas. É necessário lançar a
palavra-de-ordem de MILÍCIA OPERÁRIA como única garantia séria para a inviolabilidade
das organizações, reuniões e imprensa operárias”. Como se observa, enquanto o
fundador da IV Internacional orienta publicitar amplamente essas medidas de
luta, os hilários revisionistas do trotskismo de hoje tratam de esconder essas
palavras de ordem em nome de saídas políticas e ordeiras dentro dos marcos do
regime político vigente, seu escudo é apenas repitar a mantra pacifista e imobilista
da Frente Popular capitaneada pelo PT: “Fiquem em casa” ... e deixem os fascistas
de mãos livres para agir!