DOCUMENTÁRIO “LIBELU, ABAIXO A DITADURA!”... ASSISTIR PARA
FAZER UM BALANÇO MARXISTA DA POLÍTICA DOS “LAMBERTISTAS” DE ONTEM (OSI) E DE
HOJE (O TRABALHO)
Está sendo divulgado nas redes sociais o cartaz do
documentário "Libelu - Abaixo a Ditadura" dirigido por Diógenes Muniz
e co-produzido pela Boulevard Filmes, Globo Filmes e Globo News. Ele expõe onde estão e o que pensam agora, os
jovens dirigentes e militantes trotskistas que foram às ruas contra o regime
militar na década de 70. Tem relatos de Josimar Melo, Ricardo Melo, Júlio
Turra, Cleusa Turra, Paulo Moreira Leite, José Arbex Jr, Markus Sokol, Clayton
Avelar, Evando Aureliano Peixoto, Eliezer Szturm, Everly Szturm, Ricardo
Miranda, Altino Antônio de Barros Neto. O documentário foi selecionado para o
"É Tudo Verdade 2020", maior festival de documentários da América
Latina, cuja fase presencial foi adiada para o mês de setembro devido à
pandemia do Coronavírus, o filme aguarda lançamento nas salas de cinema. A
juventude trotskista “Libelu” (Liberdade e Luta), corrente estudantil impulsionada
no Brasil pela Organização Socialista Internacionalista (OSI), secão política da "IV Internacional refundada" então ligada ao falecido dirigente revisionista do trotskismo Pierre
Lambert (ex-OCI francesa), chegou a obter uma significativa influência no final
dos anos 70, já que foi a primeira tendência política no movimento de massas a
defender a palavra de ordem “Abaixo a Ditadura!” de forma pública e aberta.
Tinha uma atuação que começou a se tornar mais influente no meio estudantil
quando sua chapa disputou e venceu as eleições para o DCE da USP. A orientação
política da OSI (hoje a tendência petista "O Trabalho") no final dos
anos 70 foi marcada por um zigue-zague político da corrente Lambertista que
vinha de uma posição correta nas eleições de 78, convocando a construção de um
partido operário independente ao mesmo tempo em que lançava a campanha do voto
nulo nas eleições parlamentares e a denúncia do Colégio Eleitoral que “elegeu”
presidente o general Figueiredo. No curso desse processo a OSI chegou a
postular a política sectária e antitrotsquista de “sindicatos livres” que
virava as costas para os sindicatos controlados pelos agentes da ditadura e os
pelegos, como Lula.
Concomitante ao apoio da OCI ao governo de Mitterrand na
França, a OSI, a segunda maior seção Lambertista, realiza um giro de 360º e a
“Libelu” substitui uma oposição sectária à formação do PT até então tido como
uma “articulação burguesa” montada pelos militares por um adesismo sem
princípios, desembocando grande parte de sua influência na corrente de Lula, a
“Articulação”, que seria agora uma “direção classista de um partido operário
independente”. Desgraçadamente, OT dava seus primeiros grandes sinais de degeneração,
primeiro caracterizando o PT como mais um partido da transição golberyana para
depois capitular vergonhosamente ao lulismo, identificando este fenômeno
político como sendo a “materialização possível” de sua palavra de ordem em
defesa de um partido operário independente.
São quase 40 anos de entrismo no PT, partido que serviu de
manjedoura para acolher todos os quadros oportunistas formados na OSI, como
Gushiken, Palocci, Clara Ant, Arlete Sampaio, Luiz Favre... A maioria dos
dirigentes da OSI, após um breve período de vacilação, integra-se a direção do
PT e a “Articulação”. Um dos quadros da "Libelu" foi Palocci, o rato
delator da Lava Jato. A trajetória do canalha vem de longe. Lembramos que 1983
no Congresso da UNE de São Bernardo do Campo Palocci então dirigente da
tendência "Liberdade e Luta" já dedurava os militantes da esquerda
revolucionária petista (CS, OQI, MEP, ORMDS, etc...) para que a “Articulação
dos 113” (atual campo majoritário do PT) não aceitasse o ingresso destas organizações
nas plenárias do partido. Até pouco tempo atrás, o ex-ministro
"chave" dos governos petistas ainda cotizava regularmente com a
corrente "O Trabalho". Assim como o outro ex-"Libelu"
Demétrio Magnoli (cara de cavalo), Palocci foi outro porta voz da Famiglia Marinho
na cruzada da reação contra a esquerda...
Palocci não foi o primeiro "dedo duro" a ser
gestado no ventre de "O Trabalho", uma corrente decomposta moralmente
que costuma entregar para a repressão da burguesia militantes considerados
"indesejáveis", como Pedro Carrasquedo ativista basco preso pelo
então governo "socialista" da França com a colaboração dos
Lambertistas. Vale a pena assisitir o documentário para ver criticamente o que
dizem e relaram sobre essa organização muitos dos que militaram na Libelu,
alguns poucos que ainda permanecem em OT, além de muitos que traíram nossa
classe e se passaram de malas e bagagens para o campo da burguesia...