Hospitais transbordando, médicos e enfermeiras exautos,
favelas desesperadas. Estes fatos dramáticos são o retrato de Mumbai, maior
cidade da Índia e uma das maiores do mundo, quando o coronavírus eleva a super
metrópole a um caos sanitário e econômico. O drama da pandemia do coronavírus
que a Índia retardou a revelar ao mundo está se tornando realidade em Mumbai,
com seus mais de vinte milhões de habitantes. O governo central de extrema
direita, decretando uma quarentena sem as mínimas condições de planejamento e
proteção social, acabou agravando a epidemia para uma situação de explosão de
contaminação, levando milhares de trabalhadores a vagar nas ruas sem comida, e
empurrar milhões de pessoas a se comprimirem em cômodos nas favelas das mega
cidades indianas. Os que são contaminados pela Covid, sem ter hospitais e
postos médicos sequer para um atendimento básico, são marcados com tinta pela
polícia e órgãos sanitários com o “símbolo da peste”, Apestados é a expressão
do “neonazismo” disfarçado de “controle sanitário”, contra populações pobres
que são reprimidas pelo Estado Burguês para se confinarem em favelas e palafitas da periferia urbana.
Mumbai é a cidade mais densamente povoada da Índia e o
centro financeiro do país, uma península irregular emoldurada pelo Mar da
Arábia e por outras vias navegáveis, uma metrópole de imponentes prédios de
apartamentos de alto luxo e centenas de favelas sem fim, uma cidade de grandes
fortunas e pobreza desesperada, todos juntos e divididos pelas fronteiras de
classe. É em Mumbai que o homem mais
rico da Ásia, Mukesh Ambani, construiu uma casa unifamiliar de 27 andares,
avaliada em centenas de milhares de Dólares. Enquanto o coronavírus atravessa
lentamente a Índia, Mumbai sofreu o pior surto. Agora, essa cidade “internacional”
é responsável por 30% das infecções por coronavírus na Índia e por quase 35%
das mortes, que oficialmente ainda estão em um patamar muito baixo, devido é
claro a subnotificação de casos.
Em Dharavi, a maior favela de Mumbai, as infecções estão explodindo.
Tentando rastrear contaminados, os organismos sanitários de saúde se espremem
por pequenas vielas, um pouco mais estreitas que um par de ombros ,ӎ preciso
virar de lado para passar”. Os fiscais colocam um carimbo de tinta nas mãos de
pessoas expostas ao vírus, “Apestados” e ordenam que permaneçam dentro de casa
por duas semanas, sob ameaça de prisão.
Policiais rondam as estradas principais, enquanto milhares
de pessoas testaram positivo para o coronavírus, gerando centenas de mortes que
possam ser notificadas. Esta nação de 1,3 bilhão de habitantes não dispõe de
testes, e fundamentalmente de uma estrutura de saúde pública e universal para o
seu povo. O resultado é uma catástrofe social e sanitária. Em Mumbai, a maioria
do povo não tem dinheiro para ir ao supermercado, o que significa a procura por
barracas de alimentos que por terem preços menores estão lotadas. A maioria do
povo ainda não têm máscaras de proteção por falta de condições econômicas e
tampouco o governo as disponibiliza gratuitamente. As tensões sociais estão
aumentando entre os bairros ricos e os pobres. Na medida que o contágio aumenta
no interior das favelas de Mumbai, muitos moradores mais ricos estão
determinados a ficar longe dos moradores de favelas, fechando suas ruas e bairros
com cercas. As entidades patronais nas partes mais “sofisticadas” da cidade
impediram que empregadas, vigias e trabalhadores casuais (muitos dos quais moram
nas favelas) viessem ao trabalho. É neonazismo brotando sem o menor disfarce!
Muitos trabalhadores migrantes desempregados estão tentando sair da cidade, mas
não há transporte de massas para o interior e regiões do campo, poucos ainda
estão embarcando em viagens de centenas de quilômetros, na esperança de chegar
a aldeias longínquas, onde podem contar com a família para conseguirem
sobreviver. Esta realidade capitalista dantesca para milhões de trabalhadores
hindus, contrasta radicalmente com o cenário social da China, país asiático
vizinho e que tem praticamente a mesma população, sendo o primeiro a ser
atingido pela epidemia do coronavírus. O proletariado e o povo pobre indiano
está diante do maior desafio de sua história de lutas, maior até do que o da
independência do imperialismo britânico: Romper com a burguesia assassina que
marca o símbolo da peste no seu povo, no sentido da construção revolucionária
uma nova ordem econômica socialista!