Poderíamos nos limitar a identificar o DEA (Drug Enforcement
Administration - Departamento antidrogas dos EUA) como o maior cartel do
planeta, mas seria muito reducionista reconhecer apenas essa sua função
“comercial”, sem nos referir a outra "função fundamental”, a da política
internacional, que cumpre explicitamente aquela lição que Lenin nos deixou: “A
política é a economia concentrada”. Entretanto o DEA não deixa de aproveitar o
fato de que o narcotráfico é um negócio de sucesso, e que o controla sem nenhum
concorrente, em plena pandemia mundial do coronavírus. Vale dizer que a
conquista lógica com a qual o DEA aborda o manejo de problemas relacionados às
drogas deve ser relatada como um monopólio, além da receita política para os
interesses hegemônicos do imperialismo ianque. A questão econômica está
presente no centro das atividades, não suportando concorrentes, e já com
métodos de organização mafiosa. E para esse fim, o DEA implementou um modelo de
gerenciamento da máfia nos seus negócios. Em resumo, significa que a “empresa”
deve se livrar da concorrência, ou seja, dos cartéis que disputam o mercado das
drogas. Certamente, o DEA deve mostrar-se como a agência implacável da
repressão, para isso deve reunir um "know-how" completo que faz com
que a opinião pública continue sendo um tributo à sua credibilidade em relação
a ela. Essa é a razão pela qual a DEA monta uma parafernália teatral quando as
operações são realizadas, o que, embora em muitos casos envolva a morte de
traficantes de drogas, como até os membros da luta antidrogas nos países onde a
DEA opera, não deixa de ser esse um pequeno custo a pagar. Existem centenas de
casos em que as operações antidrogas que são realizadas são apenas operações
“teatrais”, e se não o são, servem apenas para aplicar um “corretivo” em
traficantes indesejáveis, sendo apenas para obter maior eficácia em apreensões
e detenções, como também para controlar que os seus “negócios” continuem
colhendo generosos lucros. Essa maneira sinuosa e sinistra de agir da DEA foi
denunciada pelo próprio ex-agente da DEA em seu livro: "A Guerra
Falsa", Michael Levine, em uma guerra na qual a DEA mantém uma dupla
função: livrar-se da competição e reprimir alguns traficantes de drogas como
exemplo da moral norte-americana. Como a Casa Branca estabeleceu um “vínculo de
sangue” com o governo direitista de Duque na Colômbia, corretor do DEA na
região, não ficaria bem para o organismo acusar o país pelo tráfico de cocaína
para os EUA, então a solução encontrada foi jogar as toneladas de cocaína no “colo”
do presidente Maduro. Seguindo este roteiro o Pentágono colocou a cabeça a
prêmio do presidente da Venezuela como sendo um “traficante” e logo na
sequência até pagou um comando terrorista para tentar sequestrar o líder
Chavista. Entretanto esta última ação, mais se pareceu como uma pantomima
humorista do que como um filme de Rambo. Os mercenários terroristas foram todos
presos ao entrarem na Venezuela e o DEA desta vez jogou seu dinheiro sujo no
esgoto.