As exportações venezuelanas de petróleo aumentaram pelo
segundo mês consecutivo, em meio a maior crise histórica do petróleo desde sua
utilização industrial, este fato foi reconhecido pela “insuspeita”a agência
Bloomberg. Em abril, a quantidade de petróleo exportada pela Venezuela aumentou
para 739.400 barris por dia e atingiu o nível mais alto em três meses. Quase 10% a mais que em março. Mas
logicamente esta incrível “performance”tem uma explicação. No mês passado, mais
de dois terços do petróleo venezuelano foram exportados para a China, onde o
governo do Partido Comunista prefere pagar mais pelo petróleo do país
sul-americano do que pelo oferecido pela oligarquia dominante da Arábia
Saudita, que é consideravelmente bem mais barato, em função da verdadeira
“queda de preços” que disputa com a Rússia. A vertiginosa derrubada das
cotações do preço do barril de petróleo, coloca a Venezuela em situação de
extrema vulnerabilidade diante da pressão econômica e desestabilização política
permanente promovida pelo imperialismo norte-americano. A política adotada pela
China está indo na direção completamente oposta, o presidente Xi Jinping
decidiu não só comprar os estoques de petróleo venezuelano, mas também pagar
pela cotação média dos últimos cinco anos, o que elevou o valor pago em cerca
de 50% do preço atual do barril. Os Estados Unidos que vem subindo o tom da
escalada da guerra híbrida contra o governo de Pequim, acusam a China de não
cumprir os termos do acordo comercial, segundo o qual é necessário comprar um
volume garantido de xisto americano no valor de US $ 52,4 bilhões. Apesar do
acordo anteriormente firmado com a Casa Branca, a China prefere outros tipos de
fornecedores por razões claramente políticas. Por seu lado, o regime Chavista
da Venezuela apóia a nova “Rota da Seda” promovida pela China, que prometeu
financiar inúmeros projetos industriais no país latino-americano. A China
demonstrou muito interesse em investimentos produtivos na América Latina, em
2019, a região recebeu o maior montante de financiamento de bancos públicos
chineses nos últimos cinco anos. Os empréstimos chineses aos países
latino-americanos superam os do Banco Mundial e do Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) e concentram-se em dois grandes capítulos econômicos:
infraestrutura e mineração. O mais importante para a sobrevivência do governo
nacionalista burguês de Maduro, que vem sofrendo um enorme cerco comercial dos
EUA, é que parte dos empréstimos que a Venezuela recebe da China é reembolsada
com a venda do petróleo, em um momento onde não há demanda internacional pelo
produto mineral. Os Marxistas Leninistas não são base de apoio político nem do
governo chinês e tampouco do regime Chavista, porém ignorar estes fatos, ou
repetir como cacatuas da reação fascista as teses sobre o suposto “imperialismo
chinês”, seria um gravíssimo equívoco programático. Não identificar na
geopolítica mundial que o imperialismo ianque é nosso inimigo estratégico,
significaria simplesmente jogar na lata do lixo a teoria Leninista e de quebra
o próprio Programa de Transição...