A Uber anunciou a demissão de 3,7 mil funcionários no mundo,
cerca de 14% do total de 27 mil “colaboradores da empresa” foram desligados por
e-email, em um "clik". Até o último dia de 2019, a empresa contava com 26.900 funcionários
empregados (isso não contabiliza os motoristas, que sob o regime ultra-precário
da empresa, não possui vínculo empregatício), sendo 10.700 nos EUA, e mais
16.200 espalhados pelo globo. Os cortes atingiram a filial do Brasil. Entre as
equipes que sofreram estão as de recrutadores (já que as contratações
foram congeladas) e suporte a clientes e motoristas. Os trabalhadores demitidos
perceberam sua demissão ao tentar logar no sistema da Uber e não conseguirem conexão. A empresa está realizando uma
primeira leva de demissões já anunciadas, para reduzir gastos durante a
pandemia, deixando milhares de famílias nas ruas, sem saber como vão se
sustentar frente à crise do coronavírus. A Uber já havia anunciado enormes
quedas em todos os serviços que oferece. Na maioria
das grandes cidades, a queda da demanda de corridas é de cerca de 70%, os
motoristas não tem nenhum direito ou benefício social. As divisões mais afetadas foram as de suporte (tanto
telefônico quanto via e-mail) e recrutamento de funcionários, ou seja, a
retaguarda... enquanto isso a Uber continua buscando o lucro expondo os motoristas
ao Covid. O movimento de demissões em massa da Uber é internacional, e atinge
diversas das suas subsidiárias, exatamente próximo dos dias que a empresa deve
anunciar seu balanço do primeiro trimestre do ano. A Uber já tinha contratações
congeladas desde o momento em que começou a se desenvolver a crise do COVID-19.
A estimativa da absurda ação da Uber é de que cerca de 20% de seus funcionários
serão desligados, para que a empresa gere uma economia de algo em torno de U$ 1
bi. Ao mesmo tempo, os governos burgueses de vários países definiram seu
trabalho como serviço essencial durante pandemia, sem que as empresas como o
Uber, entretanto, fossem obrigadas a fornecer as condições básicas para a
preservação da saúde dos trabalhadores, muito mesmos remuneração mais alta
devido a exposição mortal ao vírus. A maior inovação que esses serviços por
aplicativo trazem é justamente flexibilizar ainda mais a relação de trabalho
entre empregados e patrões, permitindo que os verdadeiros donos dos meios de
produção, por trás da Uber, lucrem absurdos em cima do trabalho precarizado de
seus “colaboradores voluntários”, “empreendedores” ou qualquer outro jargão
ultraneoliberal para ocultar a exploração, isentando os capitalistas das mínimas
responsabilidades trabalhistas e maximizando seus lucros.