É bem verdade que as hordas bolsonaristas, levantam a mesma plataforma esgrimida por Jefferson (ou será o inverso?) e em um sentido de levar até as últimas consequências a ofensiva golpista contra as instituições. Também é fato que diante da ausência de qualquer mobilização das entidades e partidos esquerda, as turbas fascistas tem levado algum público as ruas, sejam em carreatas da classe média ou em atos na Esplanada dos Ministérios em Brasília. É o princípio básico de que todo “vazio político” é sempre ocupado por alguma força social, com as praças vazias, os atos dos fanáticos da extrema direita acabam ganhando uma dimensão bem maior do que realmente representam. É só comparar os “atos medianos” organizados quando a esquerda convocava para rua, com estas manifestações reacionárias centradas no eixo do “fim da quarentena” e “todo poder a Bolsonaro”. Por sua vez Bolsonaro procura se apoiar nestes atos para mostrar ao Alto Comando Militar que o “tutora” que tem apoio popular, que é a única corrente política do país que tem capacidade de mobilização em pleno justo temor que a pandemia do coronavírus provoca na população. Não temos dúvida alguma que caso seja necessário emergencialmente levar a frente um recrudescimento ainda maior do regime de exceção, a burguesia nacional e as FFAA recorreriam ao boçal fascista para tal, ainda que “torcendo o nariz”. Entretanto essa não é a necessidade da conjuntura atual, portanto é de completa inutilidade o apelo feito pela esquerda reformista para o “espírito democrático” das Forças Armadas, assim como implorar das Instituições do Estado de Direito uma posição “corajosa” diante dos fascistas.
As projeções impressionistas sobre o “golpe”, de ambas as vertentes, ignoram talvez o elemento político mais determinante: a política do imperialismo para sua “colônia” brasileira. Quando falamos do histórico de “golpes” no Brasil, desde a proclamação da república, até o golpe institucional contra a presidente Dilma, não podemos dissociá-los da montagem do “tabuleiro do xadrez” jogado pela geopolítica de Washington para toda a região da América Latina. O governo neofascista de Bolsonaro nada mais é do que um produto, ou subproduto, da correlação de forças no interior da política norte-americana. O esgotamento do ciclo de governos da Frente Popular no Brasil coincide exatamente com a “inacreditável” eleição do “outsider” Donald Trump, e a abertura de um novo horizonte para a extrema direita ianque. Bolsonaro é um “experimento” político do imperialismo para todo o continente, sua eleição (fraudada, uma das especialidades da CIA) em 2018 seria impossível caso o Partido Democrata tivesse conseguido se manter na Casa Branca. O que começou com a Lava Jato armada pelo Departamento de Justiça dos EUA para defenestrar o PT, terminou com Bolsonaro no Planalto, testando os limites da expansão estatal do neofascismo sem a ruptura com as instituições representativas. O “projeto” consistia em impor um regime de força para executar as (contra)reformas exigidas pelo mercado. Este “laboratório tupiniquim” entretanto entrou em uma etapa de impasse, seja pela fragilidade da base política do Bolsonarismo, seja pelas incertezas do cenário eleitoral ianque, “atormentado” pela devastação sanitária causada no coração do imperialismo pela pandemia do coronavírus. Portanto falar de um auto-golpe por iniciativa parida das intenções de “poder absoluto” do clã de estupidos neofascistas, sem o aval do Pentágono para a empreitada, é simplesmente uma “ingenuidade” que beira o charlatanismo dos reformistas. O Alto Comando Militar das nossas FFAA, desde Castelo Branco até hoje, não dá um único passo sem o consentimento do Pentágono, que vem formando os generais brasileiros de “três estrelas” em suas “escolas de estratégia militar”.
As bravatas golpistas de Bolsonaro que se já se caracterizam
pelo permanente “estica a corda e recua depois”, vem ampliando seu espectro de
seguidores no campo da tentativa de recomposição de sua base parlamentar,
fragmentada com a crise política do seu governo. Roberto Jefferson sem duvida
será útil neste sentido, um dos articuladores históricos do Centrão desde a
Constituinte de 87/88, tentará subtrair um pouco da influência de Rodrigo Maia
e Alcolumbre. Sem nenhum partido político de peso em sua base de apoio e com
Tucanos e Demistas próximos da oposição, Bolsonaro vai em busca dos piores
ratos fisiológicos do parlamento para mostrar algum sinal de vitalidade
política. Porém esse movimento “centrista” também gera mais crise,
principalmente no núcleo “duro” militar do governo e no que ainda restou da
Lava Jato. Pensar que o velho corrupto Jefferson com sua garrucha enferrujada
poderá ser o “general” em chefe de um golpe militar, só revela o estado de
impotência e covardia da esquerda reformista. Os líderes da chamada Frente
Ampla com sua plataforma de colaboração
de classes, são tão inúteis para barrar a marcha de um verdadeiro golpe de
Estado no Brasil, como são as “instituições do Estado de Direito”. Somente a mobilização
revolucionária da classe operária terá a potencialidade social e política de
derrotar a ofensiva neofascista!