3 DE FEVEREIRO DE 1943 - O EXÉRCITO VERMELHO VENCE A BATALHA
DE STALINGRADO: PARA ALÉM DA “GRANDE GUERRA PATRIÓTICA” PROCLAMADA PELA
BUROCRACIA OS TRABALHADORES SOVIÉTICOS COMBATERAM OS NAZISTAS EM DEFESA DAS
CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO!
Apesar dos “historiadores” a soldo do capital buscarem
falsificar a história, a derrota do nazismo foi efetivamente uma vitória
militar do Exército Vermelho fundado por Trotsky. A campanha militar de Hitler
não havia sofrido um só revés até dezembro de 1941, quando fracassou a
tentativa de conquistar Moscou. Porém, a batalha decisiva da Segunda Guerra só
ocorreu no ano seguinte, na famosa Stalingrado. Em agosto os alemães fizeram a
primeira investida contra a cidade com pesados bombardeios. Mas os combates que
determinaram a derrota nazista ocorreram a partir de novembro. Em 30 de janeiro
de 1943, no décimo aniversário de sua ascensão ao poder, Hitler, fazendo um
solene pronunciamento pelo rádio, declarou: “Daqui a mil anos os alemães
falarão sobre a Batalha de Stalingrado com reverência e respeito, e se
lembrarão que a despeito de tudo, a vitória da Alemanha foi ali decidida”.
Ocorreu justamente o contrário! Em 31 de janeiro de 1943, cercadas em
Stalingrado desde o fim de novembro do ano anterior, as tropas alemãs se rendem
ao Exército Vermelho. A aviação alemã já nem conseguia mais abastecer seus
soldados imobilizados no lugar que chamavam de “caldeirão”. Hitler, em
desespero, tentou evitar a capitulação de Paulus, elevando-o à patente de
marechal do Reich. Em 28 de janeiro, o que restara de um grande exército
dividiu-se em três pequenos bolsões. Na manhã do dia 30 (décimo aniversário da
chegada dos nazistas ao poder), segundo uma testemunha ocular, o comandante
sentou-se em seu leito de campanha, mergulhado em profunda depressão, e
telegrafou de novo para Hitler: “Não se pode protelar o colapso final por mais
24 horas”. O final foi tétrico! Na manhã do dia 31, Paulus enviou sua
última mensagem ao quartel-general em Berlim: “O 6º Exército, fiel ao seu
juramento e ciente da grande importância de sua missão, manteve até o fim sua
posição, até o último homem e o último cartucho, pelo Führer e pela Pátria”. O
radiotelegrafista acrescentou, por conta própria: “Os russos encontram-se à
porta de nosso abrigo. Estamos destruindo nosso equipamento. CL”. No código
internacional telegráfico, a sigla CL significa: "esta estação não mais
fará transmissões". Um esquadrão de soldados soviéticos, comandados pelo
General Chuikov, espreitou o porão escuro onde estava Paulus. O chefe do Estado-Maior,
general Schmidt, o recebeu. Os soviéticos exigiram a rendição incondicional.
Schmidt consultou Paulus, deitado em sua cama de campanha. A resposta foi o
silêncio. Schmidt, sem hesitar, assinou a rendição que oficialmente ocorreu em 3 de fevereiro de 1943. A vitória soviética, como
era de se esperar fortaleceu enormemente o stalinismo como principal direção
política para o proletariado mundial, reduzindo a influência da IV
Internacional a um pequeno círculo de propaganda, mas sem dúvida representou um
golpe de morte no nazismo. Apesar das traições stalinistas, a onda
revolucionária que se abriu no pós-guerra era uma evidência de que a heroica
resistência do Estado operário soviético, ainda que burocratizado, foi um
colossal estímulo para a luta de classes do proletariado mundial. Nos dias
atuais, é fundamental resgatar o legado da vitória da resistência soviética
sobre o nazismo, ainda que sob o comando de Stálin, para combater a atual
ofensiva imperialista. Essa luta assume hoje na batalha contra o imperialismo
que cada vez mais recorre à reação burguesa para impor seus interesses no
planeta, como nas intervenções militares na Síria ou patrocinando os golpistas
de extrema direita na Venezuela.
Com a vitória em Stalingrado, o Exército Vermelho prosseguiu
infringindo pesadas baixas ao inimigo, fazendo-o recuar, libertando os povos
submetidos à barbárie nazista e só se deteve com a completa rendição da
Alemanha. Hitler havia cometido um grave erro, ao subestimar Exército Vermelho
e a resistência do povo soviético. A batalha de Stalingrado não decidiu a vitória
alemã. Ao contrário, seu desfecho assegurou a derrota final do Terceiro Reich,
que perdeu 75% do seu exército na frente oriental, para onde foram enviadas as
melhores tropas alemãs. Apesar de todo o esforço de guerra contra o nazismo,
entre 1941 a 1943, ter sido concentrado sobre o Estado operário da União
Soviética, a imprensa burguesa tenta minimizar a importância da URSS,
apresentando o desembarque das forças aliadas imperialistas na Normandia (Norte
da França), em 1944, como a ação militar que determinou a derrota do nazismo,
quando na verdade essas tropas só não foram completamente esmagadas pelos
nazistas porque, atendendo a um pedido de Churchill (Primeiro-Ministro da
Inglaterra), Stalin ordenou a abertura de novas frentes de combate no Leste. A
vitória da URSS sobre o nazismo custou ao proletariado soviético a
extraordinária cifra de 26,6 milhões de mortos, dos quais cerca de 74% eram
combatentes civis. A resistência operária, combatendo junto com o Exército
Vermelho, foi o fator decisivo para a vitória soviética. Na defesa de Moscou
foram mobilizados mais de cem mil operários em milícias armadas e cerca de 250
mil civis, a maioria mulheres, foi à linha de frente dos combates para cavar
fossos antitanques. Em Leningrado, a classe operária resistiu durante 900 dias
aos ataques que fizeram cerca de 2 milhões de mortos.
Já em Stalingrado, as primeiras baterias antiaéreas a
resistirem ao ataque de 23 de agosto de 1942 foram operadas por jovens
voluntárias, mal saídas do ginásio. Na batalha mais sangrenta da Segunda
Guerra, ergueram-se barricadas em cada rua, cada prédio, cada posição,
transformou-se numa fortaleza inexpugnável dada a obstinação dos combatentes na
defesa de seus postos. Batalhões de milícias operárias foram enviados para
combater a 16ª Divisão de panzers alemães. Na fábrica de tratores que produzia
os tanques T-34, voluntários saltavam dentro dos tanques antes mesmo de serem
pintados, retirando-os da linha de produção diretamente para o campo de
batalha. Com a intensificação dos combates, em novembro, os operários da
fábrica Outubro Vermelho, que produzia carros de assalto, empunharam armas,
formando uma muralha de fogo em torno da fábrica. A defesa da cidade foi feita
na batalha corpo a corpo, combatia-se casa a casa, em cada centímetro de chão.
Num único dia a estação de trens mudou de mãos sete vezes. O motivo que levou
centenas de milhares de jovens a lutar com tamanha obstinação e fúria ia muito
além dos apelos da burocracia stalinista em nome da Grande Guerra Patriótica.
Combatiam em defesa das conquistas da Revolução de Outubro por cuja
consolidação, há 25 anos, seus pais haviam derramado sangue para derrotar o
exército branco e as tropas invasoras de 14 países mobilizadas pelas potências
imperialistas para sufocar a revolução bolchevique e destruir o nascente Estado
operário soviético.
A política criminosa do stalinismo, tanto interna como
externamente, foi a responsável direta pelo elevado sacrifício do proletariado
na luta contra o fascismo. Na Itália e na Alemanha, das ruínas da Primeira
Guerra Mundial surgiu um vigoroso movimento revolucionário, logo sufocado pelas
traições da socialdemocracia que, em defesa do Estado burguês, assassinou
revolucionários como Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht e preparou o caminho
para a ascensão do fascismo. A partir dos anos 20 o trabalho
contrarrevolucionário da socialdemocracia recebeu o reforço do stalinismo com
sua política de Frentes Populares, que produziu desastrosas derrotas do
proletariado, como o massacre dos comunistas chineses em 1927 pelas forças do
Koumitang. Sob o impacto da crise econômica de 1929, que causou pânico na
burguesia diante da ameaça do comunismo, a política de frente popular do
stalinismo desarmou o proletariado alemão frente à ascensão do nazismo e, mais
tarde, contribuiu para o fracasso da Revolução Espanhola. Apesar da Alemanha
nazista ter assinado em 1936 um acordo com o Japão e a Itália, o chamado pacto
Anti-Comintern, cujo objetivo era a destruição da URSS, Stálin estabeleceu com
Hitler o Pacto Gemano-Soviético de Não-Agressão, permitindo que os nazistas
ocupassem a Polônia e concentrassem suas melhores tropas na fronteira do Estado
operário soviético, onde aguardaram as ordens do estado-maior nazista para a
invasão da URSS.
Internamente, a política contrarrevolucionária do stalinismo se manifestou através do extermínio de toda a vanguarda dirigente do Partido Bolchevique e de quase todos os quadros do Exército Vermelho, através dos fraudulentos processos de Moscou, muitos dos quais forjados a partir de provas falsas fornecidas pela polícia secreta nazista, a Gestapo. Os expurgos no Exército Vermelho, iniciado em 1937, resultaram 36.671 executados, presos ou afastados. Dos 706 oficiais do escalão de comandantes de brigada para cima, apenas 303 permaneceram intocados. Essa desestruturação, além da incredulidade e desorientação da burocracia stalinista diante da agressão nazista, deram aos exércitos alemães enorme vantagem durante o primeiro ano da ocupação, ceifando milhões de vidas de soldados do Exército Vermelho e da população civil. A existência, ainda que reduzida, de quadros do Exército Vermelho que tinham origem na Revolução Bolchevique e participado da guerra civil, a exemplo de Chuikov, garantiu a reorganização do exército e a retomada da ofensiva soviética. Os métodos utilizados pela camarilha stalinista para manter o poder foram bárbaros, com perseguições políticas a seus opositores de esquerda como Trotsky e mesmo de direita. Porém, constitui um grave erro colocar um sinal de igualdade entre os regimes stalinista e nazista, como fazem os democratas pequenos burgueses que classificam ambos como regimes totalitários. O nazismo alemão, assim como o fascismo italiano, é um instrumento do capital financeiro, seu último recurso para conter a revolução proletária e o socialismo, mergulhando a sociedade na barbárie política como forma de preservar a propriedade burguesa, quando a economia capitalista mundial entra em colapso pela impossibilidade de desenvolvimento das forças produtivas nos marcos da sociedade burguesa. Hitler e Mussolini foram financiados pelas grandes corporações capitalistas para impor o terror ao movimento operário e afastar o fantasma do comunismo. Nesses países, a derrubada do regime político ligava-se diretamente à tarefa da revolução socialista ainda não realizada pelo proletariado.
A camarilha burocrática stalinista, por sua vez, instalou-se como um parasita sobre o Estado operário nascido da Revolução de Outubro, que já havia expropriado a burguesia e estabelecido a propriedade estatal dos meios e produção como condição fundamental para o desenvolvimento das forças produtivas necessárias para a consolidação da sociedade socialista. As condições de isolamento da revolução e de atraso da base econômica sobre a qual se ergueu o nascente Estado operário Soviético, provocaram uma degeneração no aparelho estatal, que foi transformado num instrumento de domínio burocrático contra a classe operária. Todavia, a casta burocrática, assentava seu domínio sobre as bases sociais da Revolução de Outubro. Embora degenerado pela burocracia, a União Soviética continuava sendo um Estado Operário, uma posição conquistada pelo proletariado que devia ser defendida a todo custo, como Trotsky deixou claro no Programa de Transição ao analisar as frações em choque dentro da burocracia soviética: “Se amanhã a tendência burguesa-fascista, isto é, a ‘fração Butenko’, entra em luta pela conquista do poder, a ‘fração Reiss’ tomará, inevitavelmente, lugar no outro lado da barricada. Encontrando-se momentaneamente como aliada de Stálin, ela defenderá, é claro, não a camarilha bonapartista deste, mas as bases sociais da URSS, isto é, a propriedade arrancada dos capitalistas e estatizada. Se a ‘fração Butenko’ se achar em aliança com Hitler, a ‘fração Reiss’ defenderá a URSS contra a intervenção militar, tanto no interior do país, quando na arena mundial. Qualquer outro comportamento seria uma traição”.
A tentativa das correntes revisionistas de estabelecer ao conflito da Segunda Guerra apenas um caráter de disputa entre países imperialistas é uma vergonhosa capitulação ao imperialismo na medida em que omitem a necessidade de defender os países oprimidos e o Estado Operário da URSS. Como afirmava Trotsky, “O dever do proletariado internacional será ajudar os países oprimidos em guerra contra seus opressores. Este mesmo dever estende-se também a URSS ou a outro Estado operário que possa surgir antes ou durante a guerra” (Programa de Transição). Essa política explica porque esses revisionistas saudaram com tanto entusiasmo o fim da URSS em 1991 como uma grande vitória “democrática” do proletariado mundial. Como se recusam a fazer uma profunda autocrítica de sua capitulação às pressões da opinião pública pequeno burguesa contaminada pela campanha da mídia imperialista em defesa da restauração capitalista no Leste europeu, essas correntes não conseguem explicar o retrocesso ideológico das massas diante da atual ofensiva imperialista. Afinal, isso significaria reconhecer sua responsabilidade política nesse retrocesso, cuja expressão é a ausência de referência comunista por parte das novas gerações da vanguarda de militantes classistas e a completa integração ao Estado burguês de amplos setores de esquerda que se reivindicavam marxistas e que hoje se aferraram à defesa da democracia universal e dos valores morais burgueses.
Ao comemorar vitória na Batalha de Stalingrado, o
proletariado internacional e os explorados de todo o mundo, que sofrem
diariamente a opressão de tropas da OTAN a serviço do imperialismo em sua atual
ofensiva militar, como os povos do Afeganistão, Iraque, Haiti, Líbia, Síria e
Palestina, devem tomar a firme resistência do povo soviético como uma prova
incontestável de que o imperialismo e sua ofensiva neoliberal podem ser
derrotados política e militarmente. Uma derrota militar da máquina de guerra
imperialista pode abrir uma nova etapa histórica para a humanidade, marcada
pela retomada da luta rumo à revolução proletária e o socialismo! Retomar a
luta pelo comunismo é a melhor forma de honrar a memória dos que tombaram
contra o fascismo parra defender a URSS e as conquista da revolução em uma
etapa onde o imperialismo usa a o conto da "democracia" para impor
seus regimes títeres pelo planeta, mais particularmente nas antigas repúblicas
soviéticas e no Leste Europeu!