domingo, 3 de fevereiro de 2019

3 DE FEVEREIRO DE 1943 - O EXÉRCITO VERMELHO VENCE A BATALHA DE STALINGRADO: PARA ALÉM DA “GRANDE GUERRA PATRIÓTICA” PROCLAMADA PELA BUROCRACIA OS TRABALHADORES SOVIÉTICOS COMBATERAM OS NAZISTAS EM DEFESA DAS CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO!


Apesar dos “historiadores” a soldo do capital buscarem falsificar a história, a derrota do nazismo foi efetivamente uma vitória militar do Exército Vermelho fundado por Trotsky. A campanha militar de Hitler não havia sofrido um só revés até dezembro de 1941, quando fracassou a tentativa de conquistar Moscou. Porém, a batalha decisiva da Segunda Guerra só ocorreu no ano seguinte, na famosa Stalingrado. Em agosto os alemães fizeram a primeira investida contra a cidade com pesados bombardeios. Mas os combates que determinaram a derrota nazista ocorreram a partir de novembro. Em 30 de janeiro de 1943, no décimo aniversário de sua ascensão ao poder, Hitler, fazendo um solene pronunciamento pelo rádio, declarou: “Daqui a mil anos os alemães falarão sobre a Batalha de Stalingrado com reverência e respeito, e se lembrarão que a despeito de tudo, a vitória da Alemanha foi ali decidida”. Ocorreu justamente o contrário! Em 31 de janeiro de 1943, cercadas em Stalingrado desde o fim de novembro do ano anterior, as tropas alemãs se rendem ao Exército Vermelho. A aviação alemã já nem conseguia mais abastecer seus soldados imobilizados no lugar que chamavam de “caldeirão”. Hitler, em desespero, tentou evitar a capitulação de Paulus, elevando-o à patente de marechal do Reich. Em 28 de janeiro, o que restara de um grande exército dividiu-se em três pequenos bolsões. Na manhã do dia 30 (décimo aniversário da chegada dos nazistas ao poder), segundo uma testemunha ocular, o comandante sentou-se em seu leito de campanha, mergulhado em profunda depressão, e telegrafou de novo para Hitler: “Não se pode protelar o colapso final por mais 24 horas”. O final foi tétrico! Na manhã do dia 31, Paulus enviou sua última mensagem ao quartel-general em Berlim: “O 6º Exército, fiel ao seu juramento e ciente da grande importância de sua missão, manteve até o fim sua posição, até o último homem e o último cartucho, pelo Führer e pela Pátria”. O radiotelegrafista acrescentou, por conta própria: “Os russos encontram-se à porta de nosso abrigo. Estamos destruindo nosso equipamento. CL”. No código internacional telegráfico, a sigla CL significa: "esta estação não mais fará transmissões". Um esquadrão de soldados soviéticos, comandados pelo General Chuikov, espreitou o porão escuro onde estava Paulus. O chefe do Estado-Maior, general Schmidt, o recebeu. Os soviéticos exigiram a rendição incondicional. Schmidt consultou Paulus, deitado em sua cama de campanha. A resposta foi o silêncio. Schmidt, sem hesitar, assinou a rendição que oficialmente ocorreu em 3 de fevereiro de 1943. A vitória soviética, como era de se esperar fortaleceu enormemente o stalinismo como principal direção política para o proletariado mundial, reduzindo a influência da IV Internacional a um pequeno círculo de propaganda, mas sem dúvida representou um golpe de morte no nazismo. Apesar das traições stalinistas, a onda revolucionária que se abriu no pós-guerra era uma evidência de que a heroica resistência do Estado operário soviético, ainda que burocratizado, foi um colossal estímulo para a luta de classes do proletariado mundial. Nos dias atuais, é fundamental resgatar o legado da vitória da resistência soviética sobre o nazismo, ainda que sob o comando de Stálin, para combater a atual ofensiva imperialista. Essa luta assume hoje na batalha contra o imperialismo que cada vez mais recorre à reação burguesa para impor seus interesses no planeta, como nas intervenções militares na Síria ou patrocinando os golpistas de extrema direita na Venezuela.



Com a vitória em Stalingrado, o Exército Vermelho prosseguiu infringindo pesadas baixas ao inimigo, fazendo-o recuar, libertando os povos submetidos à barbárie nazista e só se deteve com a completa rendição da Alemanha. Hitler havia cometido um grave erro, ao subestimar Exército Vermelho e a resistência do povo soviético. A batalha de Stalingrado não decidiu a vitória alemã. Ao contrário, seu desfecho assegurou a derrota final do Terceiro Reich, que perdeu 75% do seu exército na frente oriental, para onde foram enviadas as melhores tropas alemãs. Apesar de todo o esforço de guerra contra o nazismo, entre 1941 a 1943, ter sido concentrado sobre o Estado operário da União Soviética, a imprensa burguesa tenta minimizar a importância da URSS, apresentando o desembarque das forças aliadas imperialistas na Normandia (Norte da França), em 1944, como a ação militar que determinou a derrota do nazismo, quando na verdade essas tropas só não foram completamente esmagadas pelos nazistas porque, atendendo a um pedido de Churchill (Primeiro-Ministro da Inglaterra), Stalin ordenou a abertura de novas frentes de combate no Leste. A vitória da URSS sobre o nazismo custou ao proletariado soviético a extraordinária cifra de 26,6 milhões de mortos, dos quais cerca de 74% eram combatentes civis. A resistência operária, combatendo junto com o Exército Vermelho, foi o fator decisivo para a vitória soviética. Na defesa de Moscou foram mobilizados mais de cem mil operários em milícias armadas e cerca de 250 mil civis, a maioria mulheres, foi à linha de frente dos combates para cavar fossos antitanques. Em Leningrado, a classe operária resistiu durante 900 dias aos ataques que fizeram cerca de 2 milhões de mortos.


Já em Stalingrado, as primeiras baterias antiaéreas a resistirem ao ataque de 23 de agosto de 1942 foram operadas por jovens voluntárias, mal saídas do ginásio. Na batalha mais sangrenta da Segunda Guerra, ergueram-se barricadas em cada rua, cada prédio, cada posição, transformou-se numa fortaleza inexpugnável dada a obstinação dos combatentes na defesa de seus postos. Batalhões de milícias operárias foram enviados para combater a 16ª Divisão de panzers alemães. Na fábrica de tratores que produzia os tanques T-34, voluntários saltavam dentro dos tanques antes mesmo de serem pintados, retirando-os da linha de produção diretamente para o campo de batalha. Com a intensificação dos combates, em novembro, os operários da fábrica Outubro Vermelho, que produzia carros de assalto, empunharam armas, formando uma muralha de fogo em torno da fábrica. A defesa da cidade foi feita na batalha corpo a corpo, combatia-se casa a casa, em cada centímetro de chão. Num único dia a estação de trens mudou de mãos sete vezes. O motivo que levou centenas de milhares de jovens a lutar com tamanha obstinação e fúria ia muito além dos apelos da burocracia stalinista em nome da Grande Guerra Patriótica. Combatiam em defesa das conquistas da Revolução de Outubro por cuja consolidação, há 25 anos, seus pais haviam derramado sangue para derrotar o exército branco e as tropas invasoras de 14 países mobilizadas pelas potências imperialistas para sufocar a revolução bolchevique e destruir o nascente Estado operário soviético.



A política criminosa do stalinismo, tanto interna como externamente, foi a responsável direta pelo elevado sacrifício do proletariado na luta contra o fascismo. Na Itália e na Alemanha, das ruínas da Primeira Guerra Mundial surgiu um vigoroso movimento revolucionário, logo sufocado pelas traições da socialdemocracia que, em defesa do Estado burguês, assassinou revolucionários como Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht e preparou o caminho para a ascensão do fascismo. A partir dos anos 20 o trabalho contrarrevolucionário da socialdemocracia recebeu o reforço do stalinismo com sua política de Frentes Populares, que produziu desastrosas derrotas do proletariado, como o massacre dos comunistas chineses em 1927 pelas forças do Koumitang. Sob o impacto da crise econômica de 1929, que causou pânico na burguesia diante da ameaça do comunismo, a política de frente popular do stalinismo desarmou o proletariado alemão frente à ascensão do nazismo e, mais tarde, contribuiu para o fracasso da Revolução Espanhola. Apesar da Alemanha nazista ter assinado em 1936 um acordo com o Japão e a Itália, o chamado pacto Anti-Comintern, cujo objetivo era a destruição da URSS, Stálin estabeleceu com Hitler o Pacto Gemano-Soviético de Não-Agressão, permitindo que os nazistas ocupassem a Polônia e concentrassem suas melhores tropas na fronteira do Estado operário soviético, onde aguardaram as ordens do estado-maior nazista para a invasão da URSS.

Internamente, a política contrarrevolucionária do stalinismo se manifestou através do extermínio de toda a vanguarda dirigente do Partido Bolchevique e de quase todos os quadros do Exército Vermelho, através dos fraudulentos processos de Moscou, muitos dos quais forjados a partir de provas falsas fornecidas pela polícia secreta nazista, a Gestapo. Os expurgos no Exército Vermelho, iniciado em 1937, resultaram 36.671 executados, presos ou afastados. Dos 706 oficiais do escalão de comandantes de brigada para cima, apenas 303 permaneceram intocados. Essa desestruturação, além da incredulidade e desorientação da burocracia stalinista diante da agressão nazista, deram aos exércitos alemães enorme vantagem durante o primeiro ano da ocupação, ceifando milhões de vidas de soldados do Exército Vermelho e da população civil. A existência, ainda que reduzida, de quadros do Exército Vermelho que tinham origem na Revolução Bolchevique e participado da guerra civil, a exemplo de Chuikov, garantiu a reorganização do exército e a retomada da ofensiva soviética. Os métodos utilizados pela camarilha stalinista para manter o poder foram bárbaros, com perseguições políticas a seus opositores de esquerda como Trotsky e mesmo de direita. Porém, constitui um grave erro colocar um sinal de igualdade entre os regimes stalinista e nazista, como fazem os democratas pequenos burgueses que classificam ambos como regimes totalitários. O nazismo alemão, assim como o fascismo italiano, é um instrumento do capital financeiro, seu último recurso para conter a revolução proletária e o socialismo, mergulhando a sociedade na barbárie política como forma de preservar a propriedade burguesa, quando a economia capitalista mundial entra em colapso pela impossibilidade de desenvolvimento das forças produtivas nos marcos da sociedade burguesa. Hitler e Mussolini foram financiados pelas grandes corporações capitalistas para impor o terror ao movimento operário e afastar o fantasma do comunismo. Nesses países, a derrubada do regime político ligava-se diretamente à tarefa da revolução socialista ainda não realizada pelo proletariado.

A camarilha burocrática stalinista, por sua vez, instalou-se como um parasita sobre o Estado operário nascido da Revolução de Outubro, que já havia expropriado a burguesia e estabelecido a propriedade estatal dos meios e produção como condição fundamental para o desenvolvimento das forças produtivas necessárias para a consolidação da sociedade socialista. As condições de isolamento da revolução e de atraso da base econômica sobre a qual se ergueu o nascente Estado operário Soviético, provocaram uma degeneração no aparelho estatal, que foi transformado num instrumento de domínio burocrático contra a classe operária. Todavia, a casta burocrática, assentava seu domínio sobre as bases sociais da Revolução de Outubro. Embora degenerado pela burocracia, a União Soviética continuava sendo um Estado Operário, uma posição conquistada pelo proletariado que devia ser defendida a todo custo, como Trotsky deixou claro no Programa de Transição ao analisar as frações em choque dentro da burocracia soviética: “Se amanhã a tendência burguesa-fascista, isto é, a ‘fração Butenko’, entra em luta pela conquista do poder, a ‘fração Reiss’ tomará, inevitavelmente, lugar no outro lado da barricada. Encontrando-se momentaneamente como aliada de Stálin, ela defenderá, é claro, não a camarilha bonapartista deste, mas as bases sociais da URSS, isto é, a propriedade arrancada dos capitalistas e estatizada. Se a ‘fração Butenko’ se achar em aliança com Hitler, a ‘fração Reiss’ defenderá a URSS contra a intervenção militar, tanto no interior do país, quando na arena mundial. Qualquer outro comportamento seria uma traição”.

A tentativa das correntes revisionistas de estabelecer ao conflito da Segunda Guerra apenas um caráter de disputa entre países imperialistas é uma vergonhosa capitulação ao imperialismo na medida em que omitem a necessidade de defender os países oprimidos e o Estado Operário da URSS. Como afirmava Trotsky, “O dever do proletariado internacional será ajudar os países oprimidos em guerra contra seus opressores. Este mesmo dever estende-se também a URSS ou a outro Estado operário que possa surgir antes ou durante a guerra” (Programa de Transição). Essa política explica porque esses revisionistas saudaram com tanto entusiasmo o fim da URSS em 1991 como uma grande vitória “democrática” do proletariado mundial. Como se recusam a fazer uma profunda autocrítica de sua capitulação às pressões da opinião pública pequeno burguesa contaminada pela campanha da mídia imperialista em defesa da restauração capitalista no Leste europeu, essas correntes não conseguem explicar o retrocesso ideológico das massas diante da atual ofensiva imperialista. Afinal, isso significaria reconhecer sua responsabilidade política nesse retrocesso, cuja expressão é a ausência de referência comunista por parte das novas gerações da vanguarda de militantes classistas e a completa integração ao Estado burguês de amplos setores de esquerda que se reivindicavam marxistas e que hoje se aferraram à defesa da democracia universal e dos valores morais burgueses.



Ao comemorar vitória na Batalha de Stalingrado, o proletariado internacional e os explorados de todo o mundo, que sofrem diariamente a opressão de tropas da OTAN a serviço do imperialismo em sua atual ofensiva militar, como os povos do Afeganistão, Iraque, Haiti, Líbia, Síria e Palestina, devem tomar a firme resistência do povo soviético como uma prova incontestável de que o imperialismo e sua ofensiva neoliberal podem ser derrotados política e militarmente. Uma derrota militar da máquina de guerra imperialista pode abrir uma nova etapa histórica para a humanidade, marcada pela retomada da luta rumo à revolução proletária e o socialismo! Retomar a luta pelo comunismo é a melhor forma de honrar a memória dos que tombaram contra o fascismo parra defender a URSS e as conquista da revolução em uma etapa onde o imperialismo usa a o conto da "democracia" para impor seus regimes títeres pelo planeta, mais particularmente nas antigas repúblicas soviéticas e no Leste Europeu!