Bolsonaro internado em um leito de hospital, fruto de uma
farsa montada sob medida para sua vitória eleitoral, já não governa de fato o
país. A imensa debilidade mental e política do capitão fascista (além da
ausência completa de bases sociais no seio das classes dominantes) abriu uma
crise precoce sem precedentes no interior do próprio governo recém empossado. A
severa internação hospitalar somente confirmou o que já vinha ocorrendo de fato
nas entranhas palacianas, ou seja a profunda divisão faccional entre duas alas
do poder na luta pelo controle da rédea estatal. O setor militar do governo,
não governa o país, esta constatação política inclui obviamente o próprio
presidente Bolsonaro e não somente o vice fardado e os generais ministros. A
fração bonapartista e neoliberal,
através do triunvirato Moro, Guedes e Onyx é quem de fato traça os rumos
políticos e econômicos do país. Quando nós da LBI insistíamos na caracterização
da ascendência de um novo regime bonapartista no país, iniciado com o golpe
parlamentar e finalizado com a eleição fraudulenta de Bolsonaro, nunca pensamos
que o "Bonaparte" desta etapa seria o incapaz capitão fascista, mas
sim o "justiceiro" Moro
ungindo desde Washington e com o pleno aval da burguesia nacional
iniciou a construção da "República de Curitiba", passando como um
trator por cima das instituições vigentes (STF, Congresso e a própria
Presidência da República). Moro não pôde ser o candidato preferencial da
burguesia, simplesmente porque tinha uma tarefa maior naquele momento, comandar
a fraude que inviabilizou o imbatível nome de Lula..venceu com certa facilidade
o débil fascista porém não tem condições de governar o país, nem mesmo nomeando
uma dezena de generais da mesma "estirpe" para postos importantes da
nação. O elo de ligação da burguesia nacional e do imperialismo com este
governo não é o presidente eleito, chama-se Sérgio Moro o superministro da
"Justiça e Polícia" que arrasta para um triunvirato de comando
palaciano os colegas Paulo Guedes (o porta voz dos rentistas) e Onyx
Lorenzoni (representante do baixo clero parlamentar). O isolamento do vice
general Hamilton Mourão e sua suposta fissura com Bolsonaro, na verdade
representa o "cordão sanitário" que o triunvirato neoliberal impôs a
toda ala militar do governo, onde o outro general Augusto Heleno (GSI) cumpre a
função de resguardar a segurança pessoal do presidente(a PF está sob o comando
de Moro) e garantir a permanência dos vários postos militares no primeiro e
segundo escalão do governo central. O setor militar do governo (que inclui os
filhos de Bolsonaro, apesar de não serem militares) está sob o fogo cerrado da
mídia corporativa, na outra ponta o triunvirato neoliberal goza do mais alto
prestígio para guiar as "reformas e pacotes" que alteram a Constituição
Federal e os direitos sociais conquistados. Bolsonaro e Augusto Heleno
"acuados e entrincheirados" no leito de um hospital, cenário
totalmente inverso do triunvirato governando o Brasil. Mas não é a primeira vez
na história recente do país que um triunvirato assume o poder estatal em função
da debilidade política e física de um presidente da república, estamos falando
do ano de 1969 e o personagem Artur da
Costa e Silva. Em pleno auge do regime militar instala-se uma feroz luta
fratricida no interior dos próprios generais golpistas, primeiro a
"Operação Mosquito" trata de eliminar, via um
"acidente"aéreo, o ex-presidente da república Castelo Branco,
"pai" do golpe militar e que tinha deixado o governo há pouco tempo.
O marechal Castelo Branco, descontente com os rumos do regime militar,
planejava destituir Costa e Silva(que considerava um militar
"imbecil") quando foi literalmente abatido em pleno voo de retorno
político à Brasília no fatídico ano que precedeu o AI-5. Os militares
"castelistas" não tardaram para organizar o "troco" , em
dezembro de 1969 cercaram Costa e Silva no Palácio Alvorada e o submeteram a
uma humilhação exemplar, o general não suportou a presão e logo após sofre um
grave acidente vascular (AVC), internado o presidente é considerado incapaz de governar
o país, mas não é passado o cargo ao seu vice civil Pedro Aleixo, assumindo o
Planalto então um triunvirato composto por: General Aurélio de Lira Tavares,
ministro do Exército, Almirante Augusto Rademaker, ministro da Marinha e o
Brigadeiro Márcio de Sousa Melo, ministro da Aeronáutica. Costa e Silva nunca
mais retornou a sua função presidencial e do próprio hospital seguiu direto
para o cemitério... Agora a história, como asseverou o genial Marx em seu livro
"O Dezoito Brumário de Luis Bonaparte", se repete como farsa, sendo hoje um general
impedido de assumir a presidência da república, em função de uma imposição do
atual triunvirato civil e neoliberal.... ou seria mesmo neste caso brasileiro,
de um capitão fascista idiota, uma farsa virando história?