O filme dirigido por Wagner Moura sobre Carlos Marighella acaba
de ser lançado e tem sido objeto do ódio fascista, hordas reacionárias tentam
manchar sua honra revolucionária, acusando-o de terrorista, um “reles”
assaltante de banco e assassino “profissional”. Nada mais “normal” vindo da
canalha bolsonarista que deseja escrever a história a luz dos interesses das
classes dominantes. Entretanto, o vigoroso combate as calúnias ultrajantes desferidas
pela extrema-direita não impede os Marxistas Revolucionários de fazerem uma crítica
programática a toda uma franja socialdemocrata de “intelectuais”, “artistas” e mesmo
militantes da esquerda domesticada que ao comemorarem o filme sobre a vida de
Marighella dirigido por Moura diluem o passado de dirigente comunista, deputado
do PCB e posteriormente comandante político-militar da ALN, como faz o próprio longa
a ser exibido na “tela grande”, cuja narrativa aborda apenas o período entre
1964 e 1969. Marighella não foi simplesmente um “progressista” ou “democrata”, ao
contrário do “senso comum” amplamente difundido pela mídia capitalista e em
parte legitimado pela esquerda palatável, Marighella e nossos combatentes não
foram mortos “lutando pelo restabelecimento da democracia”, tombaram no
confronto direto com as forças da repressão pela causa da Revolução Socialista,
mais além dos desvios políticos das direções reformistas e etapistas que
hegemonizavam o momento. A concepção da “democracia como valor universal” não
permeava as mentes de nenhum dos nossos heróis que deram suas vidas na luta revolucionária pelo Comunismo. Para clarificar
nossa posição sobre esse herói do povo brasileiro reproduzimos o artigo abaixo
publicado nos 45 de sua morte pelas mãos dos chacais da ditadura em 4 de novembro
de 1969.
HÁ 45 ANOS ATRÁS TOMBAVA EM COMBATE O COMANDANTE MARIGHELLA
PELAS MÃOS DO FACÍNORA FLEURY! NOSSA MODESTA HOMENAGEM A ESSE HERÓI DA LUTA
CONTRA A DITADURA MILITAR!
(Artigo histórico extraído do BLOG da LBI, 4 de novembro de
2014)
Precisamente na noite de 4 de novembro de 1969, há 45 anos
atrás, Carlos Marighella foi assassinado por agentes de repressão da ditadura
militar numa emboscada em São Paulo, chefiada pelo facínora Sérgio Paranhos
Fleury, delegado do DOPS, órgão oficial dos ratos covardes torturadores.
Marighella foi um dos principais líderes da luta armada durante o período da
ditadura semifascista. Apesar das divergências com o programa defendido por
Marighella tanto no PCB como na ALN, rendemos nossa homenagem a esse herói da
luta contra o regime dos gorilas, que morreu em combate contra a dominação do
país pelo imperialismo e seus títeres de farda.
Nascido em 05 de dezembro de 1911, iniciou sua militância aos 18 anos, quando ingressou no PCB, em 1930, numa fase em que o partido comunista enfrentava profundas crises internas decorrentes de sua adaptação ao stalinismo. A onda de reação que se seguiu à aventura de 35, mais uma das fracassadas insurreições preparadas pelos agentes da III Internacional stalinista, vários militantes foram presos e barbaramente torturados pela polícia de Filinto Müller. Marighella foi detido em 1º de maio de 1936 e permaneceu encarcerado por um ano durante o governo Vargas. Elege-se deputado federal constituinte pelo PCB baiano em 1946, mas teve o mandato cassado em 1948, em virtude da nova proscrição do partido. Após o golpe militar de 1964, é baleado e preso por agentes do DOPS no Rio de Janeiro. Libertado em 1965, Marighella começa a divergir da política do PCB diante do regime militar. Criticando o imobilismo da direção, que ficava a espera de espaços para a atuação política dentro das regras e dos limites impostos pelo próprio regime ditatorial, solicitou seu desligamento da Comissão Executiva em dezembro de 1966, anunciando sua disposição de lutar revolucionariamente contra a ditadura. Em 1967, na Conferência Estadual de São Paulo, as posições de Marighella são esmagadoramente vitoriosas (33 a 3) sobre o restante do Comitê Central, mesmo tendo como opositor o próprio Luiz Carlos Prestes. Contrariando as ordens do CC, que o ameaça de expulsão, Marighella vai a Cuba para participar da conferência da OLAS. O passo seguinte foi sua ruptura com o Comitê Central e, como consequência, sua expulsão do PCB. Ao retornar ao Brasil, Marighella funda a Ação Libertadora Nacional (ALN) e inicia as ações armadas contra a ditadura militar. Desgraçadamente, uma característica fundamental da ALN foi a negação da teoria leninista sobre o papel do partido da vanguarda do proletariado no processo revolucionário. Sob a influência do guevarismo e da experiência da revolução cubana, adotou como lema “a ação faz a vanguarda”, partindo para a luta armada. A cisão de Carlos Marighella com o PCB não significou sua renúncia ao stalinismo. O norte estratégico da ALN, não por acaso quase o mesmo nome da organização de caráter frente populista criada em 1934, era a restauração da democracia burguesa e a criação de um governo que realizasse algumas reformas sociais, como a reforma agrária, e assumisse uma posição de independência frente ao imperialismo.
Nascido em 05 de dezembro de 1911, iniciou sua militância aos 18 anos, quando ingressou no PCB, em 1930, numa fase em que o partido comunista enfrentava profundas crises internas decorrentes de sua adaptação ao stalinismo. A onda de reação que se seguiu à aventura de 35, mais uma das fracassadas insurreições preparadas pelos agentes da III Internacional stalinista, vários militantes foram presos e barbaramente torturados pela polícia de Filinto Müller. Marighella foi detido em 1º de maio de 1936 e permaneceu encarcerado por um ano durante o governo Vargas. Elege-se deputado federal constituinte pelo PCB baiano em 1946, mas teve o mandato cassado em 1948, em virtude da nova proscrição do partido. Após o golpe militar de 1964, é baleado e preso por agentes do DOPS no Rio de Janeiro. Libertado em 1965, Marighella começa a divergir da política do PCB diante do regime militar. Criticando o imobilismo da direção, que ficava a espera de espaços para a atuação política dentro das regras e dos limites impostos pelo próprio regime ditatorial, solicitou seu desligamento da Comissão Executiva em dezembro de 1966, anunciando sua disposição de lutar revolucionariamente contra a ditadura. Em 1967, na Conferência Estadual de São Paulo, as posições de Marighella são esmagadoramente vitoriosas (33 a 3) sobre o restante do Comitê Central, mesmo tendo como opositor o próprio Luiz Carlos Prestes. Contrariando as ordens do CC, que o ameaça de expulsão, Marighella vai a Cuba para participar da conferência da OLAS. O passo seguinte foi sua ruptura com o Comitê Central e, como consequência, sua expulsão do PCB. Ao retornar ao Brasil, Marighella funda a Ação Libertadora Nacional (ALN) e inicia as ações armadas contra a ditadura militar. Desgraçadamente, uma característica fundamental da ALN foi a negação da teoria leninista sobre o papel do partido da vanguarda do proletariado no processo revolucionário. Sob a influência do guevarismo e da experiência da revolução cubana, adotou como lema “a ação faz a vanguarda”, partindo para a luta armada. A cisão de Carlos Marighella com o PCB não significou sua renúncia ao stalinismo. O norte estratégico da ALN, não por acaso quase o mesmo nome da organização de caráter frente populista criada em 1934, era a restauração da democracia burguesa e a criação de um governo que realizasse algumas reformas sociais, como a reforma agrária, e assumisse uma posição de independência frente ao imperialismo.
Apesar de todas essas limitações, o incontestável heroísmo
na luta contra a ditadura militar, fazem de Marighella um herói dos
trabalhadores brasileiros e de sua vanguarda comunista. A LBI, que se mantém
firme no combate por desmascarar a democracia dos ricos como uma face da
ditadura do capital e dedica o melhor de suas forças à construção do partido revolucionário,
espelha-se no exemplo inquebrantável de Marighella que, apesar dos erros
programáticos, não traiu a causa que defendia, morreu em combate e pagou com a
sua própria vida na luta contra os gorilas genocidas. Ao contrário do “senso
comum” amplamente difundido pela mídia capitalista e em parte legitimado pela
esquerda palatável, Marighella e nossos combatentes não foram mortos “lutando
pelo restabelecimento da democracia”, tombaram no confronto direto com as
forças da repressão pela causa da revolução socialista, mais além dos desvios
políticos das direções reformistas e etapistas que hegemonizavam o momento. A
concepção da “democracia como valor universal” não permeava as mentes de nenhum
dos nossos heróis que deram suas vidas no combate revolucionário contra a
ditadura militar. Neste ponto reside a contradição fundamental entre o regime
de “exceção” imposto ao país pelas classes dominantes e o conjunto da
militância socialista naquela etapa da luta de classes. Salvo alguns setores do
“Partidão” que já flertavam com uma “flexibilização” do leninismo em direção à
social democracia, o que anos depois daria origem ao chamado “eurocomunismo”,
as organizações de esquerda ( como a ALN de Marighella) que se levantaram em
armas contra os facínoras adotavam a estratégia da defesa da ditadura do
proletariado versus ditadura capitalista, sob a forma concreta assumida em 64
de um regime político militar. Somente após décadas, justamente na transição da
ditadura militar à democracia burguesa, regime por excelência do modo de
produção capitalista segundo Marx, irá acontecer a “metamorfose” da esquerda
reformista assumindo as teses do “triunfo” da democracia sobre o “autoritarismo
leninista”. Com a queda do Muro de Berlim em 1989, esta mesma esquerda, já
formatada a “Nova República”, se transfere definitivamente de “malas e
bagagens” para o campo “republicano” das instituições representativas do
capitalismo.
Semear falsas ilusões de que este regime democratizante,
seja qual for a tonalidade de sua gerência política, possa fazer um resgate
histórico dos combatentes socialistas que morreram lutando contra a dominação
capitalista em nosso país é uma trágica armadilha que serve para embotar a
consciência das novas gerações de lutadores, ou no pior dos casos, um “trambique”
para amealhar algum trocado no balcão de negócios das indenizações pagas pelo
Estado burguês às vítimas da ditadura. A
verdadeira punição aos torturadores e seus “patronos” capitalistas não poderá
ser efetivada por nenhum governo “democrático” no marco de um Estado burguês,
pelo simples fato de que a burguesia jamais se “autopunirá” de seus monstruosos
crimes históricos.
Somente a revolução socialista será capaz de “vingar” nossos
heróis e combatentes mortos e torturados por um regime militar posto a serviço
das grandes multinacionais imperialistas. A farsa da “Comissão da Verdade” deve
ser denunciada vigorosamente por todos aqueles que ainda “ousam” levantar a
bandeira da revolução socialista e desta forma homenagear aos heroicos
combatentes que nunca se vergaram nem diante dos infames algozes como Fleury e
seus comparsas, muitos dos quais ainda em plena atividade e acobertados pelo
atual governo da frente popular. A única “reparação” possível, para os
marxistas revolucionários, é enterrar definitivamente da história da humanidade
todo e qualquer regime que venha “cultuar” a exploração da classe operária por
um punhado de parasitas, protegidos pelas armas de seu Estado capitalista.