El Salvador, o país centro do palco de uma das guerrilhas
mais icônicas da América Latina, passou por eleições presidenciais neste último
domingo (03/02). O resultado deste pleito eleitoral representou um revés
histórico para a Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional (FMLN), que
governava o país da América Central há três gestões estatais consecutiva, e
desta vez pela primeira vez em mais de trinta anos resignou-se a um humilhante
terceiro lugar. O vencedor chama-se Nayib Bukele, o jovem ex-prefeito da
capital, San Salvador, ex-dirigente da FMLN, mas que agora apresenta-se como
uma "novidade" política, por não integrar nenhum dos dois maiores
partidos tradicionais, a fascista ARENA e a Frente Popular FMLN. Nayib Bukele,
se apresentou nas eleições com a legenda da "Grande Aliança pela Unidade
Nacional" (GANA), um agrupamento neoliberal que se reivindica de
"direita democrática" e que "navega" na ofensiva
reacionária que varre todo nosso continente, orientada diretamente pelo
imperialismo ianque. O candidato Hugo Martínez, da Frente Farabundo Martí de
Libertação Nacional (FMLN), apesar de ter sido apoiado pelo atual presidente
Salvador Sánchez Cerén, não conseguiu escapar do desgaste político provocado
pela profunda crise econômica por que passa o país, em função do atual governo
de esquerda seguir à risca o "receituário" de "ajuste" do
rentismo Internacional. Carlos Calleja, candidato da ARENA (Aliança Republicana
Nacionalista, da direita fascista), ficou em segundo lugar abalado
eleitoralmente pela recente prisão de um ex-presidente (António Saca) ligado ao
seu reacionário partido. A FMLN foi uma das organizações políticas mais
vinculadas ao PT brasileiro, que assessorou por anos seus governos, deslocando
inclusive o publicitário João Santana (preso na famigerada operação "Lava
Jato") para El Salvador. Porém os "conselhos" neoliberais do PT
dados a FMLN de abrir a economia do país aos investidores institucionais,
levaram El Salvador a um colapso econômico e também agora a um fiasco eleitoral
da antiga guerrilha, hoje "domesticada" como mais um partido da ordem
capitalista. O resultado eleitoral em El Salvador joga muita pressão na vizinha
Nicarágua, que sob o governo da FSLN (antiga guerrilha) atravessava um processo
político "limite" de uma nova guerra civil. A derrota da FMLN também
"isola" ainda mais no continente o governo Chavista de Maduro na
Venezuela, que como os "parceiros" da Frente Popular (Bolívia,
Nicarágua e até hoje El Salvador) recusa-se a expropriar a burguesia e armar as
massas populares. Esta linha programática Social Democrata dos governos da
"esquerda " ou mesmo "centro-esquerda", vem gerando grandes
derrotas sociais em nossa região, e se não for revertida por uma estratégia
revolucionária do proletariado levará invariavelmente ao triunfo militar e
político da Casa Branca e seus "financistas" de Wall Street em toda
América Latina.