sábado, 9 de fevereiro de 2019

O "ESTRANHO" CASO DE UM GOVERNADOR SEM OPOSIÇÃO: DO DEM AO PSOL TODOS APOIAM O FANTOCHE "PETISTA" CAMILO SANTANA...


O estado do Ceará vivencia um processo muito particular e até certo ponto "estranho" da política nacional. Trata-se do governador Camilo Santana, reeleito em 2018 no primeiro turno com o maior percentual de votos de todo o Brasil. O "fenômeno" político Camilo, um jovem ex-deputado estadual que anteriormente sequer conseguiu ser eleito prefeito de sua cidade no interior (Barbalha), se explica com uma só assinatura: Ciro Ferreira Gomes. Em 2014 a oligarquia Ferreira Gomes, comandada pelo irmão mais velho Ciro, estava sendo expulsa do PSB pelo então governador de Pernambuco o falecido Eduardo Campos, o motivo do expurgo do "ninho socialista" era a pretensão do ex-ministro da Integração Nacional do governo Lula pretender para si a indicação do partido para disputar a presidência da república. Com o controle pleno do PSB em nível nacional não foi difícil para Eduardo Campos apontar a porta da rua do seu partido para os Ferreira Gomes. Ciro então adota uma estratégia bem inteligente no complexo xadrez da política nacional, sem chance de conseguir a indicação eleitoral de algum partido da "esquerda" burguesa para o Planalto em 2014 (PT, PDT e REDE já tinham fechado questão), os Ferreira Gomes decidem por se "pulverizar" em vários partidos, no sentido de obter o controle posterior das legendas. Ciro e o irmão Cid se abrigam no PROS, o prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio vai para o PDT e então deputado estadual Camilo Santana se firma no PT disputando a eleição para o governo do estadual em 2014. Dilma e Camilo fazem uma "dobradinha" no Ceará e ambos são bem sucedidos eleitoralmente, é neste momento que Ciro e seu grupo prepara o desembarque unificado no PT, saindo do PROS e do PDT. Porém no "meio do caminho dos Ferreira Gomes havia uma pedra", já bem no início de 2015 estoura a crise da operação "Lava Jato", levando segmentos da população para pedir o "Fora Dilma" nas ruas do país.. estava claro que o governo central do PT não se sustentaria por muito tempo. Mesmo já tendo o controle do PT cearense e o aval da presidente Dilma, Ciro decide recuar do plano original e negocia sua entrada no PDT, sem resistência do venal Carlos Lupi seu grupo oligárquico assume facilmente o comando nacional do partido brizolista em meados de 2015, mas resolve ainda deixar uma "ponta" no PT: o governador Camilo Santana e outras "lideranças" de menor porte. Em 2016, um setor dos "Ciristas" se transfere regionalmente para o PSB, PSD e PP, além de buscarem alianças com o PTB,DEM,PR, PROS, PCdoB e até o PSDB, com o suporte financeiro do governo do Ceará e de grandes grupos econômicos da região os Ferreira Gomes passaram a controlar 100% das legendas do estado, um "trunfo peculiar" da política burguesa nacional. Apesar de atualmente Ciro girar claramente sua rota eleitoral para ocupar o espectro da "centro-direta", com o vazio político deixado pela crise do PSDB, a oligarquia Gomes continua com o "pé atolado" no PT cearense, contando com toda a cumplicidade dos petistas da cúpula nacional do partido. O governador "petista" Camilo Santana não faz questão de esconder sua profunda simpatia com o governo neofascista Bolsonaro, estabelecendo parcerias em torno da aprovação da famigerada "reforma da previdência" e do "pacote anticrime" do bonaparte Sergio Moro, tudo sob o silêncio sepulcral da presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann. Nesta altura do texto alguém poderia perguntar, onde entra o PSOL nesta conjuntura reacionária de total "convergência estadual" com a oligarquia burguesa dos Gomes? O PSOL cearense possui um deputado estadual, Renato Rosendo (ligado a tendência interna "Insurgência"), reeleito em 2018 com o apoio político do presidente da Assembleia Legislativa, o veterano Zezinho Albuquerque (filiado ao PDT, mas que também controla o PP) que na tribuna do parlamento cearense declarou que o psolista não era oposição ao governo Camilo e tampouco "criava problemas" para o grupo "cirista" na Casa. Sem oposição parlamentar, e com a valorosa "contribuição"  do PT, PCdoB e PSOL, o fantoche Camilo Santana "passeia" livremente da "direita até a esquerda" para atacar as conquistas do funcionalismo do Estado e "facilitar" as pretensões palacianas de seu "padrinho" político Ciro Gomes, empenhado agora em colaborar com o presidente neofascista e suas reformas neoliberais.