APÓS O “BEBIGATE”: TRIUNVIRATO NEOLIBERAL VERSUS TROIKA
MILITAR, QUEM GOVERNA O PAÍS?
A única certeza do desfecho ainda preliminar (a dinâmica está
apenas começando) da crise política aberta com o “Bebigate” é a que o “capitão
fascista” não governa o país, mesmo que ainda ocupando a cadeira de Presidente
da República no Planalto. A “sofrida” demissão do “braço direito” de Bolsonaro
na arena partidária, o ex-Ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo
Bebiano, revelou a enorme fragilidade deste governo, rachado ao meio entre dois
setores reacionários, quais sejam, os militares (especificamente os generais) e
os representantes neoliberais do mercado financeiro. O descarte prematuro de
Bebiano, foi considerado uma clara derrota dos ministros do triunvirato
neoliberal, que tentaram até o último momento a permanência do ex-presidente do
PSL no governo. Os generais que ocupam postos chaves no Planalto, Augusto
Heleno e Santa Cruz nunca viram com “bons olhos” a nomeação de Bebiano,
chegaram mesmo a vetar sua entrada nas reuniões mais reservadas que ocorrem no
Planalto com a presença de Bolsonaro. O Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), chefiado por Heleno, detinha farta informação sobre o
passado recente de Bebiano, ou seja, suas íntimas ligações com milicianos
cariocas que eram clientes da banca criminal do ex-ministro quando advogava no
Rio de Janeiro. Também o vereador “Carlucho”, o filho número 2 do clã
Bolsonaro, tinha suas rixas com Bebiano desde a época da campanha eleitoral, e
que agora em uma disputa no interior da máfia soube aproveitar a “crise das
laranjas” para ajudar a cuspir fora o “bagaço podre”. Por sua vez a troika
miliar não perdeu tempo e logo indicou outro general para a vaga de Bebiano,
trata-se de Floriano Peixoto cujo a inspiração do nome não deixa dúvidas sobre o
caráter retrógrado desta composição palaciana. Agora o único civil a permanecer
na “cúpula fechada” do Planalto é Onyx
Lorenzoni, apoiado direitamente pelo “prestígio” político de Moro junto a
burguesia nacional e por Guedes bancado pelos rentistas do mercado financeiro.
Por sinal a primeira resposta do triunvirato neoliberal a demissão de Bebiano
veio rapidamente, articularam (em conjunto com o presidente do PSL) a derrota do
decreto presidencial que permite a servidores comissionados e dirigentes de
fundações, autarquias e empresas públicas imponham sigilo secreto ou
ultrassecreto a dados públicos. O “estrago” político da revelação dos áudios
das conversas entre Bolsonaro e Bebiano ainda está em pleno curso, mas o que há
de mais importante nas primeiras gravações é a tentativa do ex-ministro em
aproximar a Famiglia Marinho do governo, iniciativa prontamente rechaçada pelo
atrapalhado presidente fascista. Os generais ficaram profundamente ressentidos
com a recente decisão da Globo em renegar seu apoio ao golpe militar,
orientaram Bolsonaro a estreitar vínculos do governo com Edir Macedo e Silvio
Santos para debilitar o “império global”. Na outra ponta o triunvirato
neoliberal sabe muito bem que manter um bom canal com os Marinhos são uma
garantia para a aprovação parlamentar do “ajuste”, além de um trânsito livre
com o imperialismo ianque, o verdadeiro ”big boss” do superministro Sérgio
Moro. No meio da feroz queda de braço das duas alas do governo, o capitão e seu
clã tendem a se sustentar nos generais com quem nutrem mais identidade, porém
sem o apoio do triunvirato neoliberal nada é aprovado no Congresso Nacional, e
o débil presidente poderá ser alvo a qualquer momento de um golpe parlamentar.
Por outro lado se Bolsonaro por força do mercado se deixa levar pelas trilhas
privatistas do triunvirato neoliberal, será inexoravelmente “vítima” de um
golpe militar. Entre o “fogo e a frigideira” Bolsonaro simplesmente não
governa, apenas administra a máquina estatal ora ao sabor dos militares, ora ao
sabor dos neoliberais... isto só ocorre quando as duas alas das classes dominantes
não estão bem unidas em atacar as conquistas da classe operária e do povo
trabalhador. O proletariado e sua vanguarda de luta mais consciente não pode
assistir passiva a briga intestinal do governo neofascista, já passa da hora
para desatar a ação direta das massas, construindo a Greve Geral por tempo indeterminado para
derrotar as reformas neoliberais e também levar de roldão este regime político
de exceção!