quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

APÓS O “BEBIGATE”: TRIUNVIRATO NEOLIBERAL VERSUS TROIKA MILITAR, QUEM GOVERNA O PAÍS?


A única certeza do desfecho ainda preliminar (a dinâmica está apenas começando) da crise política aberta com o “Bebigate” é a que o “capitão fascista” não governa o país, mesmo que ainda ocupando a cadeira de Presidente da República no Planalto. A “sofrida” demissão do “braço direito” de Bolsonaro na arena partidária, o ex-Ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebiano, revelou a enorme fragilidade deste governo, rachado ao meio entre dois setores reacionários, quais sejam, os militares (especificamente os generais) e os representantes neoliberais do mercado financeiro. O descarte prematuro de Bebiano, foi considerado uma clara derrota dos ministros do triunvirato neoliberal, que tentaram até o último momento a permanência do ex-presidente do PSL no governo. Os generais que ocupam postos chaves no Planalto, Augusto Heleno e Santa Cruz nunca viram com “bons olhos” a nomeação de Bebiano, chegaram mesmo a vetar sua entrada nas reuniões mais reservadas que ocorrem no Planalto com a presença de Bolsonaro. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI), chefiado por Heleno, detinha farta informação sobre o passado recente de Bebiano, ou seja, suas íntimas ligações com milicianos cariocas que eram clientes da banca criminal do ex-ministro quando advogava no Rio de Janeiro. Também o vereador “Carlucho”, o filho número 2 do clã Bolsonaro, tinha suas rixas com Bebiano desde a época da campanha eleitoral, e que agora em uma disputa no interior da máfia soube aproveitar a “crise das laranjas” para ajudar a cuspir fora o “bagaço podre”. Por sua vez a troika miliar não perdeu tempo e logo indicou outro general para a vaga de Bebiano, trata-se de Floriano Peixoto cujo a inspiração do nome não deixa dúvidas sobre o caráter retrógrado desta composição palaciana. Agora o único civil a permanecer na “cúpula fechada” do  Planalto é Onyx Lorenzoni, apoiado direitamente pelo “prestígio” político de Moro junto a burguesia nacional e por Guedes bancado pelos rentistas do mercado financeiro. Por sinal a primeira resposta do triunvirato neoliberal a demissão de Bebiano veio rapidamente, articularam (em conjunto com o presidente do PSL) a derrota do decreto presidencial que permite a servidores comissionados e dirigentes de fundações, autarquias e empresas públicas imponham sigilo secreto ou ultrassecreto a dados públicos. O “estrago” político da revelação dos áudios das conversas entre Bolsonaro e Bebiano ainda está em pleno curso, mas o que há de mais importante nas primeiras gravações é a tentativa do ex-ministro em aproximar a Famiglia Marinho do governo, iniciativa prontamente rechaçada pelo atrapalhado presidente fascista. Os generais ficaram profundamente ressentidos com a recente decisão da Globo em renegar seu apoio ao golpe militar, orientaram Bolsonaro a estreitar vínculos do governo com Edir Macedo e Silvio Santos para debilitar o “império global”. Na outra ponta o triunvirato neoliberal sabe muito bem que manter um bom canal com os Marinhos são uma garantia para a aprovação parlamentar do “ajuste”, além de um trânsito livre com o imperialismo ianque, o verdadeiro ”big boss” do superministro Sérgio Moro. No meio da feroz queda de braço das duas alas do governo, o capitão e seu clã tendem a se sustentar nos generais com quem nutrem mais identidade, porém sem o apoio do triunvirato neoliberal nada é aprovado no Congresso Nacional, e o débil presidente poderá ser alvo a qualquer momento de um golpe parlamentar. Por outro lado se Bolsonaro por força do mercado se deixa levar pelas trilhas privatistas do triunvirato neoliberal, será inexoravelmente “vítima” de um golpe militar. Entre o “fogo e a frigideira” Bolsonaro simplesmente não governa, apenas administra a máquina estatal ora ao sabor dos militares, ora ao sabor dos neoliberais... isto só ocorre quando as duas alas das classes dominantes não estão bem unidas em atacar as conquistas da classe operária e do povo trabalhador. O proletariado e sua vanguarda de luta mais consciente não pode assistir passiva a briga intestinal do governo neofascista, já passa da hora para desatar a ação direta das massas, construindo a Greve Geral por tempo indeterminado para derrotar as reformas neoliberais e também levar de roldão este regime político de exceção!