A política de traição da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos
do ABC, controlada pela burocracia lulista, teve um novo capítulo nesta terça-feira,
26. Na semana passada os pelegos do PT mandaram os operários para casa diante
do anúncio do fechamento da Ford de São Bernardo. Agora, longe de deflagrar a greve
geral contra ocupação da fábrica aprovaram a ida de uma comitiva de burocratas aos
EUA para “dialogar” com os patrões da multinacional ianque. Representantes do
Sindicato afirmaram na assembleia de hoje que conseguiram marcar uma reunião
para o dia 7 de março em Detroit, nos Estados Unidos, onde fica a matriz da
montadora. O objetivo seria apresentar propostas contra o fechamento da fábrica
de São Bernardo do Campo. Toda essa encenação está voltada a não convocar a
luta direta dos operários, que exigiria a mobilização de toda a categoria metalúrgica
e a ocupação imediata da empresa, exigindo a sua estatização sob o controle dos
trabalhadores. A política da CUT e do PT vai na contramão das necessidades dos
trabalhadores, optam sempre por tentar pactuar com a patronal em detrimento aos
interesses operários, alimentando ilusões distracionistas entre os explorados. Tanto
que agora apresentam o prefeito de São Bernardo, o tucano Orlando Morando e até
mesmo o playboy neoliberal, governador João Dória, como possíveis aliados na luta
contra o fechamento da Ford, como escandalosamente afirma a nota da CUT
nacional “Vamos à matriz discutir com a direção mundial, conversamos com
prefeito da cidade. Não vamos desistir de manter uma empresa com essa
importância em nossa região. Esperamos ainda que a empresa reveja sua decisão e
que os governos estaduais, municipais e federal cumpram com suas obrigações,
atuando para negociar com a companhia e impedir a demissão imediata de 3.200
trabalhadores” (Rede Brasil Atual, 21.02). A política de enrolação da diretoria
sindical pelega é tão grande que no início do mês, o presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão, entregou ao vice-presidente
de Bolsoanaro, o general Hamilton Mourão, documento em defesa do setor
industrial, reivindicando do Palácio do Planalto uma política para o setor “que
contribua efetivamente com o desenvolvimento do país, articulada com as
necessidades de superação dos gargalos econômicos e sociais, de modo a
distribuir seus ganhos entre toda a sociedade e posicionando o Brasil entre as
principais economias industriais do planeta” (Brasil de Fato, 26.02). Em resumo
nossos algozes, parceiros da Ford contra os operários, passaram a ser
apresentados como possíveis aliados contra o fechamento da planta de SBC! Como
podemos observar esse é o caminho da derrota na medida que a Ford já decidiu fechar
a fábrica e os trabalhadores só tem uma medida a tomar: a greve com ocupação
para barrar as demissões, polarizando a conjuntura nacional em favor da contraofensiva
operária! Desgraçadamente, o PT e a burocracia sindical da CUT preferem
teatralizar reuniões com nossos inimigos de classes para arrefecer a luta direta
e não apostar na tarefa de organizar a resistência no chão da fábrica. O mais
vergonhoso é que correntes como o PCO, corrompidas até a medula, ainda aplaudem
essas manobras traiçoeiras da burocracia lulista, apresentando-as como “importantes
medidas de luta”. No caminho inverso da traição, defendemos que se convoque imediatamente
uma nova assembleia geral para deliberar pela greve com ocupação da Ford, única
“linguagem” que a patronal entende, capaz de fazer os capitalistas e seus
governos recuarem na investida contra os explorados!