PT COMPLETA 39 ANOS: PARTIDO TRANSITOU DOS SINDICATOS PARA
GESTOR ESTATAL DA BURGUESIA, PAVIMENTANDO O CAMINHO PARA ATUAL OFENSIVA
FASCISTA... RECEBEU COMO “PROVA DE GRATIDÃO” POR SUA ESTRATÉGIA DE COLABORAÇÃO DE
CLASSES A PRISÃO POLÍTICA DE LULA
O PT completa 39 anos de existência com sua principal
liderança política, Lula, preso arbitrariamente pela famigerada Operação Lava
Jato. Os Marxistas Revolucionários analisaram as causas dessa dura
realidade. As gestões petistas à frente do governo nacional amorteceram a luta
de classes ao ponto de abrir caminho para a atual ofensiva fascista em curso no
país. Mesmo gerenciando o Estado burguês por 13 anos em favor das corporações
capitalistas foi alvo de um golpe parlamentar em 2016 e não conseguiu ser
admitido no promíscuo clube dos partidos tradicionais da ordem institucional.
Hoje seus dirigentes mais destacados são caçados como “marginais e bandidos
perigosos”, apresentados cinicamente pela grande mídia burguesa como os
responsáveis pelo “maior escândalo de corrupção da história do país”. Práticas
absolutamente ordinárias e seculares na relação entre partidos burgueses e
grandes empresas, as comissões ou chamadas de “propinas” pela midiotas, que
foram também corriqueiras nos governos de colaboração de classes do PT, são
vendidas como o “maior delito nacional” deixando o partido na completa
defensividade política! Pouco adiantou Lula repetir a exaustão que é um liberal
e nunca foi socialista, que seu governo beneficiou “pobres e ricos”, de votar
em golpistas nas eleições de 2018, fazer aliança com esses mesmos canalhas
recentemente no Parlamento... a direita burguesa não lhe deu ouvido, encarcerou
o maior líder do PT e entronou no Planalto o fascista Bolsonaro, tendo o Juiz
que ordenou a prisão de Lula, Sérgio Moro, como o verdadeiro “homem forte” da
nova gerência estatal burguesa. Esse paradoxo que perpassa a “crise
existencial” do PT é um produto acumulado de suas próprias dubiedades ao longo
de sua vida política, um partido que estampa no nome a independência de classe
e ao mesmo tempo desde sua origem rejeita categoricamente os desafios
programáticos do proletariado, como o socialismo revolucionário.
Logo nos primeiros debutes eleitorais de 1982,1985 e 1988
descartam alianças políticas com outros partidos burgueses, para em seguida
governarem municípios favorecendo grandes empresas, principalmente no ramo do
transporte urbano. Depois vieram os governos estaduais em 90, 94 e 98, o
"véu" da independência de classe caiu por completo com as gestões
voltadas para o capital em detrimento das demandas populares. Já não poderia
haver a menor sombra de dúvida que a vitória presidencial de 2002 marcaria o
início de um governo central capitalista, lastreado na política de colaboração
de classes. A Frente Popular no comando do Estado Burguês, favorecida pela
conjuntura econômica internacional impulsionou grandes negócios e créditos para
a burguesia tupiniquim, o PT entrou definitivamente no rol dos partidos que
empreendiam campanhas eleitorais milionárias (talvez bilionárias até), mas
passado o ciclo temporal do binômio "crédito/consumo" se vê agora
rejeitado como um partido burguês bastardo e ironicamente responsabilizado por
parte das elites dominantes pela "formação do caráter corrupto dos maus brasileiros".
Sem ainda entender bem o motivo de tanta "traição e ódio" da parte
dos que tanto se beneficiaram com seus governos, o PT promove seminários e
simpósios nestes 39 anos de vida inutilmente buscando uma explicação
"moral" para sua "rejeição parental", quando na verdade a
questão remonta a própria luta de classes!
Para que possamos compreender a crise e o atual impasse dos
rumos do PT, é necessário resgatar um enunciado básico do marxismo
completamente "esquecido" pelos agentes políticos da Frente Popular:
Conquistar eleitoralmente a gerência do Estado burguês não significa o mesmo
que obter o poder político do Estado capitalista. Este poder estatal nunca
esteve nas mãos dos presidentes eleitos pelo PT (Lula e Dilma). Com o golpe
parlamentar seguido da prisão de Lula é completamente cristalino até para
qualquer leigo, o poder de Estado se deslocou para coagir e reprimir os quadros
dirigentes do PT. Governo, regime político e judiciário são instâncias
institucionais que mantém certo grau de autonomia entre si, porém o Estado
subordina as demais instituições estando sob controle direto da classe
dominante e não da presidência da república. Ao desconsiderar esta lógica de
ferro da luta de classes o PT foi vítima de sua própria política social
democrata, pensando que teria a eterna "gratidão" da burguesia
independentemente de seus interesses de classe. Findo o ciclo econômico
"neodesenvolvimentista" a burguesia "convidou" os gerentes
petistas a desocuparem o governo, como se recusaram a sair em 2014 a tarefa foi
tirá-los "à força". A "caçada "institucional a Lula e
outros dirigentes históricos do partido ocorreu em pleno regime democrático e o
que é pior sob a presidência da república ocupada por uma petista. Confiando na
PF, elogiando inicialmente o Juiz Moro e a Operação Lava Jato enquanto
adormecia o movimento de massas, Dilma acabou abrindo caminho para a ofensiva
reacionária atual que pariu a “besta” neofascista Bolsonaro! O “ovo de
serpente” foi alimentado anos a fio pelo PT que agora é vítima direta de sua
política de colaboração de classes que desarmou os trabalhadores.
A esquerda revisionista que acompanhou organicamente boa
parte da história do PT, ou mesmo a que agora retorna ao partido por outras
vias como é o caso do PCO, sempre apontou que a "primeira etapa" da
vida política petista teria sido "altamente progressista", esta
análise sem conteúdo de classe significa um gravíssimo equívoco! O PT não se degenerou quando veio a ocupar o
Planalto, apenas exerceu seu "direito", conquistado nas urnas, de
operar os negócios do Estado burguês, "direito" este que agora a
elite dominante lhe quitou com muito "ódio". Como uma organização que
jamais foi operária ou revolucionária, a evolução política do PT ocorreu pela
via programática de um partido originalmente pequeno burguês até se consolidar
como mais uma legenda da classe dominante, com a peculiaridade de não ter em
seus quadros nomes representativos da burguesia nacional. Nesta trajetória de
"transição", o PT conseguiu deletar a referência classista dos primeiros
anos de vida para abraçar o discurso da " cidadania plena", o que
obviamente para sua liderança partidária representava o "direito de
consumo" antes de mais nada. Por isso mesmo o grande mote político do
partido na atualidade foi de ter levado "30 milhões de brasileiros para
obter acesso ao mercado de consumo". A estruturação de um movimento de
massas que viesse a romper os limites de um "capitalismo com uma face
democrática" nunca nem passou "pelos pesadelos ou sonhos" de
Lula, sua tarefa e de seu partido era radicalmente oposta: "Fornecer
sustentabilidade ao capital". Com uma plataforma de governo onde não
existia sequer a execução de uma única reforma progressista, as variações do
mercado impuseram a pauta do "modelo de gestão petista", a chegada da
recessão mundial desgraçadamente esvaziou o "saco de bondades" do PT.
Agora, com o tripé, Bolsonaro-Moro-Guedes volta à pauta da classe dominante uma
agenda ultra-neoliberal que o PT não pôde cumprir plenamente com Lula e Dilma.
Entretanto nem mesmo todos os fatores mencionados
anteriormente não dão conta de explicar a ferocidade e violência destinada ao
PT por parte de "novos aliados e antigos adversários". Só poderá
mesmo haver uma única razão para o "ódio concentrado" das elites,
ainda inconfessável até por comentaristas bastantes críticos ao PT. Por ironia
da história, o PT que teve no mínimo duas vitórias roubadas (89 e 94) pela
fraude oficial do TSE, teria utilizado este mesmo instrumento estatal para
evitar a eleição do tucano Aécio Neves em 2014. Este elemento combinado ao
esgotamento total do "milagre econômico lulista" potenciou uma enorme
pressão demolidora gerada a partir das classes dominantes, desde o primeiro dia
do segundo mandato da presidenta Dilma. Como prognosticou o velho Marx em seu magnífico
livro" O dezoito brumário de Luís Bonaparte": "O herói nacional
pode virar bandido da noite para o dia, tudo dependerá dos fatores da luta de
classes". Paradoxalmente ao comemorar 39 anos de existência política,
ostentando um "invejável currículo" de quatro vitórias consecutivas
para as corridas presidenciais pós regime militar, o PT e sua principal
liderança de massas foram convertidos em os "piores bandidos" que
nossa "honrada" pátria já conheceu em toda sua história republicana,
pelo simples e banal motivo de reproduzirem a mesma metodologia utilizada por
todos os partidos burgueses deste país: Comerciar os negócios do Estado
Capitalista! Esta prática secular e usual, em tempos de estagnação e crise pode
transformar-se no pior dos "pecados políticos" para uma elite
decadente, portanto após a sentença final o PT foi crucificado!
Abstrair as lições que marcam os 39 anos de vida do PT é um
passo programático fundamental para a vanguarda classista brasileira superar a
política de pacto com a burguesia que a Frente Popular até hoje desenvolve,
agora no campo da oposição “propositiva” ao governo Bolsonaro e a nível de suas
gestões regionais. O PT continua confiando nas instituições do regime político,
tanto que aguarda passivamente o julgamento no STF sobre a legalidade da prisão
em segunda instância. No fundo espera ver Lula solto para concorrer nas
eleições presidenciais de 2022. Por sua vez no parlamento o PT fez aliança com
os partidos golpistas (MDB, DEM e PSB), negando-se a convocar a luta direta
contra as reformas neoliberais do tripé Bolsonaro-Guedes-Moro. A nova
condenação de Lula e sua prisão arbitrária demonstram que para barrar a sanha
reacionária em curso orquestrada pelo Ministro Moro contra as lideranças
petistas e o conjunto da esquerda é preciso denunciar e combater as ilusões nas
instituições do apodrecido regime político burguês, justamente o contrário que
vem fazendo o PT e o conjunto da Frente Popular. A continuar sendo levada a
cabo essa política suicida, Lula apodrecerá na prisão definhando até a morte,
na medida que toda a estratégia do PT é apostar no desgaste de Bolsonaro para
em 2022 voltar ao Planalto, uma perspectiva que a classe dominante descartou de
antemão, apesar do PT em sua “maturidade” não se casar em apresentar-se ainda
como uma opção plenamente confiável para a burguesia.