quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

SEM ACORDO O ENCONTRO ENTRE EUA E COREIA NO VIETNÃ: TRUMP EXIGE DESMILITARIZAÇÃO E REFORMAS CAPITALISTAS. APESAR DAS CONCESSÕES FEITAS POR KIM JONG, ESTADO OPERÁRIO NÃO PRETENDE TRANSFORMAR-SE EM UM NOVO MERCADO PARA O IMPERIALISMO IANQUE


Terminou sem acordo o encontro entre Donald Trump e o dirigente da Coreia do Norte, Kim Jong-un no Vietnã nesta quinta-feira, 28 de fevereiro. A cúpula acabou antes do previsto sem nenhum novo tratado. Trump disse, em coletiva de imprensa, que a Coreia do Norte exigia o fim de todas as sanções impostas ao regime stalinista. O encontro fracassou porque apesar das concessões feitas até agora por Kim o Estado operário norte-coreano não pretende transformar-se em um novo mercado para o imperialismo ianque. A segunda cúpula terminou de maneira completamente diferente da primeira, que aconteceu em junho de 2018. Naquele encontro em Singapura, a Coreia do Norte se comprometeu em iniciar o processo de desnuclearização do país. O imperialismo ianque queria o desmantelamento completo do Complexo de Yongbyon, parque nuclear, considerado chave para a Coreia do Norte, o que significaria uma rendição completa, o que era inaceitável para a burocracia stalinista. Segundo Trump, “Ele [Kim] quer desnuclearizar, mas ele quer fazer isso somente nas áreas que consideramos menos importantes”. Em resumo, houve um recuo nas relações bilaterais até então estabelecidas, fracassou o verdadeiro “abraço de urso” do imperialismo para acabar com o Estado Operário da Coréia através da adoção da “via chinesa” para a restauração capitalista e com a eliminação do arsenal nuclear, o que representaria um verdadeiro suicídio para as conquistas do proletariado norte coreano. No caso em questão, as negociações para essa conversão partem da exigência da Casa Branca do fim do programa e do arsenal nuclear da Coréia do Norte que protege a nação dos agressores capitalistas (EUA, Japão e Coréia do Sul). Em resumo, o encontro no Vietnã manteve tudo como se encontra, um limbo completo, não avançou para a liquidação do regime burocrático que mesmo com todas as deformações mantém o país livre do domínio do capital e do imperialismo. Nesse sentido não se concretizaram os passos pretendidos pelo imperialismo ianque para a burocracia norte-coreana assumir as “reformas de mercado” pretendidas pelo grande capital, ou seja, sem o poder de barganha bélico-nuclear. Houve um claro recuo na opção pelo retorno gradual ao capitalismo. Os Trotskistas não são por princípios programáticos contra a celebração de "acordos diplomáticos" entre Estados Operários e nações capitalistas, Lenin em vida os abonou diversas vezes, porém somos absolutamente contrários a liquidação das bases sociais da economia socialista, reproduzindo o exemplo dos governantes seguidores de Mao Tsé Tung na China. Como genuínos revolucionários jamais nos somamos à sórdida e criminosa campanha da Casa Branca que sataniza o regime político da Coreia do Norte para debilitar o Estado operário; ao contrário, defendemos incondicionalmente suas conquistas sociais revolucionárias. Justamente por esta razão, nos opomos a essa “trégua nuclear” e reivindicamos o legítimo direito de defesa da Coreia do Norte, inclusive utilizando seu arsenal bélico nuclear, para responder às provocações imperialistas. Os Bolcheviques Trotskistas da LBI continuarão defendendo incondicionalmente a Coréia do Norte diante de qualquer ameaça ou agressão militar imperialista, inclusive seu pleno direito ao armamento nuclear, porém não omitiremos nossa vigorosa crítica aos rumos políticos que a burocracia stalinista pretende levar o Estado Operário, ameaçando sua própria existência e conquistas históricas do proletariado. Não devemos nutrir a menor confiança política na capacidade de “negociação” da burocracia stalinista coreana, pronta para capitular a qualquer momento em troca de sua própria sobrevivência enquanto uma casta social privilegiada. A tarefa que se impõe no momento é o chamado ao conjunto do proletariado asiático que se unifique na bandeira da derrota do imperialismo ianque e seus protetorados militares da região, em particular convocando a classe operária do Sul para cerrar fileiras na luta pela reunificação socialista do país.