Terminou sem acordo o encontro entre Donald Trump e o
dirigente da Coreia do Norte, Kim Jong-un no Vietnã nesta quinta-feira, 28 de
fevereiro. A cúpula acabou antes do previsto sem nenhum novo tratado. Trump
disse, em coletiva de imprensa, que a Coreia do Norte exigia o fim de todas as
sanções impostas ao regime stalinista. O encontro fracassou porque apesar das
concessões feitas até agora por Kim o Estado operário norte-coreano não
pretende transformar-se em um novo mercado para o imperialismo ianque. A segunda
cúpula terminou de maneira completamente diferente da primeira, que aconteceu
em junho de 2018. Naquele encontro em Singapura, a Coreia do Norte se
comprometeu em iniciar o processo de desnuclearização do país. O imperialismo
ianque queria o desmantelamento completo do Complexo de Yongbyon, parque
nuclear, considerado chave para a Coreia do Norte, o que significaria uma
rendição completa, o que era inaceitável para a burocracia stalinista. Segundo
Trump, “Ele [Kim] quer desnuclearizar, mas ele quer fazer isso somente nas
áreas que consideramos menos importantes”. Em resumo, houve um recuo nas
relações bilaterais até então estabelecidas, fracassou o verdadeiro “abraço de
urso” do imperialismo para acabar com o Estado Operário da Coréia através da
adoção da “via chinesa” para a restauração capitalista e com a eliminação do
arsenal nuclear, o que representaria um verdadeiro suicídio para as conquistas
do proletariado norte coreano. No caso em questão, as negociações para essa
conversão partem da exigência da Casa Branca do fim do programa e do arsenal
nuclear da Coréia do Norte que protege a nação dos agressores capitalistas
(EUA, Japão e Coréia do Sul). Em resumo, o encontro no Vietnã manteve tudo como
se encontra, um limbo completo, não avançou para a liquidação do regime
burocrático que mesmo com todas as deformações mantém o país livre do domínio
do capital e do imperialismo. Nesse sentido não se concretizaram os passos
pretendidos pelo imperialismo ianque para a burocracia norte-coreana assumir as
“reformas de mercado” pretendidas pelo grande capital, ou seja, sem o poder de
barganha bélico-nuclear. Houve um claro recuo na opção pelo retorno gradual ao
capitalismo. Os Trotskistas não são por princípios programáticos contra a
celebração de "acordos diplomáticos" entre Estados Operários e nações
capitalistas, Lenin em vida os abonou diversas vezes, porém somos absolutamente
contrários a liquidação das bases sociais da economia socialista, reproduzindo
o exemplo dos governantes seguidores de Mao Tsé Tung na China. Como genuínos
revolucionários jamais nos somamos à sórdida e criminosa campanha da Casa
Branca que sataniza o regime político da Coreia do Norte para debilitar o
Estado operário; ao contrário, defendemos incondicionalmente suas conquistas
sociais revolucionárias. Justamente por esta razão, nos opomos a essa “trégua
nuclear” e reivindicamos o legítimo direito de defesa da Coreia do Norte,
inclusive utilizando seu arsenal bélico nuclear, para responder às provocações
imperialistas. Os Bolcheviques Trotskistas da LBI continuarão defendendo
incondicionalmente a Coréia do Norte diante de qualquer ameaça ou agressão
militar imperialista, inclusive seu pleno direito ao armamento nuclear, porém
não omitiremos nossa vigorosa crítica aos rumos políticos que a burocracia
stalinista pretende levar o Estado Operário, ameaçando sua própria existência e
conquistas históricas do proletariado. Não devemos nutrir a menor confiança
política na capacidade de “negociação” da burocracia stalinista coreana, pronta
para capitular a qualquer momento em troca de sua própria sobrevivência
enquanto uma casta social privilegiada. A tarefa que se impõe no momento é o
chamado ao conjunto do proletariado asiático que se unifique na bandeira da
derrota do imperialismo ianque e seus protetorados militares da região, em
particular convocando a classe operária do Sul para cerrar fileiras na luta
pela reunificação socialista do país.