quinta-feira, 29 de agosto de 2019

CAPITULAÇÃO E RUPTURA NAS FARC: VOLTAR A LUTA ARMADA OU INTEGRAR-SE A FALSA DEMOCRACIA? O CAMINHO REVOLUCIONÁRIO É ORGANIZAR A RESISTÊNCIA OPERÁRIA, CAMPONESA E POPULAR EM UNIDADE COM GUERRILHA PARA DERROTAR O GOVERNO DUQUE E O REGIME BURGUÊS!  


Iván Márquez, um dos principais comandantes da FARC, reapareceu nesta quinta-feira (29) em um vídeo anunciando uma nova etapa da luta armada na Colômbia declarando que houve um “desarmamento ingênuo da guerrilha”. O anúncio acontece três anos após a assinatura do “acordo de paz” entre a guerrilha e governo, o que levou a entrega das armas da guerrilha e um saldo de mais de 500 militantes mortos pelo exército nesse período de integração das FARC a falsa democracia burguesa. A leitura do manifesto “Enquanto houver vontade de lutar, haverá esperança de vencer” foi postado em um canal do YouTube (ver vídeo). Márquez, vestido de verde militar e com uma arma na cintura, está acompanhado por outro ex-comandante das Farc Jesus Santrich. “Anunciamos ao mundo que a segunda Marquetalia [berço histórico da rebelião armada] começou sob proteção do direito universal que ajuda todos os povos do mundo a se levantarem contra a opressão”. Márquez, que foi um dos principais negociadores do acordo de paz, afirma que a decisão de voltar às armas “é a continuação da luta de guerrilha em resposta à traição do Estado ao acordo de paz”. Ele ainda diz que o grupo buscará alianças com a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN) e não usará pedidos de resgate como fonte de financiamento. Após a divulgação do vídeo, o ex-comandante da guerrilha, das Farc Rodrigo Londoño, conhecido como Timochenko, completamente vendido a democracia dos ricos e corrompido ao governo negou a retomada da luta armada. “A grande maioria continua comprometida com o acordo, apesar de todas as dificuldades e perigos. Estamos com a paz”. Ele é atualmente o principal dirigente da Força Comum Alternativa Revolucionária, o partido político das Farc nascido dos “acordos de paz”. O ex-líder guerrilheiro Carlos Antonio Lozada, que atualmente é senador, considerou a iniciativa um equívoco. “Devemos dizer à base da guerrilha que o caminho é o da paz, estamos convencidos de que todos os dias há mais colombianos que querem a paz. Sabemos que não é um caminho fácil”. Por outro lado, o líder de uma das frentes mais ativas do ELN no departamento do Chocó, no oeste da Colômbia, saudou a iniciativa. “Quando as vias legais estão fechadas para as transformações profundas a resistência armada para transformar essa realidade é uma alternativa válida. Saudamos o pronunciamento de Iván Márquez, Jesús Santrich, El Paisa e outros colegas que reintegram essa forma de resistência popular”. Com uma plataforma reformista e de apologia ao regime da democracia burguesa as FARC entregaram as armas e se transformou em mais um partido da ordem capitalista na Colômbia. Frente a essa conjuntura dramática, os revolucionários bolcheviques criticaram publicamente as decisões tomadas pela direção das FARC nesses três anos porque essas medidas desgraçadamente levaram paulatinamente à sua rendição política e não “só” militar. Através de concessões crescentes se apostou na via da conciliação de classes e na política de integração ao regime títere. Sempre alertamos que a única ‘paz’ que sairia dos “acordos” é a dos cemitérios, já que desgraçadamente as vidas dos heroicos combatentes das FARC foram sendo sacrificadas em nome de uma política que em nada serve para a luta revolucionária e, muito menos, para libertar a Colômbia do domínio da burguesia e do imperialismo. É vital para o movimento de massas colombiano reorganizar os sindicatos operários que sejam capazes de acaudilhar atrás de si as organizações guerrilheiras, submetendo-as militarmente à democracia das assembleias proletárias. 


A LBI, apesar de nossas profundas divergências com o programa das FARC (hoje transformada em partido político legal) mantém de pé a tarefa da defesa militar e política incondicional dos militantes da guerrilha que não abandonaram a luta frente aos ataques do atual governo ultrarreacionário de Iván Duque, que permanecem mesmo após a sua deposição de armas. Em oposição pelo vértice aos revisionistas do Trotskismo e dos estalinistas “moderados” que condenaram as FARC pela adoção da luta armada, isolando-a ainda mais para que sejam presa fácil da burguesia na defesa da democracia dos ricos, defendemos que uma política justa para o confronto entre a guerrilha e o Estado burguês passa por aplicar a unidade de ação com os combatentes, porém com a mais absoluta independência política em relação ao programa reformista das FARC. Ao lado dos heroicos guerrilheiros das FARC e honrando o sangue derramado pelo comandante Afonso Cano, que morreu em combate, apontamos como alternativa programática a defesa da estratégia da revolução socialista e da ditadura do proletariado, sem patrocinar nenhuma ilusão na possibilidade de construir uma “Nova Colômbia” sem liquidar o capitalismo e seus títeres!