CAPITULAÇÃO E RUPTURA NAS FARC: VOLTAR A LUTA ARMADA OU
INTEGRAR-SE A FALSA DEMOCRACIA? O CAMINHO REVOLUCIONÁRIO É ORGANIZAR A RESISTÊNCIA OPERÁRIA,
CAMPONESA E POPULAR EM UNIDADE COM GUERRILHA PARA DERROTAR O GOVERNO DUQUE E O
REGIME BURGUÊS!
Iván Márquez, um dos principais comandantes da FARC,
reapareceu nesta quinta-feira (29) em um vídeo anunciando uma nova etapa da
luta armada na Colômbia declarando que houve um “desarmamento ingênuo
da guerrilha”. O anúncio acontece três anos após a assinatura do “acordo de
paz” entre a guerrilha e governo, o que levou a entrega das armas da guerrilha
e um saldo de mais de 500 militantes mortos pelo exército nesse período de
integração das FARC a falsa democracia burguesa. A leitura do manifesto
“Enquanto houver vontade de lutar, haverá esperança de vencer” foi postado em
um canal do YouTube (ver vídeo). Márquez, vestido de verde militar e com uma
arma na cintura, está acompanhado por outro ex-comandante das Farc Jesus
Santrich. “Anunciamos ao mundo que a segunda Marquetalia [berço histórico da
rebelião armada] começou sob proteção do direito universal que ajuda todos os
povos do mundo a se levantarem contra a opressão”. Márquez, que foi um dos
principais negociadores do acordo de paz, afirma que a decisão de voltar às
armas “é a continuação da luta de guerrilha em resposta à traição do Estado ao
acordo de paz”. Ele ainda diz que o grupo buscará alianças com a guerrilha
Exército de Libertação Nacional (ELN) e não usará pedidos de resgate como fonte
de financiamento. Após a divulgação do vídeo, o ex-comandante da guerrilha, das
Farc Rodrigo Londoño, conhecido como Timochenko, completamente vendido a
democracia dos ricos e corrompido ao governo negou a retomada da luta armada.
“A grande maioria continua comprometida com o acordo, apesar de todas as
dificuldades e perigos. Estamos com a paz”. Ele é atualmente o principal
dirigente da Força Comum Alternativa Revolucionária, o partido político das
Farc nascido dos “acordos de paz”. O ex-líder guerrilheiro Carlos Antonio
Lozada, que atualmente é senador, considerou a iniciativa um equívoco. “Devemos
dizer à base da guerrilha que o caminho é o da paz, estamos convencidos de que
todos os dias há mais colombianos que querem a paz. Sabemos que não é um
caminho fácil”. Por outro lado, o líder de uma das frentes mais ativas do ELN
no departamento do Chocó, no oeste da Colômbia, saudou a iniciativa. “Quando as
vias legais estão fechadas para as transformações profundas a resistência
armada para transformar essa realidade é uma alternativa válida. Saudamos o
pronunciamento de Iván Márquez, Jesús Santrich, El Paisa e outros colegas que
reintegram essa forma de resistência popular”. Com uma plataforma reformista e
de apologia ao regime da democracia burguesa as FARC entregaram as armas e se
transformou em mais um partido da ordem capitalista na Colômbia. Frente a essa
conjuntura dramática, os revolucionários bolcheviques criticaram publicamente
as decisões tomadas pela direção das FARC nesses três anos porque essas medidas
desgraçadamente levaram paulatinamente à sua rendição política e não “só”
militar. Através de concessões crescentes se apostou na via da conciliação de
classes e na política de integração ao regime títere. Sempre alertamos que a única ‘paz’ que sairia dos “acordos” é a dos cemitérios, já que
desgraçadamente as vidas dos heroicos combatentes das FARC foram sendo
sacrificadas em nome de uma política que em nada serve para a luta
revolucionária e, muito menos, para libertar a Colômbia do domínio da burguesia
e do imperialismo. É vital para o movimento de massas colombiano reorganizar os
sindicatos operários que sejam capazes de acaudilhar atrás de si as
organizações guerrilheiras, submetendo-as militarmente à democracia das
assembleias proletárias.
A LBI, apesar de nossas profundas divergências com o
programa das FARC (hoje transformada em partido político legal) mantém de pé a
tarefa da defesa militar e política incondicional dos militantes da guerrilha
que não abandonaram a luta frente aos ataques do atual governo
ultrarreacionário de Iván Duque, que permanecem mesmo após a sua deposição de
armas. Em oposição pelo vértice aos revisionistas do Trotskismo e dos
estalinistas “moderados” que condenaram as FARC pela adoção da luta armada,
isolando-a ainda mais para que sejam presa fácil da burguesia na defesa da
democracia dos ricos, defendemos que uma política justa para o confronto entre
a guerrilha e o Estado burguês passa por aplicar a unidade de ação com os
combatentes, porém com a mais absoluta independência política em relação ao
programa reformista das FARC. Ao lado dos heroicos guerrilheiros das FARC e
honrando o sangue derramado pelo comandante Afonso Cano, que morreu em combate,
apontamos como alternativa programática a defesa da estratégia da revolução
socialista e da ditadura do proletariado, sem patrocinar nenhuma ilusão na
possibilidade de construir uma “Nova Colômbia” sem liquidar o capitalismo e
seus títeres!