O Congresso Nacional está na véspera de selar o fim da
Previdência Pública no país, após a emenda constitucional da malfadada
(contra)reforma ter sido aprovada com uma ampla margem na Câmara dos Deputados,
e no Senado a previsão é de uma vitória ainda mais folgada do rentismo. No bojo
da ofensiva neoliberal, este mesmo Congresso, composto majoritariamente pela
nova escória da política burguesa, prepara um pacote de “ajuste” brutal de
medidas exigidas pelo “mercado”, como a chamada “reforma tributária” e um agressivo
plano de privatizações das estatais ainda sobreviventes ao “desmonte”. Nem é
preciso gastar muito o tempo de nossos leitores falando sobre o caráter venal
da atual composição política do Congresso brasileiro, mas por mais
inacreditável que possa parecer a esquerda reformista (PT, PSOL e afins) ainda
insiste em “virar o jogo” das contrarreformas no marco do lobby parlamentar, e
em um delírio criminoso sustenta que o governo neofascista pode ser derrubado
pela própria ação de deputados e senadores bolsonaristas... que poderiam ser
convencidos a mudar do campo reacionário pela plataforma da “oposição”...
A “grande estratégia” desta esquerda reformista que integra
a Frente Popular de colaboração de classes é apostar que a pressão parlamentar,
desvinculada da ação direta das massas poderá infringir derrotas no terreno
institucional ao governo Bolsonaro e sua pauta econômica neoliberal ditada
integralmente pelo capital financeiro internacional. Neste sentido, o PT e seus
apêndices políticos, lançaram a proposta da formação de uma ampla “Frente
Antifascista”, formulação originada
diretamente no cárcere da “República de Curitiba” pelo próprio Lula. A
princípio parece muito alvissareira e correta a ideia da articulação de uma
Frente Única para lutar contra a ofensiva neofascista, uma trincheira de
combate no curso da mobilização concreta dos trabalhadores, juventude e do povo
oprimido. Mas não é nada disso o que Lula e o PT está propondo, muito pelo
contrário...segundo os próprios dirigentes da Frente Popular, a chamada “Carta
de Curitiba” : “Não foi uma carta para a esquerda ou centro esquerda. Foi uma
carta a praticamente todo o especto político do país, exceto a extrema-direita.
Examinando-se com cuidado os destinatários, é imediata a lembrança da base
parlamentar que sustentou os governos de Lula. Eis os destinatários nominados
por Lula: Rodrigo Maia (DEM), Marcos Pereira (PRB), presidente e vice da
Câmara, e os presidentes de partidos, líderes ou vice-líderes das bancadas:
Tadeu Alencar (PSB), Fábio Ramalho (MDB), Arthur Lira (PP), Rubens Bueno
(Cidadania), Paulinho da Força (Solidariedade)”etc... (site247, 14/08).
Afinal a tal Frente proposta pessoalmente por Lula, e
celebrada pela esquerda reformista como a “alavanca política” para tirar o
neofascista do Planalto, não passa de um “bloco parlamentar” com os setores
neoliberais mais entreguistas da burguesia nacional. A ilusão disseminada pelo
PT e PSOL que as críticas pontuais de setores do “Centrão” feitas a algumas
aberrações cometidas por Bolsonaro, poderia desembocar em uma Frente
antifascista é no mínimo ridícula, para não falar dos danos políticos que este
tipo de proposição leva a consciência do movimento operário e popular. Será
mesmo crível que se possa “convencer” a malta de bandidos do Congresso Nacional
que o governo Bolsonaro está “cometendo ilegalidades” e que poderia sofrer um
processo de impeachment? Somente os tolos ou idiotas úteis da esquerda
reformista para para dissipar tamanha asneira, enquanto o Congresso Nacional
trata de subtrair todos direitos históricos do proletariado, sem a menor linha
de resistência das direções do movimento de massas. É claro que não descartamos
a possibilidade de após todo o “serviço sujo” do ajuste neoliberal ser aprovado
no parlamento, a própria burguesia descartar o “lixo Bolsonaro”, substituindo
por outro governo reacionário tão o mais draconiano, porém esta alternativa
depende de fatores internacionais, como a próxima disputa para a Casa Branca e
os fluxos globais da crise do capital. A questão fulcral para a classe operária
neste momento não é a espera passiva do calendário eleitoral, ou mesmo o inócuo
lobby parlamentar sobre um Congresso Nacional de estelionatários. O norte
estratégico do proletariado deve apontar para a ação direta contra a ofensiva
neoliberal, no sentido de germinar na luta sua própria alternativa de poder
revolucionário!