terça-feira, 13 de agosto de 2019

58 ANOS DA CONSTRUÇÃO DO MURO DE BERLIM: UM DIVISOR POLÍTICO-MILITAR ENTRE OS ESTADOS OPERÁRIOS BUROCRATIZADOS E ALEMANHA CAPITALISTA A SERVIÇO DA OTAN



No dia 13 de agosto de 1961, há exatos 58 anos, teve início a construção do Muro de Berlim (em alemão Berliner Mauer). Hoje o imperialismo se regozija desta data histórica para comemorar com toda empáfia e cinismo o oposto, a restauração capitalista do antigo Estado operário alemão, produto da queda contrarrevolucionária do Muro. A mídia burguesa "murdochiana" aproveita para espalhar por todos os cantos do planeta que a Alemanha “unificada” está agora, sem o muro, mergulhada no paraíso do mercado livre! Nas palavras da chanceler alemã Angela Merkel: “A queda do muro foi um acontecimento que mudou a minha vida e a de milhões de outras para melhor” (Der Spiegel, 03/8). A verdade é, no entanto, outra, completamente oposta. Os trabalhadores da antiga Alemanha Oriental estão pagando um alto preço social com o fim do Estado operário: o “sonho” do consumo capitalista em troca do pleno emprego e de todas garantias sociais, como habitação, saúde e educação acessíveis a toda população. O "Muro" passou a simbolizar todo o ódio de classe da reação mundial ao "socialismo real", e desgraçadamente a esquerda revisionista do Trotskismo (LIT, UIT, PCO) também embarcou nesta "onda" ideológica afirmando que o Muro de Berlim significava a opressão contra a classe operária, ignorando que do outro lado do "Muro" se condensava a verdadeira exploração capitalista sobre o proletariado. Ao final da Segunda Guerra Mundial, maio de 1945, Berlim fora tomada, pela ofensiva do Exército Vermelho, das garras das tropas nazistas. O exército soviético avançava rumo ao Ocidente, levando a cabo por onde passava, mais especificamente os países do Leste europeu, a expropriação das burguesias nacionais. O fato é que mesmo dirigida pela burocracia stalinista, as expropriações significavam um fenômeno histórico extremamente progressivo para os interesses da classe operária mundial.

Com o advento da Guerra Fria, o Muro de Berlim passa a significar militarmente a divisão entre as tropas imperialistas da OTAN e as forças do Pacto de Varsóvia capitaneadas pelos Estados operários burocratizados do Leste europeu e a URSS. O que estava em jogo representava muito além de um conflito militar. Tratava-se da existência de dois modos de produção diametralmente antagônicos: a economia planificada burocraticamente da URSS e dos Estados operários deformados e o caos do mercado capitalista e da propriedade privada dos meios de produção. A queda do Muro de Berlim e a destruição do Estado operário burocratizado alemão como produto da contrarrevolução, representaram uma profunda derrota militar, política e ideológica para o proletariado mundial, exatamente porque a derrubada da burocracia stalinista foi a "obra do século XX" do imperialismo e não parte da revolução política dirigida pelo proletariado insurgente. A derrubada do Muro de Berlim marcou, por sua vez, o fim do Pacto de Varsóvia (aliança militar de todos os Estados operários), o que levou a termo a bipolarização política mundial até então existente. O Muro, em outras palavras, era o contraponto militar ao avanço da OTAN e do Imperialismo europeu rumo ao Leste. A partir da restauração capitalista da RDA e da URSS, o imperialismo teve a possibilidade de levar adiante a sua brutal ofensiva militar sobre toda uma série de países que até então estavam sob a influência soviética, o que abriu caminho para as agressões da OTAN sobre o Iraque, Afeganistão, Líbia assim como no incremento as provocações a Coreia do Norte e Venezuela. A anexação imperialista da Alemanha Oriental, até então controlada pelo stalinismo, trouxe consigo desemprego para o proletariado alemão oriental, perda de suas conquistas históricas, maior presença militar ianque na região etc., em resumo: uma derrota histórica do proletariado mundial. O Muro de Berlim significava militarmente a divisão entre as tropas imperialistas da OTAN (que hoje ameaçam impunemente as ex-repúblicas soviéticas como a Ucrânia). A destruição dos estados operários e o fim do estalinismo, dando lugar à barbárie capitalista, não foi produto da ação revolucionária das massas, ao contrário, é fruto da contrarrevolução burguesa mundial, colocando como tarefa a todos aqueles que reivindicam o legado de Lenin e Trotsky, o combate a ferro e fogo pelas conquistas históricas da revolução.