Neste 13 de agosto completa-se cinco anos ano do “acidente”
que vitimou o então candidato do PSB à Presidência da República em 2014,
Eduardo Campos. A LBI foi a primeira corrente política não só a anunciar a
morte de Campos como a denunciar que a queda do moderno avião Cessna não foi
produto de uma falha humana ou mesmo de um problema mecânico ocasional, mas na
verdade de uma operação que teve as digitais da CIA para retirar o “socialista”
da disputa a fim de abrir caminho para que Marina Silva (a candidata
preferencial dos rentistas e do imperialismo ianque naquele momento), pudesse
voltar a concorrer ao Palácio do Planalto. Esta artimanha fatal acabou forçando
um segundo turno disputadíssimo entre PT e PSDB que derivou na polarização
eleitoral e política em que está mergulhado nosso país até hoje com a ofensiva
da direita neofascista e a posterior eleição de Bolsonaro. Com uma vitória
muito débil nas eleições de 2014, o segundo governo Dilma foi uma “presa” fácil
para o golpismo, facilitado é claro pela adoção de agressivas medidas
neoliberais assumidas logo do início de 2015, sob a “regência” do ministro
rentista Nelson Levi. Passados cinco anos da queda do jato, a FAB ainda não
chegou sequer a um resultado definitivo dos reais motivos do “acidente”,
justamente porque deseja-se no meio desta situação inconclusa, onde a caixa
preta da aeronave estranhamente não conseguiu gravar os últimos momentos do voo
terminal de Campos, deixar um rastro de imprecisões do fabricante sobre o
acidente que facilitam convenientemente jogar a responsabilidade da tragédia
sobre o piloto. A esposa do piloto falecido denunciou recentemente com laudos
bastantes robustos tecnicamente enviados a FAB que o motivo da abrupta queda da
aeronave foi uma falha mecânica provocada na revisão feita na própria empresa
Cessna nos EUA, uma companhia norte-americana controlada sabidamente por
militares ianques. Como dissemos a época e reafirmamos agora sem medo de errar,
tudo aponta para mais um acidente “fabricado” por razões “estratégicas de estado”
com a tragédia tendo as digitais da CIA, uma prova disto é que até hoje a PF
não chegou a conclusão de quem é o dono da aeronave. O sucesso do “modus
operandi” aplicado contra Campos, foi o mesmo que resultou no “acidente” que
também vitimou Teori Zavaski quatro anos depois, o ministro do STF que se
colocava naquele momento contra uma articulação golpista da “Lava Jato”. O mais
importante agora é compreender que a morte de Campos foi parte de uma ofensiva
reacionária do imperialismo que neste momento se condensa no incremento da
sanha da direita contra do a esquerda, apontando em uma única direção: entronar
no Planalto uma marionete neofascista diretamente alinhada com a Casa Branca,
que inclusive rompa as relações econômicas e comerciais com os BRIC´s em favor
do amo do norte e abra caminho para varrer qualquer vestígio de influência da
“esquerda” na política brasileira ou mesmo traço de soberania nacional de nosso
país. Para resgatar esse processo político que consideramos ter um claro fio de
continuidade, apresentamos para nossos leitores e simpatizantes o artigo
publicado no dia 13 de agosto de 2014, poucas horas depois do acidente. Além
disso disponibilizamos uma série de textos que a partir da análise do ocorrido
abordou o caráter pró-imperialista da candidatura de Marina Silva (PSB-REDE),
coletânea que está a disposição dos nossos leitores em forma do livro “O
‘acidente’ fatal de Campos e a ‘operação’ embuste Marina: Teoria da conspiração
ou uma exigência do imperialismo?”, a fim de que a vanguarda militante possa
abstrair as importantes conclusões deste “acidente” fabricado e sua relação
direta com a própria dinâmica da luta de classe no Brasil.
MORTE “ACIDENTAL” DE EDUARDO CAMPOS RECOLOCA NOVAMENTE
MARINA NO CENTRO PELA DISPUTA POLÍTICA AO PLANALTO
13 DE AGOSTO DE 2014
O inesperado “acidente” aéreo, ainda não totalmente
explicado pelas autoridades da ANAC e tampouco pelo governo do estado de São
Paulo, que ceifou prematuramente a vida do ex-governador de Pernambuco, Eduardo
Campos, candidato pela coligação PSB e REDE à Presidência da República,
novamente recoloca no centro da disputa pelo Planalto a figura de Marina Silva,
que teve seu registro eleitoral como cabeça de chapa do REDE “cassado” em 2013
por uma deliberação arbitrária do TSE. A candidatura de Eduardo, um dos netos
do legendário Miguel Arraes, vinha enfrentando grandes dificuldades políticas
em virtude da fracassada tentativa de transferir o potencial eleitoral de
Marina Silva para a chapa de composição entre o PSB e o REDE. Mal confirmaram a
morte do líder máximo do PSB, nesta manhã do dia de 13 de Agosto, as hienas
“Murdochianas” já comemoravam a “reentrance” de Marina como protagonista do
cenário da sucessão presidencial, “constatando” o fato que Campos dificilmente
chegaria ao segundo turno na disputa contra Dilma Rousseff. O PSB, com a
decisão de Campos de romper o bloco da Frente Popular, não conseguiu sequer
conquistar sua unidade interna, “patinando” entre o apoio ao Tucano Aécio (PSB
mineiro) e a reeleição da presidenta Dilma. Até na própria família Arraes o
nome de Eduardo não era consenso, sua prima Marília vereadora de Recife pelo
PSB e também neta do ex-governador Miguel, estava em campanha aberta pela
aliança PTB/PT em Pernambuco. Por outro lado, o nome de Campos não conseguia ser
bem “digerido” pela militância do REDE, inconformada com a intransigência do
PSB em não ceder a “cabeça” da chapa para a “queridinha” da mídia corporativa
Marina Silva. A trágica saída de Eduardo Campos (ainda não se pode descartar
totalmente a possibilidade de um “incidente” induzido) da disputa presidencial
parece que teve a capacidade de reanimar as forças mais conservadoras do país,
já descrentes na possibilidade de uma reação eleitoral tanto de Aécio como do
ex-governador de Pernambuco. Marina era o grande trunfo do imperialismo para
barrar as pretensões de um quarto mandato consecutivo do PT na gerência do
Estado Burguês, porém a pesada manobra do governo da Frente Popular junto ao
TSE bloqueou parcialmente a aposta política da Casa Branca no projeto
“econeoliberal”. O próximo passo das oligarquias mais diretamente vinculadas a
Washington, como a famiglia Marinho, será criar artificialmente um clima de
“comoção nacional” pela morte de Campos e ainda na esteira do “luto eleitoral”
catapultar midiaticamente o nome de Marina como a única opção capaz de derrotar
Dilma. De nossa parte como Marxistas Revolucionários devemos afirmar claramente
que Eduardo Campos não pertencia às fileiras do movimento dos trabalhadores e
tampouco do genuíno socialismo. A oligarquia burguesa Arraes, mesmo
reconhecendo o papel do “velho” Miguel no combate da oposição democrática ao
regime militar, representa uma das frações políticas das classes dominantes,
tendo por várias vezes nas gestões do estado pernambucano reprimido violentamente
o movimento de massas e a classe operária. Não reverenciamos a figura de
Eduardo Campos como um dos “nossos mortos”, embora alertamos que sua morte será
utilizada pelos setores mais reacionários do país para atacar a Frente Popular
comandada pelo PT, cujo o próprio PSB já integrou no passado recente.
Em país onde a fraude, a farsa e o golpismo fazem parte das
“tradições” mais profundas das elites dominantes nunca é demais ter um pouco de
cautela acerca das “versões oficiais” sobre fatos políticos significantes, e a
inesperada morte de Eduardo representa bem mais do que uma mera tragédia
pessoal. É certo que não faltarão aqueles “tolos”, que acreditam cegamente na
“lisura” das instituições brasileiras, para nos acusar de “delírio” ou
fomentadores da “teoria da conspiração”. Mas como acreditar nas instituições de
um Estado (no sentido amplo do termo) que forja a colocação de explosivos nas
mochilas de ativistas políticos para incriminá-los? A queda de uma aeronave
moderna e muito bem revisada como a que transportava Campos do Rio até Santos
(um trajeto muito curto) não é um fato comum na história da aviação
internacional, ainda mais em um procedimento de arremeter o pouso em plena luz
do dia. O certo mesmo é que a entrada de Marina na vaga deixada pela morte de
Campos, garantirá no mínimo a realização de um segundo turno, quando muito não
provocará a própria derrota da candidata do PT nestas eleições presidenciais.
Setores “ortodoxos” mais à direita da burguesia estavam
bastante decepcionados com o fraco desempenho de Campos nas pesquisas
eleitorais até o momento. Nos bastidores do Congresso Nacional a “crítica” da
reação ao presidente do PSB estava focada na sua falta de desprendimento,
deixando para o segundo plano o enorme potencial de Marina Silva relegada a
vice de um “quase desconhecido”. Na entrevista realizada ontem (12/08) pelos
ventríloquos dos Marinhos no Jornal Nacional, Campos foi duramente acossado,
uma conduta bem diferente adotada no dia anterior na presença do senador Aécio
Neves. O venal PPS, um dos poucos partidos coligados com o PSB nestas eleições,
vinha manifestando sinais de insatisfação com a condução exclusivamente
“Campista” da campanha, ameaçando até mesmo pular fora do barco, como fazem os
ratos quando se inicia o naufrágio.
Mesmo com todos “chorando” a morte de Eduardo Campos, parece
que se estabeleceu um certo “alívio” com a sua saída do tabuleiro eleitoral.
Dificilmente a cúpula do PSB conseguirá impor um outro cabeça de chapa que não
seja Marina, apesar desta contar com adversários declarados no interior do
partido de Campos. O próprio futuro político do PSB está ameaçado sem a
liderança de Campos e com a possibilidade muito grande de uma derrota eleitoral
para o governo de Pernambuco. Sem a frondosa sombra da Frente Popular, o mais
seguro para a existência política do PSB será mesmo concluir a fusão com o REDE
de forma permanente, tentando colar o partido no prestígio eleitoral de Marina
Silva. A eleição presidencial que parecia meio morna e estática, com as
pesquisas dos “institutos” sempre repetindo os mesmos índices, poderá agora
passar por uma “sacudida”, no sentido de deslocar para a dianteira uma
adversária letal para os planos de reeleição do governo Dilma.