Nestas primeiras semanas de agosto foi aprovada na Câmara
dos Deputados em 2º turno a reforma neoliberal da previdência exigida pelos
rentistas e o imperialismo. Trata-se de um duro ataque aos direitos dos
trabalhadores, com perdas de conquistas históricas. No mesmo sentido, o governo
Bolsonaro segue com seu plano de privatização das estatais, vendendo setores
estratégicos da Petrobrás, como a BR distribuidora e planejando reduzir a
principal empresa nacional a função básica de gerenciamento da extração de
petróleo. Diante desses ataques de grande envergadura, a Frente Popular capitaneada pelo PT não esboçou qualquer resistência, pelo contrário, fez seu teatro no parlamento e
sabotou a luta direta através da paralisia imposta pela CUT. A esquerda
integrada ao regime burguês espera inerte pelas eleições presidenciais de 2022.
Uma prova do que afirmamos é a presidente nacional do PT, deputada federal
Gleisi Hoffmann (PR), defender hoje que o ex-presidente Lula, mantido como
preso político em Curitiba, seja o candidato do partido nas eleições
presidenciais de 2022. “O Lula é uma grande liderança do partido, e tendo
condições de disputar, não teria dúvidas de que o PT disputaria com ele. Obviamente,
se isso não acontecer, tem o nome forte no partido que é o do Fernando Haddad,
que já foi nosso candidato a presidente. Não formamos candidatos e não
construímos lideranças de uma hora para outra”. Como se observa, o PT vem
sabotando a luta direta contra o ajuste neoliberal de Bolsonaro na esperança de
ver Lula fora das grades para que recomponha o pacto de colaboração de classes
com a burguesia e possa voltar ao Planalto em 2022. A estratégia adotada pela
cúpula do PT consiste em chamar a solidariedade da burguesia nacional contra a
caçada humana a Lula promovida pela Lava Jato, acontece que a classe dominante
compreende que o ciclo histórico do “neodesenvolvimento” lulista está
encerrado. Somente a mobilização permanente, com os métodos revolucionários da
ação direta do proletariado, será capaz de libertar Lula e todos os presos políticos
das masmorras do Estado capitalista, sem nutrir qualquer expectativa nas
negociatas com as “cortes” da justiça burguesa. Alertamos que é completamente
equivocado sabotar a luta direta como os ataques de Bolsonaro em nome da
disputa presidencial. Na conjuntura mais imediata advogamos por derrotar nas
ruas e na luta da ação direta revolucionária o governo fascista de Bolsonaro. A
única saída realmente progressista diante da barbárie capitalista é pôr abaixo
a ditadura de classe da burguesia e construir o novo Estado Operário, a
falência histórica da democracia formal emoldurada pelas elites reacionárias já
demonstrou para os trabalhadores e as massas empobrecidas que sua única
alternativa é a luta pelo socialismo! Nesse caminho, o estabelecimento de uma
Frente Única de Ação Antifascista contra Moro e Bolsonaro não está a serviço de
defender a Frente Popular e a democracia burguesa, mas para derrotar a ofensiva
da reação contra as limitadas liberdades democráticas existentes em nosso país
e as conquistas sociais arrancadas com muita luta pelo proletariado, além de
denunciar a política neoliberal do PT em seus mais de doze anos de gerência do
Estado capitalista. O desenlace progressista da atual crise de dominação
burguesa, que acaba de encerrar um ciclo histórico de expansão econômica,
repousa exclusivamente na possibilidade da classe operária começar a construção
de seu próprio embrião de poder revolucionário!