ACACHAPANTE DERROTA DE MACRI REPRESENTA O GIRO DA BURGUESIA
EM DIREÇÃO AO PACTO SOCIAL DIANTE DA CRISE. FERNÁNDEZ AFIRMA QUE JÁ CO-GOVERNA
“COM MUITA RESPONSABILIDADE”. FIT REDUZ SUA VOTAÇÃO, APESAR DE SUA AMPLIAÇÃO
OPORTUNISTA COM O MST...
O resultado das “PASO”, um mecanismo de votação prévia antes
das eleições presidenciais de outubro na Argentina, revelaram na verdade um
“sentimento nacional” que percorre todo o país, seja para a burguesia ou para
as massas proletárias a continuação do governo neoliberal de Macri está
descartada. A chapa neoperonista de Alberto Fernández e Cristina Kirchner,
obteve uma margem de quase 20% sobre a coalizão oficialista de Mauricio Macri e
o senador “oldperonista” Miguel Pichetto. O terceiro colocado na corrida pela
Casa Rosada, Roberto Lavagna, não conseguiu chegar aos 10% e portanto é um fator
político de menor peso para as eleições de fato em outubro. Por sua vez a
FIT-Unidad, uma aliança de quase todas as forças do revisionismo argentino (PTS,
PO, IS e MST), apesar da “ampliação” oportunista que celebrou este ano com o
MST e grupos nacionalistas, sequer conseguiu superar seu próprio resultado
obtido em 2015 (3,25%), estacionando agora com 2,9% de votos na “PASO”. O outro
agrupamento da esquerda revisionista que não integrou a FIT, o MAS, não superou
o piso obrigatório de 1,5% dos votos e portanto está fora institucionalmente
das próximas eleições. Logo após a divulgação dos números finais da PASO, o
mercado financeiro se “agitou”, queda abrupta nas bolsas (não só da Argentina)
e disparada do Dólar que bateu a marca dos 60 Pesos. A reação do rentismo
demonstra uma clara chantagem sobre Alberto Fernández e o Kirchnerismo, no
sentido que reafirmem sua posição já expressa de manter o acordo com FMI e todo
o cronograma macrista de “arrocho fiscal”. Fernández, um neoliberal confesso,
não se fez de rogado e já declarou hoje na grande mídia que assume a
responsabilidade de co-governar com Macri levando integralmente a frente o “ajuste”
acertado com o imperialismo. Para a burguesia nacional ficou claro a
necessidade de mudar de “gerente” estatal, diante de uma profunda crise
capitalista que paralisa os vetores econômicos jogando o país em grave recessão
mercantil. O delicado momento de uma economia totalmente dependente e estagnada
aponta para as classes dominantes a reedição do “pacto social”, exigindo ainda
mais sacrifícios do proletariado, mas com a roupagem da conciliação de classes
da Frente Popular kirchnerista. A FIT, que com menos de 3% dos votos não pode
comemorar o “sucesso” de sua política reformista até à medula, não abre mão de
seguir firme no eleitoralismo febril, convocando a colher mais votos para ao
menos manter sua banca no Congresso: “En ese marco creo que esta elección de la
izquierda nos ubica con una fuerte presencia en la vida política nacional. Por
eso necesitamos fortalecer al Frente de Izquierda Unidad, con más bancas en el
Congreso y las legislaturas” (12/08 site do PTS). O cretinismo parlamentar da
esquerda revisionista sequer consegue conceber a necessidade de uma imediata
ação enérgica das massas diante do aprofundamento da crise após o resultado das
PASO, com a instabilidade financeira que deverá durar até a posse de Alberto
Fernández em 2020, a “conta” recairá nas costas da classe operária com o
incremento das demissões e deterioração das condições de vida da população.
Porém no horizonte programático da FIT não exista a possibilidade da revolução
socialista, somente há demagogia eleitoral com frases contra o “regime do FMI”,
e logicamente sem mencionar que este regime político é apenas a forma temporal
que assume o Estado Burguês, é este que tem que ser derrubado de forma
revolucionária pelo proletariado. Chama atenção que umas das correntes que faz
parte da FIT, a Tendência pública do PO, tenha lançado um balanço das PASO onde
crítica suavemente, sem nominar especificamente algum grupo, o “eleitoralismo
da esquerda”. Ocorre que o tradicional e histórico “catastrofismo” verbalizado
por Jorge Altamira carece de qualquer conteúdo Leninista, ou seja, anuncia o
“hecatombe capitalista” sem estar associado às consignas de preparação da
tomada de poder pelo proletariado. Para o grupo de Altamira a convocação de uma
“Assembleia Constituinte”, resolverá a questão do poder político, e não a
instauração Ditadura do Proletariado, uma palavra de ordem necessária frente à
iminente bancarrota do governo burguês de “plantão”. No fundo a realização de
uma Assembleia Constituinte é mais uma opção do cardápio da crise capitalista,
na senda de um reordenamento jurídico do regime vigente, está muito longe de
representar a conquista do poder político de Estado pelo proletariado. Sem uma
alternativa de direção revolucionária na Argentina, as massas ficarão à mercê
da demagogia kirchnerista, atacada pela FIT em seus aspectos eleitorais e de
“submissão ao FMI”, entretanto nunca sob a ótica da revolução socialista e da
preparação soviética das massas para cumprir esta missão histórica.