segunda-feira, 12 de agosto de 2019

ACACHAPANTE DERROTA DE MACRI REPRESENTA O GIRO DA BURGUESIA EM DIREÇÃO AO PACTO SOCIAL DIANTE DA CRISE. FERNÁNDEZ AFIRMA QUE JÁ CO-GOVERNA “COM MUITA RESPONSABILIDADE”. FIT REDUZ SUA VOTAÇÃO, APESAR DE SUA AMPLIAÇÃO OPORTUNISTA COM O MST...


O resultado das “PASO”, um mecanismo de votação prévia antes das eleições presidenciais de outubro na Argentina, revelaram na verdade um “sentimento nacional” que percorre todo o país, seja para a burguesia ou para as massas proletárias a continuação do governo neoliberal de Macri está descartada. A chapa neoperonista de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, obteve uma margem de quase 20% sobre a coalizão oficialista de Mauricio Macri e o senador “oldperonista” Miguel Pichetto. O terceiro colocado na corrida pela Casa Rosada, Roberto Lavagna, não conseguiu chegar aos 10% e portanto é um fator político de menor peso para as eleições de fato em outubro. Por sua vez a FIT-Unidad, uma aliança de quase todas as forças do revisionismo argentino (PTS, PO, IS e MST), apesar da “ampliação” oportunista que celebrou este ano com o MST e grupos nacionalistas, sequer conseguiu superar seu próprio resultado obtido em 2015 (3,25%), estacionando agora com 2,9% de votos na “PASO”. O outro agrupamento da esquerda revisionista que não integrou a FIT, o MAS, não superou o piso obrigatório de 1,5% dos votos e portanto está fora institucionalmente das próximas eleições. Logo após a divulgação dos números finais da PASO, o mercado financeiro se “agitou”, queda abrupta nas bolsas (não só da Argentina) e disparada do Dólar que bateu a marca dos 60 Pesos. A reação do rentismo demonstra uma clara chantagem sobre Alberto Fernández e o Kirchnerismo, no sentido que reafirmem sua posição já expressa de manter o acordo com FMI e todo o cronograma macrista de “arrocho fiscal”. Fernández, um neoliberal confesso, não se fez de rogado e já declarou hoje na grande mídia que assume a responsabilidade de co-governar com Macri levando integralmente a frente o “ajuste” acertado com o imperialismo. Para a burguesia nacional ficou claro a necessidade de mudar de “gerente” estatal, diante de uma profunda crise capitalista que paralisa os vetores econômicos jogando o país em grave recessão mercantil. O delicado momento de uma economia totalmente dependente e estagnada aponta para as classes dominantes a reedição do “pacto social”, exigindo ainda mais sacrifícios do proletariado, mas com a roupagem da conciliação de classes da Frente Popular kirchnerista. A FIT, que com menos de 3% dos votos não pode comemorar o “sucesso” de sua política reformista até à medula, não abre mão de seguir firme no eleitoralismo febril, convocando a colher mais votos para ao menos manter sua banca no Congresso: “En ese marco creo que esta elección de la izquierda nos ubica con una fuerte presencia en la vida política nacional. Por eso necesitamos fortalecer al Frente de Izquierda Unidad, con más bancas en el Congreso y las legislaturas” (12/08 site do PTS). O cretinismo parlamentar da esquerda revisionista sequer consegue conceber a necessidade de uma imediata ação enérgica das massas diante do aprofundamento da crise após o resultado das PASO, com a instabilidade financeira que deverá durar até a posse de Alberto Fernández em 2020, a “conta” recairá nas costas da classe operária com o incremento das demissões e deterioração das condições de vida da população. Porém no horizonte programático da FIT não exista a possibilidade da revolução socialista, somente há demagogia eleitoral com frases contra o “regime do FMI”, e logicamente sem mencionar que este regime político é apenas a forma temporal que assume o Estado Burguês, é este que tem que ser derrubado de forma revolucionária pelo proletariado. Chama atenção que umas das correntes que faz parte da FIT, a Tendência pública do PO, tenha lançado um balanço das PASO onde crítica suavemente, sem nominar especificamente algum grupo, o “eleitoralismo da esquerda”. Ocorre que o tradicional e histórico “catastrofismo” verbalizado por Jorge Altamira carece de qualquer conteúdo Leninista, ou seja, anuncia o “hecatombe capitalista” sem estar associado às consignas de preparação da tomada de poder pelo proletariado. Para o grupo de Altamira a convocação de uma “Assembleia Constituinte”, resolverá a questão do poder político, e não a instauração Ditadura do Proletariado, uma palavra de ordem necessária frente à iminente bancarrota do governo burguês de “plantão”. No fundo a realização de uma Assembleia Constituinte é mais uma opção do cardápio da crise capitalista, na senda de um reordenamento jurídico do regime vigente, está muito longe de representar a conquista do poder político de Estado pelo proletariado. Sem uma alternativa de direção revolucionária na Argentina, as massas ficarão à mercê da demagogia kirchnerista, atacada pela FIT em seus aspectos eleitorais e de “submissão ao FMI”, entretanto nunca sob a ótica da revolução socialista e da preparação soviética das massas para cumprir esta missão histórica.