“ENTREGANDO O OURO AO BANDIDO”: GUSTAVO PETRO PROPÕE AOS EUA
CRIAÇÃO DE UMA FORÇA MILITAR INTERNACIONAL AMAZÔNICA
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em entrevista recente, deu informações sobre entendimentos mantidos com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e com os EUA para, “em vista da importância da crise climática, ter ajuda na região da Floresta Amazônica”. Disse que “tinha conseguido alcançar importantes objetivos com os EUA e a Otan”. “Com os EUA, o que estou tentando é levar o diálogo para outras áreas, além do combate às drogas, que fracassou.” “Foi criada a primeira unidade militar, com 12 helicópteros Black Hawk, mais de polícia do que militar, para ajudar a combater as queimadas na Amazônia.” “Será uma mudança completa no que a ajuda militar dos EUA tem sido até aqui. É uma grande conquista. Já há três helicópteros em ação. Vou continuar nesta linha porque me parece que neste caminho podemos construir um diálogo muito mais positivo com os EUA.” Por outro lado, Petro mencionou que “o objetivo das conversas com a Otan, da qual somos parte, é trazer a Organização do Tratado do Atlântico Norte para cuidar da Floresta Amazônica, para emprestar colaboração tecnológica”. Em resumo, trata-se de entregar o “ouro ao bandido”, ou seja, ao imperialismo ianque!
A movimentação para o controle internacional da Amazônia
pela Governança Global do Capital Financeiro atua rapidamente. Essa operação
mundial de exploração e roubo tem por trás grandes empresas imperialistas que
desejam controlar integralmente a floresta. O Blog da LBI denuncia e conhece
muito bem os interesses econômicos e ações criminosas de madeireiras e
garimpeiros na região, porém os interesses do imperialismo ianque na Amazônia
são bem mais profundos e afetam a própria soberania nacional do nosso país e de
todo o continente! Neste marco, a eleição de Petro e Lula apoiada pelos
Democratas e amplamente comemorada pela Casa Branca, põem em marcha uma
operação de grande envergadura pelo controle estratégico da Amazônia pelo
imperialismo!
A Colômbia mantém, desde 2015, um acordo de cooperação com a Otan no tocante a segurança eletrônica, marítima, crime organizado e terrorismo. A Colômbia é o único parceiro global latino-americano da Otan e o primeiro país sul-americano a concluir um acordo de cooperação com a organização.
A aproximação com a Otan naquela época, por influência dos
EUA, pode ser atribuída à presença da Rússia e da China na Venezuela e às
tensões ideológicas e políticas com o vizinho, cuja relação está hoje
normalizada. Por outro lado, Joe Biden, no dia 21 de setembro passado, em
comunicação à presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, formalizou a
designação da Colômbia como um aliado estratégico fora da Otan. Em comunicado
divulgado pela Casa Branca, Biden afirma que essa designação é “um
reconhecimento da importância da relação entre os EUA e a Colômbia e das contribuições
cruciais da Colômbia para a segurança regional e internacional”. “A Colômbia é
a pedra angular de nossos esforços compartilhados para construir um hemisfério
próspero, seguro e democrático.” O status de “aliado importante não pertencente
à Otan” é concedido pelos EUA a 18 países, com benefícios em questões militares
e comerciais, inclusive a Argentina, desde 1998, e o Brasil, desde 2019,
incluído por Donald Trump, até agora os únicos latino-americanos.
A iniciativa colombiana de chamar a Otan e os EUA para ter
presença na Amazônia é de extrema gravidade por suas possíveis implicações
estratégicas, ambientais, políticas e de defesa.
O novo conceito estratégico da Aliança Atlântica definido em 2010 ampliou o escopo e o raio de atuação da aliança – não mais restrito ao teatro europeu, como ocorre hoje no conflito na Ucrânia e no Indo-pacífico. Uma interpretação literal desse conceito indica que a Otan passaria a poder intervir em qualquer parte do mundo, inclusive no Atlântico Sul, para defender os interesses dos países-membros em áreas como agressões ao meio ambiente, antiterrorismo, ações humanitárias, tráfico de drogas, “ameaças à democracia”, entre outras.
A internacionalização da Amazônia e a criação de bases militares de países de fora da região em países vizinhos, são ambas possibilidades presentes na evolução futura da posição da Colômbia. Sem falar na perspectiva de aumento das tensões em nossa fronteira, pela presença da China e da Rússia na Venezuela.
A proposta foi feita durante uma reunião com a chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, general Laura J. Richardson, realizada em Bogotá em 7 de setembro. Segundo a agência Infobae (08/09/2022), a imprensa não teve acesso ao encontro, mas Petro revelou depois os assuntos tratados, que incluíram a colaboração na política antidrogas e a criação da força militar amazônica. De acordo com ele, a força teria o objetivo central de combater os incêndios cada vez mais frequentes no bioma, representando um problema de segurança que envolve toda a humanidade.
“Propus à general a construção de uma força, que, segundo me
disse ela, teria um esboço no Brasil (sic), uma força militar com helicópteros
etc, mas destinada a apagar os incêndios da floresta amazônica, que hoje é o
principal problema de segurança da humanidade”, disse o mandatário.
“O nosso rival está nessas chamas que podem queimar a floresta. E a melhor mensagem que uma colaboração militar entre os EUA e a Colômbia poderia transmitir ao mundo é precisamente que não se queime, e que estabelecemos os mecanismos econômicos e sociais, por um lado, e os mecanismos militares e operativos, do outro, para impedir a queima da floresta amazônica”, completou.
Uma iniciativa do gênero é tudo de que os EUA necessitam para fincar uma presença militar na Amazônia, além dos assessores que mantêm na Colômbia como parte da colaboração antidrogas.