NOS 84 ANOS DE SUA MORTE: A LUCIDEZ DO PROGNÓSTICO DE LEON TROTSKY SOBRE A QUESTÃO UCRANIANA
Trotsky defendeu a formação de uma Ucrânia socialista independente, no período histórico da formação das repúblicas soviéticas que integraram o antigo império tsarista russo. Nosso Chefe Bolchevique rejeitou com total desprezo todas as pseudo “teorias” de que a independência ucraniana, em qualquer sentido politicamente progressista, poderia ser alcançada plenamente em uma base capitalista, na forma de uma semi-colônia do imperialismo, como hoje se configura, desde a destruição da URSS.
Assim definia Trotsky os parâmetros revolucionários da autonomia nacional ucraniana: “A Ucrânia é especialmente rica e experiente em falsos caminhos de luta pela sua emancipação nacional. Aqui tudo foi tentado: a Rada pequeno-burguesa, e Skoropadski, e Petlura, e a aliança com os Hohenzollerns e combinações com a Entente. Depois de todos esses experimentos, apenas cadáveres políticos podem continuar a depositar esperança em uma das frações da burguesia ucraniana como líder da luta nacional pela emancipação. O proletariado e somente o proletariado ucraniano pode reunir em torno de si as massas camponesas e a intelectualidade nacional genuinamente revolucionária”, (A Questão Ucraniana, 1939).
Trotsky reconheceu a legitimidade do esforço das massas ucranianas pela autodeterminação nacional. A formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas pelo Estado Operário em 1922, sob a direção de Lenin e Trotsky, também necessitava de um forte “cinturão de proteção” para Moscou. A Declaração de União e o Tratado de União, datados de 30 de dezembro de 1922, definiram a URSS como “Uma união voluntária de povos iguais”, cuja formação provaria ser “Um passo decisivo em direção à união dos trabalhadores de todos os países em uma Federação Soviética Socialista Mundial”.
Atualmente a guerra imperialista por procuração na Ucrânia contra a Rússia é justificada pela propaganda revisionista em sua forma mais degradada. Os intelectuais picaretas da academia capitalista, completamente ignorantes da história, funcionam como estenógrafos públicos das agências imperialistas de “inteligência”. Não se cansam de falsificar a correta defesa histórica feita por Trotsky (e também por Lenin), da necessidade de criar as repúblicas socialistas independentes, para dar um “corpo real” ao nascimento da URSS.
A grande maioria dos acadêmicos corrompidos pelo regime da democracia burguesa, mesmo aqueles que estudaram a história da Ucrânia e da Rússia, se alinharam à histeria pró-guerra otanista, deformando os escritos de Trotsky sobre a necessidade de uma fictícia “nacionalidade particular e independente” para os povos eslavos, absolutizando essa justa reivindicação acima da correlação de forças entre as classes sociais no cenário mundial.
Esses falsos intelectuais e revisionistas são incapazes de demonstrar a consistência do pensamento marxista sobre a questão das nacionalidades. Não melhores e provavelmente muito piores são os quadros das organizações reformistas que se apresentam como “socialistas” e até mesmo “revolucionários”, pois oferecem justificativas enganosas não apenas para as operações imperialistas na Ucrânia, mas também para seus preparativos para a guerra contra a Rússia.
Trotsky, em seu tempo, não se absteve de expressar seu desprezo pelos intelectuais desmoralizados e desonestos da classe média que capitularam diante da reação política do imperialismo. Sua intransigência política estava enraizada em uma profunda compreensão dos processos históricos e na confiança no potencial revolucionário da classe operária. “A reação ideológica mundial assumiu, sem dúvida, proporções monstruosas hoje em dia”, escreveu Trotsky na véspera da Segunda Guerra Mundial.
Essas palavras reverberam em nossos próprios tempos, no seio das genuínas organizações Trotskistas, oitenta e quatro anos após seu assassinato. Trotsky, um gigante na história do último século, continua sendo uma imensa presença teórica e política nas lutas revolucionárias do século XXI.