O 14J encerrou o dia de ontem com massivos atos noturnos nas
cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, enfrentando mais uma vez a
brutalidade da polícia militar dos respectivos estados. Milhares de
ativistas da juventude e também uma parcela de trabalhadores demonstraram o
veemente repúdio a desastrosa proposta da (contra)reforma da Previdência, que
desgraçadamente vem sendo apoiada (em sua versão “light” do “Centrão”) pelas
principais lideranças da Frente Popular e os governadores da “esquerda” (PT, PDT,
PSB e PCdoB). Porém, como nós da LBI já caracterizamos em um balanço anterior,
o 14J passou bem distante de uma verdadeira greve geral que paralisasse os
principais ramos de produção e serviços do país. A vanguarda militante do 14J
concentrou-se mais uma vez na juventude e nos trabalhadores de educação
gravemente atingidos pelo draconiano ajuste neoliberal levado a cabo pelo
governo neofascista de Bolsonaro. É verdade que houveram algumas manifestações
da classe operária, como no ABC paulista que cruzaram os braços por algumas
horas, mas que não podem ser configuradas como uma greve de produção. O setor
de transportes, como metroviários e rodoviários, também ensejou uma
contribuição importante ao 14J, passando por cima de suas direções sindicais
vacilantes ou até mesmo pelegas. Mais uma vez a tão decantada “unidade” com os
traidores contumazes da Força Sindical, UGT e burocratas deste “gênero”
revelou-se uma grande fraude política, estes tradicionais pelegos recuaram de
todos os chamados para paralisar suas bases e até orientaram na véspera o
boicote ao 14J. Porém a ação política mais eficaz para debilitar a greve geral,
veio mesmo da CUT e da direção do PT, que comemorou o relatório da Comissão
Especial da Previdência na Câmara como um “grande avanço”, seguindo obviamente
a orientação dos governos da chamada “oposição”. Neste compasso de colaboração
de classes, os burocratas da CUT utilizaram as manifestações do 14J como
instrumento de barganha parlamentar com o “Centrão”, que segundo a mídia teria
rompido as determinações da equipe econômica de Paulo Guedes ao retirar o
regime de capitalização, BPC e aposentadoria rural do projeto governista. Mas
não foram só as lideranças do PT e PCdoB que escandalosamente comemoram os
“avanços” do Centrão, também os dirigentes do PSOL (inclusive suas alas de
“esquerda”) consideraram uma “vitória” a apresentação do relatório no
Congresso: “Também na véspera da Greve Geral, o relator da reforma da
Previdência na Câmara dos Deputados, o tucano paulista Samuel Moreira, leu seu
relatório na comissão especial. Nele, vemos um recuo em pontos da proposta do governo Bolsonaro" (Editorial da Esquerda Online, Resistência). Lançada a
confusão política e desmobilização distracionista, foi patente que segmentos
importantes do proletariado não poderiam aderir integralmente a uma greve geral
de “lobby parlamentar”. Sem dúvida alguma perdeu-se uma enorme chance de
encestar um duro golpe no “cambaleante” governo fascista, imerso a profundas
crises internas e bombardeado diariamente com o escândalo da “Vaza Jato”. Com
esta plataforma política da Frente Popular deve ficar absolutamente cristalino
que o movimento operário e popular não conseguirá derrotar e enterrar esta
(contra) reforma da Previdência, no máximo conseguirá “melhorar” o sinistro projeto
do rentista Paulo Guedes, mantendo as linhas fundamentais da destruição da
Previdência Pública em nosso país. É necessário denunciar as limitações da
esquerda reformista (PT, PCdoB, PSOL e PSTU) que canta a “grande vitória” do
14J com sua aliança com o “Centrão”, organizando a vanguarda classista na
preparação de uma verdadeira greve geral que paralise a produção industrial do
país!