ENQUANTO PSTU, PSOL E O PRÓPRIO PT FAZIAM APOLOGIA DO
“COMBATE A CORRUPÇÃO” DA LAVA JATO, A LBI AFIRMAVA O SEGUINTE HÁ QUATRO ANOS
ATRÁS:
LAVA JATO NÃO É UMA OPERAÇÃO ANTICAPITALISTA E NEM PRETENDE
FAZER JUSTIÇA CONTRA GRANDES BURGUESES, SEU OBJETIVO É FAVORECER OLIGOPÓLIOS
IMPERIALISTAS CRIMINALIZANDO O PT
(Artigo publicado em junho de 2015)
A prisão dos presidentes das duas maiores empreiteiras do
país (Odebrecht e Andrade Gutierrez), cumprindo um mandado do juiz Sergio Moro
comandante da operação "Lava Jato" (LJ), pode ter despertado nos mais
incautos uma sensação de que finalmente uma "justiça de classe" tenha
ocorrido contra burgueses de grosso calibre pela primeira vez no Brasil. Afinal
a nova fase da operação LJ foi batizada de "erga omnes" em uma falsa
referência à igualdade entre os homens. As duas empreiteiras juntas totalizam
negócios de mais de trinta bilhões de Reais junto a Petrobras, além da formação
de Joint Ventures com a estatal. Não somos ingênuos ao ponto de acreditarmos
que os dois maiores oligopólios da construção pesada no país, não construíram
seus impérios às custas de um envolvimento econômico estreito com o Estado burguês
ao longo dos últimos cinquenta anos. Esta relação onde o Estado capitalista é o
principal indutor da chamada iniciativa privada é marcada por corrupção
endêmica, favorecendo financeiramente os gestores públicos e potenciado os
lucros dos empresários. Este "fenômeno" sistêmico do modo de produção
capitalista não é produto da "desonestidade" de certos dirigentes
corruptos, é generalizado a todas as empresas privadas que negociam produtos ou
serviços com o regime burguês. Portanto a conduta corrupta dos acionistas e
executivos que controlam as grandes empreiteiras no país é exatamente a mesma
de uma pequena empresa que fornece lápis ou cadernos escolares para um
prefeitura no interior do Brasil, a única diferença são as dimensões das
cifras... que no caso específico da Lava Jato são gigantescas. Porém as grandes
empreiteiras nacionais são as responsáveis pelo conjunto das obras da
infraestrutura do país, além de participarem de empreendimentos em serviços e
industriais em vários ramos da economia, em parceria com o governo federal. Por
força de uma imposição legal os trustes internacionais não podem integrar
licitações do setor público, a não ser em casos muito específicos, a existência
desta "reserva de mercado" para as grandes empreiteiras brasileiras
têm causado a fúria de apologistas do neoliberalismo, dentro e fora das
fronteiras nacionais. Também no interior do campo do governo petista existem
fortes pressões para a quebra da reserva de mercado, como a defesa feita pelo
ministro Levy para que empresas ianques participassem como protagonistas nos
projetos de privatização em curso. A desestruturação do cartel das gigantes da
construção pesada nacional abriria um mercado no Brasil de mais de 20 trilhões
de Reais para oligopólios imperialistas do mesmo ramo. Não precisa ser muito
esperto para concluir que os interesses em jogo na "espetaculosa"
operação LJ vão bem mais além do que o combate a corrupção estatal, posto que
processos escandalosos como a privataria tucana ou mais recentemente a bilionária
sonegação fiscal de grandes corporações sequer despertam interesse por parte
dos paladinos da ética. Mas não se trata apenas de debilitar os "impérios
" da infraestrutura do país, é necessário criminalizar os que defendem a
manutenção do atual "modelo ", considerado "fechado e
arcaico" pelos chefes da LJ, estamos falando é claro das lideranças do PT
consideradas como os vilões da nação. É certo que os dirigentes petistas
enveredaram por uma trilha de colaboração de classes com os grandes
empreiteiros, que passaram a financiar o partido, porém esta
"parceria" não é exclusividade do PT, mas porque será que somente a
esquerda socialdemocrata está sendo criminalizada? Por acaso os tucanos não
praticam há muito mais tempo o "esporte do pocker político" com a
burguesia? A questão fulcral neste debate é a blindagem recebida pelo PSDB por
parte do imperialismo, interessado na quebra das empreiteiras nacionais e de
roldão na desmoralização política do PT que tem levado estas empresas a
conquistar novos mercados no exterior. A nova fase da LJ, levando para a cadeia
(mesmo que provisoriamente) figuras emblemáticas das classes dominantes, como
Marcelo Odebrecht, coloca o PT em alerta vermelho, Lula era considerado o
"padrinho" das empreiteiras nacionais, sob seu governo ampliaram suas
intervenções na África, Ásia e América Latina atraindo o ódio da Casa Branca.
Veremos quais serão os próximos alvos da LJ, tendo a convicção de que nenhuma
iniciativa institucional surgida das entranhas desta república capitalista porá
fim a corrupção estrutural que permeia o Estado burguês.
Uma prova evidente de que Moro deseja favorecer os
oligopólios imperialistas é o despacho em que ordenou a prisão dos presidentes
da Odebrecht e Andrade Gutierrez. Nele, o chefe da “República de Curitiba”
afirma “As empreiteiras não foram proibidas de contratar com outras entidades
da administração pública direta ou indireta e, mesmo em relação ao recente
programa de concessões lançado pelo governo federal, agentes do Poder Executivo
afirmaram publicamente que elas poderão dele participar, gerando risco de
reiteração das práticas corruptas, ainda que em outro âmbito”. Aqui fica claro
que o objetivo central de Moro é quebrar as empreiteiras nacionais como
primeiro passo para paralisar as obras estatais do país. O objetivo posterior
da Casa Branca a quem serve Moro é fazer aprovar neste Congresso corrupto a
eliminação das restrições legais para que mega construtoras norte-americanas
possam ter acesso a licitação das obras públicas e participar dos projetos das
estatais brasileiras, principalmente na área de energia. Medidas similares já
foram adotadas pelos parlamentos do Chile e México, para liberar o
"trabalho" das empreiteiras ianques. Nestes dois países considerados
como paraísos para a iniciativa neoliberal, as construtoras locais foram
simplesmente eliminadas do mercado para ceder espaço aos trustes imperialistas.
Os arautos da "livre concorrência" internacional irão afirmar que
nossas empreiteiras são todas corruptas (pura verdade!) e que é justo que seus
executivos estejam presos pela "LJ". O justiceiro da "República
do Paraná" pretende falir grande parte das empresas para depois
desmoralizar os dirigentes petistas e no próximo período atacar Lula
diretamente, como exige a fascistoide Veja.
É natural que sob um bombardeio midiático setores da
população acabem apoiando a prisão de empreiteiros, com a maquiagem de uma
inédita medida contra "barões" que ostentam um patrimônio bilionário
às custas de seus negócios a décadas com o Estado Brasileiro. Porém o fulcro da
operação LJ passa bem longe da ética e moralização do "erário
público", muito menos é uma operação anticapitalista e pretende fazer
justiça contra grandes burgueses. Se Moro estivesse disposto a
"caçar" corruptos começaria com o governador do seu próprio estado,
seu amigo íntimo Beto Richa e o tucanato. A "caça às bruxas" de Moro
está orientada contra as liberdades democráticas e mais cedo do que tarde se
deslocará dos empreiteiros para os quadros da esquerda. Mas nem mesmo o novo
"moralizador" da vida nacional (que entrou em cena para substituir o
farsante Joaquim Barbosa) tem como "inimigo central " a presidenta
Dilma, parece mesmo que busca incriminar figuras importantes do PT e a própria
liderança maior de Lula, que deve ser tirado do caminho a todo custo para
deixar a "trilha limpa" dos Tucanos em 2018. PSOL e PSTU tendem a
agir como como linha auxiliar da direita “sonhando” que desta crise política
com o PT e Lula tirem futuramente algum dividendo eleitoral. Esses cretinos de
“esquerda” negam-se a compreender que estamos vendo uma ofensiva “moralizadora”
contra Lula e o PT não porque eles fizeram negociatas que beneficiaram empresas
e grupos capitalistas, “degenerando-se”. Pelo contrário, a classe dominante
prepara justamente o descarte de seus “intermediários” da frente popular e de
sua política de colaboração de classes para entronar no Planalto um governo de
corte bem mais conservador, encabeçado por figuras nefastas como Moro, Alckmin,
Joaquim Barbosa, Marina... como exige o imperialismo em função do andar da
crise financeira internacional. Para o proletariado, que acompanha passivo e
como mero espectador a fratricida disputa burguesa exposta na TV e nos jornais,
é necessário tirar as lições desta guerra de quadrilhas burguesas. Longe de
apoiar a sanha reacionária contra seus serviçais petistas, o ativismo classista
deve construir nos locais de trabalho e estudo a resistência operária e popular
aos ataques neoliberais em curso, denunciando a covardia do PT. A superação da
frente popular passa necessariamente por construir uma alternativa
revolucionária e classista que desde já denuncie abertamente a atual sanha
reacionária orquestrada pela mídia murdochiana e a direita reacionária e não o
contrário como vergonhosamente vem fazendo a “oposicão de esquerda” desde o
chamado Mensalão e repetem esta conduta na LJ.
Sabemos bem que Lula, Dilma e este governo de colaboração de
classes são covardes e cúmplices diante da ofensiva direitista, entregando o
comando da economia do país a um representante direto do capital financeiro
internacional. Por isso mesmo são incapazes de esboçar sequer uma defesa de
seus próprios companheiros. Talvez agora com o ataque direto a Lula por parte
de Moro, o PT seja obrigado a tomar alguma medida defensiva, inclusive
acionando seus “aliados” dentro do PMDB, como Renan Calheiros e Michel Temer,
que tem negócios com as empreiteiras em conjunto com os petistas. Mesmo sabendo
que este caminho coloca o PT ainda mais refém de seus parceiros burgueses,
nossa trincheira é inflexível e nunca estabeleceremos nenhum “bloco político”
com o imperialismo em nome do combate a corrupção estatal. Combater o embuste
da LJ representa neste momento unificar na mesma pauta programática a luta
contra a ofensiva neoliberal que pretende subtrair nossos direitos sociais e
políticos, tarefa que deve ser combinada com a defesa incondicional de todos os
militantes políticos da esquerda que se postam no campo nacional, democrático e
popular, inclusive Lula. A vanguarda classista deve abstrair todas as lições programáticas
destes episódios e jamais empunhar a bandeira da “ética e moralidade pública”
como fazem os cretinos revisionistas do PSOL e PSTU. Como afirmou Lenin, o
Estado burguês não pode ser “democratizado” ou tornar-se “público”, deve ser
demolido pela ação violenta e revolucionária da classe operária. A corrupção
não é um fenômeno episódico no regime capitalista, faz parte dos seus próprios
mecanismos de acumulação privada de mais-valor. Somente a imposição de outra
ditadura de classe, desta vez de caráter proletário, será capaz de iniciar a
construção de uma nova sociedade e para alcançar esse objetivo estratégico é
preciso edificar um partido operário revolucionário em nosso país.