terça-feira, 4 de junho de 2019

MARCO QUEIROZ, DIRIGENTE DA LBI, COMPLETA TRÊS DÉCADAS DE MILITÂNCIA TROTSKISTA ORTODOXA: MANTER FIRME O COMBATE PELA RECONSTRUÇÃO DA QUARTA INTERNACIONAL!


Peço licença aos leitores do Blog da LBI, nosso porta-voz militante que cobre de maneira vigorosa a conjuntura nacional e internacional defendendo o Marxismo Leninismo, para nesta postagem de caráter “pessoal” celebrar com nossos militantes, apoiadores e amigos os meus 30 anos de militância comunista. Neste 04 de junho completo 46 anos de vida, três décadas dedicadas integralmente a militância revolucionária profissional. Favor não confundir com militância remunerada, fui formado em uma época em que os militantes mantinham o partido com sua contribuição financeira e não eram parasitas dos aparatos sindicais ou do fundo partidário voltado a alimentar a democracia burguesa, como é comum hoje na “esquerda” domesticada. Tudo começou em meados do ano de 1989, minha incipiente militância ativista no movimento estudantil no Ceará foi ao encontro de uma organização política comunista centralizada, então Causa Operária (OQI). Na época, PLP, CS e a própria Causa Operária faziam parte de meu horizonte político de engajamento orgânico, em um quadro de ebulição política e sindical, produto da crise terminal do governo Sarney e das primeiras eleições presidenciais após a ditadura militar. Todo o ativismo estudantil e sindical classista migrou em apoio à candidatura Lula, o grosso de forma acrítica. Naquele momento somente Causa Operária e, em menor grau o PLP (oriundo do Prestismo) faziam críticas a linha programática da direção nacional do PT na disputa eleitoral que pregava as alianças burguesas com PSDB e PDT no segundo turno para derrotar Collor. Tanto que as duas correntes formaram os chamados “Comitês Anticapitalistas” os quais levaram adiante uma campanha eleitoral própria, independente do programa de colaboração de classes da Articulação e seus satélites petistas, para não falar do PCdoB, que de “fiscal do Sarney” passou a defensor da “Unidade popular” em torna da chapa Lula-Bisol, do PSB de Miguel Arraes.


Eleito diretor da UMES de Fortaleza em Congresso realizado no lastro da greve nas escolas particulares em 1989, logo a militância política bolchevique ganhou peso em minha vida juvenil de um “garoto” de 16 anos, forjando ao longo dos anos um quadro comunista na maturidade que vem evoluindo até hoje, apesar de todas as sérias dificuldades da vida e da conjuntura. Não podemos esquecer que em 1989 caiu o Muro de Berlim pela via da contrarrevolução “democrática” e, logo depois em 1991, a URSS veio abaixo com o contragolpe de agosto encabeçado por Yeltsin com o apoio do imperialismo ianque. Esses funestos acontecimentos históricos abriram uma etapa de forte reação ideológica que hoje sentimentos com toda força no mundo (ascensão do neonazismo, retrocesso cultural) e no Brasil do fascista Bolsonaro. Foi justamente a restauração capitalista dos antigos estados operários burocratizado que abriu no seio de nossa militância na OQI diferenças profundas com a direção de Causa Operária e com o Partido Obrero argentino. Essas correntes revisionistas que à época formavam uma espécie de federação menchevique, hoje rompidas por meras questões de aparato, prestígio e disputas financeiras, defendiam unidas que era necessário apoiar as “revoluções políticas no Leste Europeu e na União Soviética”. Foram anos maturando essa posição internacionalista e fazendo uma dura crítica ao regime burocrático de partido imposto por Rui Costa Pimenta no interior de Causa Operária que levaram a ruptura do núcleo fundacional da LBI em junho de 1995, tornada pública no Congresso da UNE.


Antes, na condição de presidente do DCE da Universidade do Estado do Ceará eleito em 1994 em uma chapa formada pela Juventude Avançar na Luta (precursora da LBI) combatendo o governo Itamar Franco e como dirigente trotskista adolescente em formação, fomos formulando ao lado dos camaradas mais experientes, como Cândido Alvarez e Hyrlanda Moreira (CC de Causa Operária) o programa defensista revolucionário que hoje é uma marca principista de nossa corrente política ortodoxa. Não posso deixar de registrar que nos influenciou muito nesse período, apesar das profundas diferenças programáticas posteriores, as posições da Liga Espartaquista norte-americana (LCI) contra a stalinofobia dos ramos trotskistas mundiais, em especial o Morenismo e o Lambertismo. As discussões em torno do livro “Em Defesa do Marxismo” de Trotsky e o estudo das polêmicas no interior da IV Internacional e do SWP norte-americano na década de 30 forjaram uma concepção fundamental em nossos cérebros: a defesa incondicional dos Estados operários, mesmo burocratizados (Fração Reiss), diante do imperialismo e seus agentes internos restauracionistas (Fração Butenko). Não por acaso somos conhecidos como os maiores defensores de Cuba e da Coreia do Norte no campo do Trotskismo, sem abrir não de nossa crítica a burocracia castro-stalinista.


A luta por consolidar a LBI a nível nacional nos levou a quase todos estados do país na metade da década de 90 e durante os anos 2000, até a fixação de nossa direção nacional em São Paulo, no chamado “coração da luta de classes”. Era necessário consolidar um núcleo bolchevique de quadros profissionais para desenvolver a propaganda e a agitação revolucionária. E assim foi feito, não sem sacrifícios pois somos uma pequena organização política que enfrentou as gerências neoliberais de FHC e depois as gestões frente populistas de Lula e Dilma! Combater o PT e não se corromper materialmente diante da cooptação dos quadros pelo aparato dos governos de colaboração de classes foi um desafio enorme, muitos “ortodoxos comunistas” se venderam ou se quebraram pelo caminho mas a direção da LBI e seus militantes mais testados souberam manter-se firme na linha da independência de classe! Fizemos várias portas de fábricas, cobrimos greves operárias na Volks e Ford, atuamos vivamente nos combates de nossa classe e da juventude! Em 2014 fui preso no rastro da repressão e do recrudescimento imposto pelo regime político e seus governos (Alckmin e Dilma) contra os lutadores e a serviço da mafiosa FIFA! Nesse processo intervimos na CUT até a sua transformação em uma autarquia paraestatal dos governos da Frente Popular. Fundamos posteriormente a Conlutas, que acabou desgraçadamente adotando a linha pró-imperialista do PSTU na Líbia por exemplo, o que nos forçou a sair anos depois desse aparato contrarrevolucionário. Hoje atuamos na TRS para construir um pólo alternativa de luta dos trabalhadores!

Ficou marcada em minha memória, além do combate pela esquerda aos governos petistas sem fazer nenhum tipo de aliança “tática” com a reação burguesa (como fizemos contra o golpe institucional em 2016) a campanha heroica que desenvolvemos em defesa da Líbia contra a agressão da OTAN. Enquanto todo o arco revisionista saldava a chamada “Primavera Árabe” e a morte de Kafaffi pelas mãos dos “rebeldes”, fizemos uma brava luta denunciando a farsa em curso montada pela Casa Branca com o apoio da socialdemocracia e dos revisionistas do trotskismo. Essa posição nos legou prumo firme diante das investidas recentes na Ucrânia, Síria, Irã, Nicarágua e Venezuela.
Atualmente estamos em meio a uma etapa mundial profundamente reacionária, reflexo direto do fim da URSS. Na última duas décadas, os governos da centro-esquerda burguesa pavimentaram o caminho da reação fascista planetária. Por seu turno, as correntes que se reivindicam da IV Internacional se fragmentaram e retrocederam ao ponto de serem um completo apêndices da socialdemocracia, como os grupos revisionistas que pululam pelo PSOL no Brasil. Vale registrar que Causa Operária, que até meados dos anos 2000 ainda mantinha um combate formal à Frente Popular, hoje encontra-se completamente corrompida, não passa de uma sublegenda do petismo, confirmando os prognósticos que fizemos em documentos internos na década de 90 que levaram a nossa ruptura com a OQI.
No curso de meu combate militante, nesses 30 anos de luta política e ideológica, apesar de todas as dificuldades, dos altos e baixos, foi a defesa do partido centralizado como expressão concreta do Leninismo que fez manter-me firme nessa trincheira de resistência. A vida dramática de Trotsky (e suas batalhas finais no México) é para mim um exemplo de que os revolucionários, mesmo isolados, precisam manter a fé na revolução socialista, intervir ativamente na luta de classes. A firmeza de Lênin na condução do partido é outra lição permanente para os quadros forjados em um mundo que gira à direita e caminha para a barbárie, caso não construamos uma alternativa revolucionário dos trabalhadores no próximo período. Nesse labor a defesa da Ditadura do Proletariado como instrumento revolucionário na transição entre o Estado Operário e o Socialismo, em escala mundial, é uma necessidade histórica que não podemos abrir mão!


Finalizo essas breves linhas, que obviamente não podem refletir com toda a riqueza as experiências que vivi ao longo dessas três décadas de militância e de 46 anos de vida, registrando que nos últimos 14 anos tenho ao meu lado a companheira Cida e, mais recentemente, o pequeno Antônio Cândido de 07 anos que já participa das passeatas integrando a coluna da LBI. Deixo de público um abraço apertado a todos os nossos militantes, simpatizantes e amigos de luta! De um jovem de 16 anos a um homem de 46, mantenho hoje tão viva quanto antes a fé revolucionária no futuro socialista da humanidade, nos ideais de Marx, Engels, Lênin e Trotsky! Sei, entretanto, que atravessaremos tempos mais sombrios no próximo período do que quando iniciei minha militância naquele longínquo ano de 1989. Temos que encarar essa realidade de frente, como nos ensinou Trotsky, com a certeza que “A vida é bela” e lutando para “Que as gerações futuras a limpem de todo o mal, de toda a opressão, de toda a violência, e possam gozá-la plenamente”! Um grande abraço e até a Vitória!