domingo, 30 de junho de 2019

30J MARCA A REDUÇÃO DOS ATOS DA DIREITA: A QUESTÃO NÃO É SÓ CONSTATAR QUE REFLUÍRAM, MAS PORQUE AINDA HÁ ESPAÇO PARA A “CONTRAOFENSIVA” BOLSONARISTA?


Ficou evidente que os atos deste 30 de junho em apoio a Moro, Bolsonaro e todo o esgoto fascista que os acompanha, tiveram uma drástica redução humana e política, se comparados a toda as outras escaladas “domingueiras” da extrema direita desde o final de 2014. O volume dos reacionários “manifestantes” caiu consideravelmente, tanto em termos de participantes quanto territorialmente (o portal G1 estima que, comparadas às manifestações desses setores dia 26 de maio, o número de cidades com manifestações caiu de 156 cidades em 26 estados e no DF para pelo menos 86 cidades e 26 estados mais o DF), entretanto esses setores da extrema direita mostraram alguma capacidade de mobilização do bolsão bolsonarista, fortemente identificado com a famigerada “Lava Jato”, Moro e as (contra)reformas neoliberais. 

O mais importante é identificar o contexto político do 30J, inserido em um momento de crise do governo, colapso econômico do país e desmistificação da “República de Curitiba” por conta das revelações do Intercept. Porém apesar deste cenário nacional abertamente desfavorável ao regime bonapartista, avança a passos largos no Congresso Nacional a destruição da Previdência Pública, além de uma série de medidas de privatização e sucateamento do que restou das empresas estatais em nosso país. Nesta mesma vertente, não nos causou surpresa que mesmo em meio a uma tempestade de denúncias, os círculos fascistas convocassem manifestações em apoio a Lava Jato e Sérgio Moro, que previamente já se sabia que seriam bem reduzidas, mas com o objetivo claro de marcar uma trincheira de retaguarda social. A questão central é que a margem política para a direita manobrar, mesmo em acentuado refluxo, está sendo dada justamente pela oposição burguesa e seus apêndices. 

Já não é segredo mais para ninguém que os governadores da Frente Popular e “associados” trabalham duro para incluir seus estados no projeto de reforma da Previdência do chamado “Centrão”, que possivelmente será votado no parlamento até o final de Julho. Seguindo na mesma trilha política as burocracias sindicais da CUT, CTB e CONLUTAS cancelaram qualquer possibilidade de convocação de uma verdadeira greve geral, ficando muito “satisfeitos” com o arremedo de paralisação nacional ocorrida no último dia 14 de junho. Ainda caminhando na mesma direção de conciliação com o regime, o próprio Intercept adotou a linha da pressão por “conta gotas”, estabelecendo parcerias com a mídia golpista e preservando em sigilo os áudios mais comprometedores de Sérgio Moro e sua quadrilha mafiosa, apelidada de “Força Tarefa”. A falácia demagógica espraiada pela esquerda reformista, de que Bolsonaro e sua trupe fascista já estão “mortos”, e que a tarefa dos movimentos sociais é apenas dar o “tiro de misericórdia” nas próximas eleições, vai se revelando a cada dia como uma estratégia para acumular derrotas e facilitar a ofensiva neoliberal contra as conquistas históricas dos trabalhadores. Esta última domingueira direitista, apesar de configurar a mais debilitada em quase meia década, mostrou um núcleo fascista cada vez mais agressivo e pronto para responder a vacilação política da Frente Popular.