O PSTU defendeu por anos a fio a Operação Lava Jato
comandada pela quadrilha fascista da “República de Curitiba” em nome do combate
a corrupção. “Lula foi denunciado pelo MPF e existe a possibilidade de que seja
preso... Nós defendemos a prisão e expropriação dos bens de todos os corruptos.
E isso significa exigir a prisão de Lula” explicava Eduardo Almeida em novembro
de 2016. Agora “descobriu” com as revelações do Intercept e sem fazer qualquer
autocrítica que “Moro é seletivo e fez conluio com Dallagnol” (Direção Nacional
do PSTU, 10/06/2019). O que propõem os Morenistas diante do conluio revelado
pela operação jurídico-policial que até então defendiam: “É insustentável a
permanência de Sérgio Moro como Ministro da Justiça, e que, no mínimo, ele
deveria renunciar”. Não há no artigo elaborado após as revelações do Intercept a
exigência de prisão para o juiz mafioso e seu parceiro o procurador Dallagnol que
atuaram para prender arbitrariamente Lula, muito menos que Lula seja posto em
liberdade imediatamente. Ao contrário, para o PSTU “Continua não sendo tarefa
da classe trabalhadora e do movimento dizer se Lula é inocente ou culpado. Defendemos
a prisão de todos os políticos e empresários envolvidos em corrupção e o
confisco dos seus bens”. Em resumo, o partido deseja que a “justiça” (burguesa)
prenda todos os corruptos mas “não abre o bico” para exigir que Moro e Deltan
fiquem atrás das grades por se apropriaram ilegalmente de milhões de Reais de
multas impostas em função de “Delações premiadas” e romper as mais elementares
normas do próprio direito burguês para caçar os dirigentes do PT, presos
políticos do próprio regime que ajudam a sustentar! Os Morenistas pedem apenas
angelicalmente que Moro se demita! Pior, defendem que “todos os processos que
tenham passado por Moro e Dallagnol devem ser revistos” mas não defendem a
liberdade de Lula diante dos processos viciados, ou seja, no fundo acreditam
que a justiça burguesa pode levar a cabo a tarefa de moralizar a política
burguesa, bastando se aprimorar, se “revisar”. O mais grave é que para o PSTU o
movimento dos trabalhadores não pode dizer que Lula é “inocente ou culpado”,
caberia essa tarefa a justiça burguesa! Não há novidades nessa conduta
transloucada do PSTU. Lembremos que o PSTU descobriu um caráter progressivo (não
confundir com seletivo!) da operação comandada por Moro/Dellagnol: “A Lava Jato
é produto da imensa crise econômica, social e política que se abateu sobre o
país. Alguns autores a comparam com o Tenentismo, movimento que de alguma
maneira refletia as classes médias descontentes na República Velha e que vieram
depois apoiar a posse de Getúlio Vargas na revolução de 30. De certa forma,
procuradores do MPF etc., refletem a crise e escapam ao controle” (PSTU,10.05.2017). Os
Morenistas chegaram a comparar a Lava Jato com o movimento tenentista que
questionou o domínio das oligarquias reacionárias sobre a política nacional e
deu origem a Coluna Prestes! Comparar o
progressivo movimento dos tenentes ao dos procuradores fascistas da Lava Jato
comandados pelo Juiz Moro é uma prova não só de profunda miopia política, mas
acima de tudo de uma completa ignorância histórica. O tenentismo foi um
movimento político-militar que teve como vanguarda os jovens oficiais de baixa
e média patente do Exército Brasileiro no início da década de 1920 descontentes
com a situação política do Brasil. Propunham reformas na estrutura de poder
burguês do país, entre as quais se destacam: o fim do voto de cabresto,
instituição do voto secreto, a reforma na educação pública e um novo regime
político baseado em um Estado republicano forte apoiado em uma economia
nacionalizada, ou seja, um movimento de caráter progressivo, apesar de
extremamente limitado e pequeno-burguês! Os Tenentes denunciavam a República
Velha dominada por oligarquias, desmoralizada pelas fraudes eleitorais, tomada
pela corrupção administrativa, além de se apresentarem como aliados do povo
explorado e abandonado à sua própria sorte! A Lava Jato e seus “jovens
fascistas” propõem um regime de exceção, apoiado nos setores mais reacionários
da classe média. Sua “Força Tarefa” está a serviço de colocar ainda mais a
economia nacional sob o domínio das empresas imperialistas, tendo como meta
liquidar a Petrobras! A Lava Jato visa abrir caminho para o neoBonapartismo no
Brasil, apoiado em um estado policial, baseado na privilegiada casta jurídica e
militar! Se o tenentismo desembocou na chamada Revolução de 1930 e no fim da
política do Café com Leite, o “Procuradorismo” irá levar o país a um regime de
exceção subordinado ao Amo do Norte, são dois movimentos que caminham em
sentidos contrários! É essa operação urdida nos gabinetes do Pentágono que o
PSTU apoiou em nome do combate a corrupção e agora finge que critica! A
militância do PSTU deve fazer um balanço da política suicida de seu partido,
completamente errática na medida que volta a vegetar na sombra da Frente
Popular, retornado a UNE e formando chapões sindicais com a CUT ao mesmo tempo
que segue como apêndice da direita e do seu falso combate a corrupção, pretexto
que tem como objetivo caçar os dirigentes petistas para melhor aplicar as reformas
neoliberais do tripé Bolsonaro/Guedes/Moro.