Neste mês de junho completou-se 15 anos da ocupação militar
do Haiti, data da chegada das tropas da missão de “paz” da ONU (Minustah)
comandadas pelo governo brasileiro, na época gerenciado pelo presidente Lula do
PT. Nesse período ficou constatado que grandes empresas norte-americanos,
canadenses e franceses exploram a mão de obra haitiana para produção têxtil,
pagando em média R$ 10 por dia nas zonas francas implementadas no país após o
golpe de estado patrocinado pelo imperialismo ianque. As consequências desta
investida neocolonialista são evidentes: a migração em massa dos haitianos que
não suportam essa situação ou a revolta dos que ficam. Para conter essa
insatisfação popular, as tropas de “estabilização” da ONU comandadas pelo
exército do Brasil, e seus altos comandantes que hoje integram o governo
neofascista de Bolsonaro, fizeram o trabalho “sujo” de brutal repressão,
inclusive contra greves operárias e manifestações populares.
A sinistra ‘Internacional Comunitária’, batismo eufemístico
para a coalizão militar imperialista que invadiu o Haiti, promovendo sua
recolonização foi vigorosamente denunciada pelos Marxistas: a ocupação do Haiti
é terceirizada, os países que têm tropas lá são todos periféricos em relação
aos Estados Unidos e ao imperialismo de um modo geral. Países como Argentina,
Bolívia, Uruguai, Paraguai, Chile, Senegal, Burkina Faso, Bangladesh, Iêmen,
etc. Essa terceirização acontece militarmente e economicamente porque as zonas
francas que estão sendo implementadas no Haiti são com empresas de países
periféricos como Coréia do Sul e República Dominicana. A produção, porém, é
destinada ao mercado norte-americano a favor do seu próprio capitalismo”. A
continuidade da ocupação até outubro de 2014 foi aprovada mesmo dias depois que
a própria OIT foi forçada a reconhecer o que todos já sabiam: a existência de
sistema de trabalho forçado de crianças no Haiti. Segundo a OIT, uma em cada 10
crianças haitianas trabalha em regime forçado, o que na prática é um índice bem
mais elevado que este. Com 225 mil crianças que trabalham a custo quase zero
para as empresas transnacionais implantadas no país, o trabalho infantil sem
qualquer direito é uma forma de escravidão moderna capitalista e amplamente
praticado no Haiti, crescendo após o terremoto que matou mais de 200 mil
pessoas na ilha. Estas trabalham em média de 14 horas diárias e em muitos casos
recebem maus tratos, que chegam à exploração sexual pelos próprios soldados da
ONU.
Já se passaram 15 anos, desde o fatídico junho de 2004,
quando as tropas da ONU ocuparam o país depois que o imperialismo ianque
através dos seus marineres impuseram a saída de Aristide via um golpe de estado
e mudam suas marionetes a frente de um governo fantoche. Por isto, os Marxistas
Revolucionários apoiaram a organização da resistência armada haitiana pela
derrota e expulsão das tropas invasoras, inclusive as brasileiras comandadas
pelos governos da Frente Popular, uma vez que a ONU e o imperialismo nunca
cederão aos apelos piedosos “pela retirada das tropas” como prega a esquerda
reformista. Contra a tragédia capitalista incrementada pelo terremoto, cólera,
os estupros e a miséria social é necessário que as massas exploradas da “ilha
negra” organizem a resistência por uma nova expulsão dos colonizadores
responsáveis pela “moderna” escravidão assalariada imposta pelo imperialismo
ianque.